24. MÃES SÃO SÁBIAS

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Preciso ver minha mãe. Primeiro, porque eu preciso ver se ela está com uma aparência saudável, não ganhando ou perdendo peso por causa da instabilidade do açúcar no sangue. Em segundo lugar, porque eu sei que ela vai ter algo sábio a me dizer, algo que vai me ajudar a ver que talvez haja alguma lição positiva a aprender nesta confusão maldita em que eu me meti. Pedi as meninas para virem comigo. Eu preciso de tempo com as meninas, que normalmente me faz sentir melhor. Chá, carboidratos, falar sobre a loja de aromaterapia da Hanna e Emmett, piadas de Kate sobre a loja de departamento, minha mãe me dizendo que ela roubou algum tempo para pintar no quarto que costumava ser meu, e tópicos para a minha coluna. Minha mãe parece perfeitamente estável. Ela me jura que sua insulina está funcionando como um relógio e que ela não teve picos de açúcar no sangue recentemente, nem episódios de hipoglicemia. Ela está desfrutando das novidades das meninas com um sorriso grande, olhos arregalados e que por segundos, ficam maiores e mais amplos.

— Então, e agora ela vai derrubá-lo — Hanna acaba enchendo minha mãe. Minha mãe olha para mim com surpresa, depois ri.

— Oh, mas esses rapazes estão apenas sendo meninos. Eles estão apenas sendo eles mesmos, e certamente não são maus. Christian Grey tem estado se especializando para ser um herói desde que ele nasceu, tendo um diabo como pai!

— Eu não disse que ele era mau — eu rapidamente digo, ansiosa para defendê-lo. — Essa história... É um trabalho, como puxar a cortina de algo, ou revelar algo novo sobre um tópico que as pessoas estão loucas para saber. Eu certamente não vou escrever que ele é mau! — Eu estou na defensiva, então eu faço uma carranca. — Eu não sou assim, mãe, eu só estou tentando fazer o meu trabalho.

— Então, o que você vai dizer? Que ele é um mulherengo? Essas meninas talvez queiram que ele se aproveite delas. Eu sei que eu quis, quando seu pai...

— Pare! — Seus olhos se arregalam com a minha explosão. — Eu preciso escrever esta matéria e você sabe por quê? Porque se eu não fizer isso, eu vou ser demitida e eu não sei como vou sobreviver. E mesmo se eu não for demitida, a Edge está à beira do colapso e dezenas de pessoas vão acabar sem emprego. E isso, mãe, é a minha oportunidade para que você tenha uma casa que goste, para que você possa pintar pelo resto de seus dias e talvez te ajudar. Então eu vou escrever esta matéria porque eu sou uma profissional, e, em seguida, a Edge vai ter uma nova chance e meu trabalho vai me estabilizar ou mesmo me levar a outro nível, e então eu vou te comprar um carro grande e uma grande casa com o dinheiro que entrar e Grey estará em seu iate com uma dúzia de amantes, sem mesmo dar a mínima. — Minha voz quebra e os olhos começam a lacrimejar e Kate e Hanna, que tinham estado ocupadas folheando as revistas da minha mãe, de repente, olham para cima e param. O rosto da minha mãe suaviza.

— Eu não quero uma casa, Anastasia — diz ela, lentamente, colocando a caixa de chá que ela estava tirando de um armário. Uma lágrima vem para o canto do meu olho, e eu limpo.

— Bem, você terá uma. Você merece, mamãe.

— Anastasia, você sente tanto assim a falta de ter um pai? Doeu tanto? — Ela se aproxima e se senta ao meu lado e estende a mão para pegar a minha na sua que é quente e macia.

— Ele não fez falta. Eu tive você — eu asseguro a ela, piscando porque eu nunca, nunca tive uma reação assim.

— Então por que você precisa fazer algo que claramente não está te fazendo bem? — Ela continua, analisando da maneira dela. Outra lágrima, em meu outro olho, escapa. Eu liberto a minha mão da minha mãe e limpo, ciente de Hanna e Kate tão tranquilas, todo mundo tão tranquilo, exceto eu, respirando rápido, tentando duramente não chorar, apesar destas míseras pequenas fungadas.

Santo ou Pecador {Completa}Onde histórias criam vida. Descubra agora