Santo ou Pecador {Completa}

34. Trabalho e Escrita

Eu estou com apenas três horas de sono, mas estou determinada a fazer algo de bom do meu dia, na manhã seguinte. Eu até sorrio para alguns estranhos quando eu saio do táxi, entrando nos elevadores do prédio e caminhando até a Edge. Eu bato papo com alguns colegas quando nós começamos a tomar um café, ligo para a minha mãe para dizer bom dia, respondo alguns e-mails das minhas fontes. Mas há ainda aquela minúscula dor pequena no meu corpo. Eu ainda procuro os olhos cinzentos sempre que eu olho para... Qualquer coisa, na verdade. Eu vejo uma boca com lábios cheios. Lábios cheios, sorrindo da maneira como ele costumava sorrir para mim.

Eu expiro lentamente, fazendo o melhor que eu posso para empurrar o pensamento de ontem de lado e olhar para a minha tela de computador. Minha tela de computador vazia, totalmente vazia. Os teclados estão batendo, os repórteres se falando sobre as divisas de suas mesas. Edge tem melhorado um pouco, depois da minha carta de amor a Grey. Os cortes de empregos têm parado, dois novos jornalistas foram contratados e embora haja apenas uma dúzia de nós, ainda de alguma forma conseguimos fazer barulho.

Oh boy, nós fazemos barulho. Nós somos especialistas em fazer todos os eventos do dia parecerem mais monumentais do que são. É o nosso trabalho caçar notícia, afinal de contas. Criar histórias.

Escreva algo Anastasia.

Inalo, eu coloco meus dedos em minhas teclas e me forço a escrever uma palavra. E uma palavra torna-se duas e, em seguida, meus dedos fazem uma pausa. Estou sem inspiração. As ideias acabaram. Vazio. Eu leio o que escrevi.

CHRISTIAN GREY

É a primeira vez na minha carreira que eu tenho um período de bloqueio jornalístico. Todo o amor que eu tinha em contar histórias, um amor que nasceu quando eu era muito jovem, reunindo histórias sobre minha mãe, acabou, naquele dia que uma das histórias tirou algo de valor inestimável de mim. Algo chamado... CHRISTIAN GREY.

Eu tenho implorado a Helen para me dar as coisas boas. Uma boa matéria que poderia me motivar, me fazer perceber que as palavras que escrevo podem fazer a diferença. Mas ela só tem me dado dúzias de desculpas. Ela me diz que se eu estou tendo problemas com as pequenas partes, então, definitivamente não é o momento para outra grande.

Batendo a tecla de retrocesso, eu assisto o nome desaparecer.

CHRISTIAN GRE

CHRISTIAN GR

CHRISTIAN G

CHRISTIAN

Oh, Deus. Eu aperto meus olhos e apago o resto. Num impulso, eu alcanço a minha bolsa, pendurada na parte de trás da minha cadeira, para o papel dobrado que eu carrego dentro. Retiro, eu desdobro e procuro direto o final. Para a muito elaborada assinatura masculina nele.

Christian KPT Grey.

O cara que transformou o meu mundo em uma pirueta. A visão desta assinatura na página me dá todos os tipos de dores.

— Anastasia! — Sandy chama do outro lado da sala.

Enfiando o papel de volta na minha bolsa, eu espreito para fora do meu cubículo e vejo que ela está apontando junto a parede de vidro que separa Helen, minha editora, de nós.

— Você está sendo chamada! — ela fala.

Eu pego as minhas anotações que eu também estive falando com ela recentemente, em seguida, vou e fico na porta aberta de Helen. Ela está no telefone, sinalizando para eu esperar.

— Ah, com certeza! Jantar. Eu vou levar o meu melhor jogo — garante ela, quando acena para eu entrar e desliga o telefone, parecendo radiante. Bem. Ela está de bom humor hoje.