Capítulo 77

939 60 2
                                    

PRISCILLA NARRANDO...

O Lucas ama fazer aniversário. As festas dele são cheias de brinquedos, de muita diversão, tudo muito colorido, muita comida, muita decoração. Ele ama comemorar o aniversário dele. Esse ano ele não quis presentes, ele pediu para cada convidado levar um quilo de alimento para doar para um asilo, eu achei aquilo a coisa mais linda do mundo partindo de um menino de 5 anos. Eu dei presente, minha mãe, meu irmão, a Natalie, a Cecilia, a minha ex sogra, a Clara, e cada convidado além de levar o alimento também levou o presente. Meu filho era muito grato a tudo que ele tinha e eu achava isso tudo muito lindo vindo dele. Notei durante a festa que a Clara estava esquisita, parecia um pouco aérea preocupada, mas estava tentando não demonstrar. Quando fomos pra casa dela tomar um vinho, levar os presentes e os alimentos arrecadados, ela me jogou uma bomba que explicava a atitude dela. Um dos caras que a estuprou estava solto e ele provavelmente é o pai do Lucas, porque o Lucas é a cara dele. Eu surtei, aquilo tudo pra mim era muito surreal. Em casa eu bebi tanto que não conseguia dormir. Quando finalmente apaguei, estava amanhecendo. Acordei era quase 14 horas com muita dor de cabeça. Tomei um remédio tomei um banho frio desci fiz um café forte e um misto quente e fui fazer minhas ligações.

XX: Alô?

Eu: Joice?

Joice: Sim, quem fala?

Eu: Paula Felix – suspirei – Priscilla Pugliese.

Joice: Chefe... Como está?

Eu: Bem e você?

Joice: Bem. Sentimos sua falta.

Eu: Eu também sinto falta de vocês.
Joice: Precisa de alguma coisa?

Eu: Sim. Preciso que descubra até a alma de uma pessoa que foi liberada da prisão sob condicional aqui no Rio.

Joice: Ok, e qual o nome?

Eu: Renato Gouveia Silva, ele tem 40 anos hoje, foi preso por sequestro, agressão e estupro a quase 6 anos. Estava no presídio estadual e foi liberado a poucos dias.

Joice: Ok, vou verificar e te mando por email.

Eu: Ok.

Joice: Alguma coisa que eu deva saber para que eu possa aprofundar mais no caso chefe?

Eu: Não quero que ninguém mais saiba disso. Ele pode ser o pai do meu filho com a Clara. Foi ele que estuprou a Clara e pela aparência ele possivelmente é o pai do Lucas. Eu não quero esse homem perto do meu filho.

Joice: Ok. Eu vou fazer a sua pesquisa e assim que eu encontrar tudo eu te envio e te mando uma mensagem dizendo que foi enviado para o email.

Eu: Muito obrigada.

Joice: Por nada, qualquer coisa só ligar.

Eu: Ok... – desliguei. Achei o bilhete da Natalie dizendo que tinha ido almoçar na mãe dela com a Laura, falei com a Clara por telefone, ela disse que quase não dormiu também que estava preocupada. Falei que fui atrás de informações sobre ele e que logo teria a ficha completa dele. Depois de duas horas recebi uma mensagem da Joice dizendo que tinha enviado tudo que encontrou para o meu email. Fui para o escritório liguei o computador abri meu email e achei o pdf com tudo. Eram mais de 150 páginas. Abri um pacote de folhas sulfite e coloquei para imprimir tudo. Enquanto imprimia fui fazer algo pra comer, estava morrendo de fome. Depois de comer voltei ao escritório me sentei e comecei a analisar folha por folha e nada me impressionava muito até a semana da saída dele. Tudo que ele falava com o delegado ou o responsável pelo presidio era documentado, porque aquilo um dia serviria de prova caso ele cometesse algum crime.

Na manhã desta terça feira, o detento Renato Gouveia Silva, perguntou como poderia se redimir com a mulher que ele abusou sexualmente após sequestro e agressão, dizendo que soube que ela estava grávida e já foi vista com a criança, que é um menino pouco tempo depois e familiares disseram que a semelhança entre eles era impressionante.

Aquilo me jogou no chão. O meu choque foi tão grande que eu corri no banheiro e vomitei muito. Comecei a andar de um lado para o outro eu não sabia o que fazer o que pensar.

Eu: Pensa Priscilla, pensa... – falava comigo mesma. Peguei os papéis, achei o endereço dele, ele estava do outro lado da cidade, bem longe de nós. Usava tornozeleira eletrônica e os dados da tornozeleira até aquele dia indicava o shopping da Barra onde ficava a principal loja da Clara e o escritório dela. Eu tremi. Subi para o meu quarto entrei no closet e me sentei no chão, eu não conseguia pensar em nada, eu não conseguia raciocinar. Eu sempre tive as melhores ideias quando estava na inteligência, porque agora eu não conseguia pensar em nada? O pânico tomou conta de mim e eu comecei a chorar. A Natalie logo chegou.

Nat: Amor – se sentou ao meu lado. – O que aconteceu? Por que você tá assim? – fez carinho em mim.

Eu: Eu... Eu estou com medo. – solucei.

Nat: Medo de que?

Eu: Ele sabe Natalie... Ele sabe da existência do Lucas e está procurando por ele. – ela se assustou. Contei tudo a ela chorando muito. Ela estava chocada. – Pela primeira vez, eu não sei o que fazer.

Nat: A Clara sabe?

Eu: Não. Como eu vou falar isso pra ela? Ele esteve no shopping onde é a sede dela amor. Ele sabe como encontra-la.

Nat: Meu Deus.

Eu: A minha vontade é meter uma bala na cabeça dele e acabar com isso, mas isso me tornaria uma criminosa, porque eu agiria por vingança e eu não vou voltar pra inteligência pra justificar meus atos. Eu estou temendo pelo meu filho, eu estou com medo pelo meu filho. A Clara é adulta, mas o Lucas só tem 5 anos. Como eu vou proteger meu filho disso tudo? Pensei em tirá-los do país, mas a Clara não vai querer sair do país, tem a Cecília, os trabalhos delas. Eu abro mão da convivência quase diária com meu filho se for pra ele ficar seguro em outro país, enquanto esse homem tá atrás dele.

Nat:É... A ideia é boa, mas a Clara não toparia. Amor, coloca seguranças cuidandodo Lucas, e da Clara. Coloca um detetive particular atrás desse cara pra ver osmovimentos dele. –eu não tinha conseguido pensar naquilo. Eu estava tão nervosa que não conseguipensar nisso. Eu deitei no colo dela, ali mesmo, no chão do meu closet. – Calma, vai ficar tudo bem. Eu estou aquicom você. A gente vai resolver isso. – eu estava me sentindo tão cansada detudo. Desde o acidente de avião, minha vida não teve mais paz. Desde oacidente, meu filho morreu, eu fui baleada em duas operações e quase morri emuma delas, fiz cirurgias, meu casamento foi adiado, minha noiva perdeu o bebê,minha filha e minha noiva foram parar no hospital depois de se machucar.Natalie e meu filho foram perseguidos pelo doido drogado do ex noivo dela eagora isso. Eu não tive mais paz. Eu estava emocionalmente desgastada. 

NATIESE: ME ENCONTREI EM VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora