Lorie

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      Assim que voltamos para a mansão, eu resolvi agir como se nada tivesse acontecido. Abri as sacolas com as compras, e comecei a dobrar e guardar as roupas. Por fora eu parecia bem. Por dentro estava acabada. A conversa com Kevin foi péssima. Ele saiu do quarto dizendo que queria o pai e eu também quis o meu. Senti falta de quando era uma criança e podia correr para o colo do Viktor. Não estava me reconhecendo.

        Foi então que passou pela minha cabeça agir como sempre, ao invés de tentar criar outra Lorie só porque me tornei mãe. Pensei em como eu lidaria com a situação se fosse outra criança e não o meu filho. Terminei de guardar tudo que comprei e fui atrás de Draco. Isso ajudaria.

        O garoto estava sentado no banco da varanda, desenhando. Eu o encarei da forma que os outros tinham medo. Uma menina má.

       _ Quer brincar comigo?

       O garoto me olhou e pareceu ficar assustado. Balançou a cabeça negando.

       _ Vamos brincar, Draco.

       _ Não quero. Tia Lorie.

       _ Por que não? Vai ser divertido.

       Eu dei dois passos em sua direção e ele se levantou para sair correndo.

       _ Parado. _ Usei o meu dom. Ele ficou quieto. Mas tentou lutar contra. Me abaixei para falar no ouvido dele. _ Esse medo que sente de mim, é o que os humanos sentem por você. Se o acordo for quebrado por sua causa, eu farei a Thaís ser à única filha dos seus pais. Ouviu bem?

        Ele balançou a cabeça afirmando.

       _ Ótimo. Agora pode ir.

       Com certeza ele evitaria machucar os humanos. Ter má fama as vezes ajudava.

       Quando entrei na sala, Kevin estava brincando com o piano que o pai deu.

        _ Kevin você precisa entender que eu e seu pai teremos outros filhos. Agora e depois. Quantos tivermos vontade de ter. E nossa atenção será sim dividida entre todos. Eu fui comprar o enxoval do bebê, mas te levei comigo. Eu não te excluí da minha vida. Pedi só um instante para guardar as compras. Você preferiu ficar bravo e se afastar. Não aproveita o tempo que tem para ficar comigo enquanto ainda é o único. Pois bem. Não reclame depois. Porque eu sempre te procuro. É você que não quer ficar perto de mim. Mas seu irmão vai querer.

       Fui para o quarto e esperei. Eu e Peter prometemos não usar o dom para fazê-lo obedecer. Não tornar nosso filho um fantoche. Porém uma vez ou outra, não teria problema algum. Caso não resolvesse na conversa, eu ia apelar sim.

        Kevin entrou no quarto trazendo seu pianinho.

       _ Você me levou para fazer compras e ficou só falando do bebê. Que ia ficar bem nele. Que ele ia gostar. Antes as compras eram para mim.

       _ Se você queria alguma coisa era só pedir.

       _ Preciso pedir? Nunca precisei.

       _ Esse é o problema. Você tem tudo nas mãos e a vida não é tão fácil assim. Terá que aprender a pedir sim.

       _ Por isso eu prefiro o papai.

       _ Tudo bem. Seu irmão vai preferir a mim.

       Eu não ia ceder à chantagem dele. Não lhe daria presente algum sem que pedisse, só para disputar com Peter quem é o preferido.

        _ Você não gosta de mim. 

        _ Nesse momento, não gosto mesmo. Você parece eu antigamente. Mimado e pirracento. Não sei como os meninos me aguentaram.

Is It Love? Mystery Spell - Sob o mesmo céu azul!Onde histórias criam vida. Descubra agora