Millena

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          Sebastian resolveu aproveitar que não daria aula na faculdade na segunda - feira, para ir visitar sua irmã, assim que voltou para casa na sexta. Eu não poderia ir junto, mas ele levaria Helena com ele. Isso já estava me deixando com o coração na mão. Mas eu aproveitaria a oportunidade para ir ver o meu irmão. De longe, é claro! Afinal, nem ele e nem minha mãe se lembravam que um dia eu existi na vida deles. 

         _ Vou fazer uma chamada de vídeo assim que chegar lá. _ ele me disse, antes de embarcar no avião. 

        _ Queria que viesse com a gente. _ Helena reclamou mais uma vez.

        _ Eu não posso entrar em aviões. Estou no início da gravidez! 

        _ Isso só afeta as humanas. Não precisa se preocupar. _ ela insistiu.

        _ Meu bem, todo cuidado é pouco. Eu vou com vocês na próxima vez. 

       Ela me abraçou e deu um beijo na minha barriga. 

       _ Tchau, Stephanie. A gente volta logo.

       _ Stephan, aqui é o papai. Não liga para sua irmã. Sua mamãe está se cuidando e protegendo você para que nasça com tranquilidade. A gente te ama muito. 

       Ele também beijou a minha barriga e em seguida me deu um selinho. 

      Fiquei observando os dois embarcarem e logo o avião levantar voo. 

      A noite estava fria e eu resolvi tomar um chocolate quente, antes de chamar um táxi e ir ver meu irmão. 

       Recebi uma mensagem de Serena, falando que Romeu estava triste por não ter conversado com Helena antes que ela embarcasse. Combinamos de dar um jeito de eles conversarem enquanto ela estivesse no Peru. Com o tio Esteban e a tia Isabella. Helena aprendeu o italiano comigo e o inglês com o pai. Mas tenho certeza que o tio ia querer que ela aprendesse o espanhol também! 

         Quando o táxi parou do outro lado da rua e algumas casas antes, da que minha mãe estava vivendo com meu padrasto e meu irmão, eu lhe entreguei o dinheiro e desci. Me misturei as sombras da noite, para que não notassem minha presença e observei a casa enquanto apurava meus ouvidos. 

        _ Estou falando sério! Está cada vez mais bela, minha querida! _ Meu padrasto dizia.

        _ Ah, não seja galanteador. Sabe que a idade já chegou para mim! _ minha mãe dizia.

        _ É uma bela coroa! 

        O susto que Kassandra deu nele surtiu efeito e ele largou o vício do álcool. Pelo que eu estava ouvindo, era bem carinhoso com minha mãe. O que me deixava mais tranquila. Ele se consertou. 

          Ouvi risadas e olhando para trás, vi que dois adolescentes andando de bicicleta, se aproximavam. Era fácil notar... Meu irmão. A garota que estava com ele, eu não fazia ideia de quem era. Meu plano era escutar a situação dentro da casa e então tentar entrar sem ser notada e dar um beijo de boa noite em meu irmão. Mas eu não esperava que ele não estivesse em casa e pior ainda, passeando com uma garota que o olhava como se visse um diamante. Ele era novo de mais para estar namorando! A situação piorou quando ele parou na frente do portão e desceu da bicicleta, junto com a menina. Os dois se aproximaram do muro e eu vi meu irmãozinho abraçar a cintura da garota e dar um selinho nela. Eu quis ir até lá e puxar a orelha dele. Dizendo que era cedo para ele pensar em namoros. Mas eu não tinha mais o direito de falar nada! Ele nem sabia da minha existência! Continuei observando eles conversando, rindo e dando selinhos. Comecei a achar fofo. A inocência do primeiro amor. Enxuguei meu rosto e dei um sorriso ao ver ele se despedir da garota e minha mãe abrir o portão para ele. Observei os fios brancos em seu cabelo e a expressão de carinho com que olhava o meu irmão. Ela tinha a família completamente humana, do jeito que sempre quis.

Is It Love? Mystery Spell - Sob o mesmo céu azul!Onde histórias criam vida. Descubra agora