Capítulo 22

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Tomei um bom banho coloquei uma roupa confortável. A Rosa deixou uma pizza montada para eu colocar no forno mais tarde. Eu coloquei um vinho para gelar. Se a Natalie não me matasse depois da nossa conversa, acabaria em pizza pelo menos. Eu ri com esse pensamento. Ela chegou pouco antes das oito.

Eu: Oi – sorri de leve.

Nat: Oi – me deu um selinho e eu prolonguei o beijo. – Uau, o que foi isso?

Eu: Talvez seja o ultimo né – dei de ombros.

Nat: Está me deixando nervosa com isso Pri. O que tá acontecendo, vamos logo para o assunto até cheguei mais cedo porque não consegui nem trabalhar direito pensando nisso tudo.

Eu: E o que você pensou?

Nat: Inúmeras coisas. Que você sequestrou seu filho junto com a Clara, que você mata pessoas é uma assassina de aluguel. Que você tem uma família secreta em algum lugar, que seu nome não é Priscilla Pugliese, que você não é engenheira e sim uma agente secreta, eu pensei todas as coisas do mundo.

Eu: Vem... Deixa sua bolsa ai – tirei a bolsa dela e coloquei no sofá – Preciso te mostrar uma coisa. – ela veio comigo. Eu parei em frente a uma porta.

Nat: O que tem atrás dessa porta? Está mantendo alguém em cativeiro não é? E vai fazer o mesmo comigo não é? – eu a encarei incrédula.

Eu: Natalie... Realiza... Volta pra terra... – estalei os dedos na frente dela. Meu Deus como ela pode ser assim? – Se você quiser fazer parte da minha vida, precisa confiar em mim e precisa saber que eu sou mãe.

Nat: Mas eu já sei que você é mãe, do Lucas, aquele garotinho fofo de três anos que eu vi no parque e conheci aqui na sua casa depois que sofreu o acidente, e ele é tão encantador. – abri a porta enquanto ela tagarelava sem parar. – Meu Deus o Lucas é uma criança trans? – arregalou os olhos ao ver o quarto com decoração feminina. Eu a olhei novamente.

Eu: Cara, você tem certeza que se formou em engenharia civil? você é muito alienada Natalie – falei irritada. Ela sacudiu a cabeça como se espantasse da cabeça as teorias malucas dela. – Vem, entra...

Nat: Uau... Que quartinho lindo... me sentei na poltrona de amamentação e ela no banquinho de apoiar os pés que tinha a frente da poltrona.

Eu: Eu adotei duas crianças – ela arregalou os olhos, mas não me interrompeu. – O dia que saímos para almoçar e eu disse que estava perdendo uma pessoa importante, lembra?

Nat: Lembro.

Eu: Eu corri para o hospital, era a Diorio me ligando. Meu filho estava morrendo. – ela arregalou os olhos – Ele se chamava Rhavi, tinha 2 anos e meio. Ele foi ferido gravemente por um tiro além de ter sido exposto a substâncias químicas perigosas. Isso fez com que ele tivesse dois derrames.

Nat: Meu Deus um derrame com 2 anos. – falava assustada.

Eu: Sim... Naquele dia do almoço, depois de mais de 3 meses, meu filho morreu. Eu sumi, porque estava cuidando de tudo de enterro, de papelada.

Nat: Nossa Pri...

Eu: Esse quarto é da minha filha. A irmãzinha dele. A mãe das crianças era uma viciada em metanfetamina e foi encontrada na casa de um traficante. Ela foi baleada, mas não foi o tiro que a matou, e sim a droga. Eu a conhecia, e eu queria muito ajuda-la, mas não consegui. Antes de morrer, ela me pediu ajuda para cuidar das crianças então ela me deu a guarda total dos dois. A neném foi tirada da barriga dela, ela estava com 29 semanas apenas. Ela pesava 1,030 e media 36 centímetros – ela levou a mão na boca – Eu consegui trazê-los para os cuidados da Nathalia. Eu dei o nome a ela de Laura – sorri. – Hoje ela mede 41 centímetros e pesa 2,100. Ela é muito guerreirinha. E ela não está mais no respirador e em 30 dias mais ou menos se ela continuar evoluindo ela vai poder vir pra casa e para esse quarto. Esse é o quarto da minha filha. Quando eu tiver uma data definitiva da alta dela, eu vou até uma especialista indicada pela Diorio e vou tomar uma medicação para induzir a lactação. Eu quero amamenta-la. – sequei a lágrima que caia e ela também chorava. – Eu quis te contar isso, porque se você quiser se envolver comigo, tem que saber que além do Lucas, eu tenho uma filha recém nascida. E além do meu anjinho Rhavi existe outro anjinho, o Aideen. A Lanna tinha placenta percreta, e aos 7 meses ela teve uma pré eclampsia instantânea. Eu sabia que meu filho não ia sobreviver, mas a Lanna tinha chances. Mas com a eclampsia as chances dela eram quase nulas e ela morreu no parto junto com meu filho...

Nat: Meu Deus Pri. Sinto muito – tocou meu joelho.

Eu: É isso Natalie. A morte da minha primeira esposa, o motivo que sai correndo do almoço aquele dia, e a chegada da minha filha em breve nessa casa. Minha filha é a minha prioridade. Meus filhos são minha vida. Eu precisava expor isso pra você, antes de qualquer coisa.

Nat: Quando eu vou poder conhece-la? – sorriu de leve.

Eu: Amanhã eu vou vê-la. Ela já saiu da Neonatal. Quer ir comigo? – sorri.

Nat: Quero... Claro que quero – levantou do banquinho e sentou no meu colo me dando um beijo.

Eu: Não quero profanar o quarto da minha filha. Vamos sair daqui vem – rimos e saímos do quarto dela e fomos para o meu. Tirei a roupa dela numa velocidade que nem percebi e ela fez o mesmo comigo. Fizemos amor por horas.

Nat: Pri, tá dormindo?

Eu: Não – suspirei.

Nat: Eu to com fome.

Eu: Eu também. Tem pizza, a Rosa montou, você quer?

Nat: Quero... – me beijou. Coloquei um roupão e desci. Coloquei no forno abri o vinho. Peguei salaminho também, queijinho temperado coloquei num potinho e coloquei na bandeja. Logo a pizza tava pronta, a cortei e coloquei na bandeja e subi para o quarto coloquei na mesa que tinha ali perto da minha varanda. Tava uma noite bonita e fresca. Natalie tava com uma camisola minha e nos sentamos para comer a pizza. – Você tem contato com a família da sua primeira mulher?

Eu: Não mais. Até antes de me envolver com a Clara eu tinha. Eles me culparam por muito tempo pela morte da Lanna. Foi preciso enviar o laudo médico dela pra eles entenderem que eu não tive nada com isso. Eu sei deles por redes sociais que eu quase não mexo.

Nat: Você não posta nada sobre seu filho né?

Eu: Não. Não exponho meu filho, a Clara também não faz isso. Isso é nosso sabe, é um cuidado que temos.

Nat: O que a Clara faz?

Eu: Ela é empresária. Tem algumas lojas de roupas de grife em todos os shoppings aqui do Rio. Só vende Dolce Gabanna, Calvin Klein, Laboutin, Gucci, Michael Kors, só essas marcas bem caras sabe.

Nat: Entendi... Já devo ter comprado nas lojas dela.

Eu: Sim...

Nat: Está ansiosa pra chegada da Laura? – sorriu e eu sorri.

Eu: Muito. Nossa... eu não sei como vou me sentir de verdade... Vai ser meu presente de natal adiantado.

Nat:Sim, vai mesmo –terminamos de comer, ficamos vendo um filme e acabamos dormindo. 

NATIESE: ME ENCONTREI EM VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora