Capítulo VII.

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- Merda... - Resmunguei.

Era a segunda vez no dia que eu me sentia mal, já havia se passado um mês desde que eu e Eijiro trocamos de posições no sexo, e eu sinceramente estou preocupado. Faz um tempo que venho sentindo um mal-estar de vez em quando. Suspirei e escovei os dentes, saí do banheiro e troquei de roupa, hoje iria faltar as aulas. Apareci no térreo andando lentamente, me sentia um pouco tonto. A turma estava com o uniforme escolar, hoje temos aula.

- Kacchan? - Izuku chamou. Desde o dia em que falei aquilo para ele nossa relação melhorou bastante.

- Tá tudo bem? - Ashido perguntou.

- Eu... - Respirei fundo e olhei para meus amigos. - Não me sinto bem. - Admiti.

- Que surpresa, você raramente diz quando está mal. - Sero sorriu de canto.

- Comeu alguma coisa estragada ou algo assim? - Kirishima se aproximou.

- Não. - Murmurei. - Bem, se você contar comer chocolate boa parte do dia, sim. - Ri baixo.

- Talvez seja isso. - Jiro deu de ombros.

- Não, não é. - Sentei no sofá, Mina sentou ao meu lado e fez com que eu apoiasse a cabeça no seu ombro. - Eu venho me sentindo assim a um tempo.

- Por que não disse? - Hitoshi perguntou.

- Achei que iria passar logo, eu não fico doente com facilidade. - Fechei os olhos.

- Podemos te levar até a Chiyo. - Todoroki disse.

- Não! - Praticamente gritei. - De jeito nenhum!

- Por que? - Denki me olhou desconfiados.

- Tenho minhas suspeitas do que é. - Bufei.

- É algo haver com aquela doença que você falou? - Hanta perguntou.

- Sim... - Engoli a seco.

- Temos que ir para o colégio. - Iida disse. - Temos trinta minutos até a aula começar.

- Você vai? - Midoriya me olhou.

- Não, acho melhor ficar. - Murmurei.

- É melhor alguém ficar com você. - Mina disse entrelaçando nossas mãos. - Da última vez que você ficou doente e sozinho não acabou bem. - Riu baixo.

- Ah, eu lembro daquele dia. Ele quase se afogou na banheira da casa dele. - Kaminari sorriu.

- Eu fico com ele. - Kirishima disse olhando para mim. - Tudo bem pra você?

- Se tiver chocolate...

- Desde quando você gosta tanto de chocolate? - Asui perguntou.

- Desde sempre, normalmente dividimos com ele quando compramos algum. - Sero falou. - Se comermos sozinhos e ele descobrir vai ficar irritado.

- Isso aí... - Sorri de canto.

- Vamos? - Tenya chamou novamente e todos afirmaram. Se despediram de mim e do ruivo e quando estávamos sozinhos fui colocado no colo do menor.

- O que você acha que tem? - Ele perguntou.

- Eu não acho...

- Katsuki, eu fiquei sabendo dessa sua tal doença esse ano, você escondeu isso durante quatro anos. Chega de segredos, fale de uma vez o que você tem! - Apertou minha cintura.

- Okay... - Suspirei sentindo o aperto ficar menor. Eijiro passou os braços ao meu redor e me puxou para mais perto apoiando a testa no meu ombro.

- Estou ouvindo. - Kirishima disse.

- A muitos anos atrás alguns cientistas pegaram ao todo, dez homens de diferentes famílias e nacionalidades, os levaram para um laboratório para usá-los como cobaia para algo, um desses homens era da minha família. Não sei muito bem o que aconteceu nesse tempo em que eles eram usados como ratos de laboratório, mas sei das consequências do que aconteceu lá. - Comecei a explicação. - O resultado das experiências foi um útero, todos os homens que estavam sendo usados como cobaia criaram um dentro de si, isso passou de geração para geração, no caso, todos os homens da minha família tem um útero e pode gerar um ser.

- Você está tentando me dizer que pode engravidar? - Eijiro perguntou.

- Sim...

- Por que não disse antes?! - Levantou a cabeça e me olhou com uma expressão raivosa, nunca o vi assim.

- Você por acaso acha que é normal um homem engravidar? - Saí do seu colo e fiquei em pé. - Ninguém além da minha família sabe sobre isso, não posso sair contando para qualquer um.

- Eu sou seu namorado Katsuki! - Kirishima ficou de frente para mim. - Três fodidos anos de namoro e você continua escondendo as coisas de mim! - Gritou. - Agora vai me dizer o quê? Que tem mais segredos? Pensei que confiasse em mim... - Me olhou nos olhos. - Mas está claro que não confia. É inseguro demais para ter a coragem de me falar algo assim, acha o quê? Que eu vou embora porque você é uma aberra... - O interrompi com um soco no rosto.

- Eu confio em você, caralho! Eu não contei porque isso não se diz respeito somente a mim, meu pai e meu avô também estão envolvidos nisso. Eu não escondo merda nenhuma de você, já passei dessa fase. Mas acho que você está irritadinho com aberração aqui, né? - Falei rápido enquanto em afastava. - Você ao menos escutou o que disse?! Você ouviu o que acabou de dizer para mim?

- Katsuki...

- Cala a boca! - Foi tudo o que eu disse antes de sair do dormitório.

Mandei uma mensagem para Aizawa dizendo que estava indo para casa e segui até a residência. Minha visão estava embaçada, eu sentia as lágrimas escorrendo pelo meu rosto e alguns olhares sobre mim. Conferi o horário e me senti aliviado ao constatar que meus pais e irmã estariam em casa.

- Loiro? - Parei de andar e olhei para o lado.

- Rayden? - Murmurei.

- O que aconteceu? - O homem desceu do carro rapidamente.

- Me leva pra casa. - Pedi.

- Claro, entre. - Abriu a porta de passageiro do carro.

. . .

- Filho? - Minha mãe disse assim que abriu a porta de casa. - O que aconteceu? - Agarrou minha mão e me levou até a sala enquanto Fumiko ia até o marido.

- Eu contei ao Eijiro. - Funguei deitando no sofá e apoiando a cabeça na coxa de Mitsuki enquanto meu pai entrava na sala e sentava no sofá. - Eu disse a ele que tinha um útero.

- E o que ele disse? - A loira afagou meu cabelo.

- Me chamou de aberração... - Solucei ainda chorando.

- Eu vou matar aquele garoto. - Masaru disse.

- Não, vamos cuidar do nosso filho. - Minha mãe falou.

Passei o resto do dia em casa. Me tranquei no quarto e fiquei deitado na cama, meus pais vinham de hora em hora ver como eu estava. Eu não queria conversar, não queria comer, não queria fazer nada, exceto assistir filmes tristes e chorar, chorar muito.

- Maninho? - Fumiko entrou no quarto. - Pode ficar um pouco com o Satoro?

- Uhum... - Levantei da cama e fui pegar o bebê nos braços da mulher.

- Você está bem? - Ela perguntou e eu dei de ombros.

- Acho que sim. - Murmurei. - Oi rapaz... - Beijei a testa do menininho.

Fumiko saiu do quarto e eu me deitei na cama novamente, deixei Satoro deitado na minha barriga e fiquei acariciando seu cabelo nas próximas horas. Quando o bebê dormiu meu pai apareceu e o levou para fora, eu não reclamei, não tinha porquê reclamar.

M.E.LOnde histórias criam vida. Descubra agora