Capítulo 69

957 63 1
                                    

Toquei a campainha e ela logo atendeu.

Clara: Oi... – sorriu.

Eu: Oi...

Laura: Oi titi...

Clara: Meu Deus eu não dou conta dessa princesa não – a pegou do meu colo e a encheu de beijo. Logo ela foi brincar com o Lucas.

Eu: Hei, não vai dar um beijo na sua mãe não? – ele veio me abraçar e me beijar. Ele tava triste. – O que foi filho? O que ele tem? – olhei pra Clara.

Clara: Tá assim desde o fato com a Natalie. – falou triste.

Eu: Oh filho – o abracei mais forte.

Lucas: Mamãe, você e a tia Nat vão morar em casa separada agora que não tem mais meu irmãozinho?

Eu: Claro que não filho. – fiquei surpresa com aquela pergunta. – Porque tá perguntando isso?

Lucas: Por que meu amiguinho da escola, não tem mais a mamãe e o papai morando na mesma casa depois que o irmãozinho dele foi morar no céu com a avó dele. – eu já tinha entendido.

Eu: Filho, essas coisas acontecem, é triste, a mamãe tá triste, a tia Nat tá muito, muito triste, mas o neném estava dodói na barriguinha dela então o Papai do Céu chamou ele pra morar com Ele. E lá ele não ia mais ficar dodói. Só que aconteceu a poucos dias então a tia Nat tá com o coração doendo ainda, porque estava na barriguinha dela o neném. Mas a mamãe e a tia Nat se amam muito e a gente não vai se separar não.

Lucas: Por que ela não veio?

Eu: Ela não quis sair. Ela tá com um pouquinho de dor e quis ficar em casa. Mas ela te mandou um beijo – menti. Não queria que ele ficasse triste pensando nisso.

Lucas: Eu posso ir lá conversar com ela?

Eu: Claro que pode meu amor – o abracei e o beijei – Agora não fica triste mais tá? Vai lá brincar com a sua irmã... – ele foi brincar.

Clara: Ele tá assim desde que eu e a Cecilia contando o que aconteceu. Chorou tanto tadinho, ele estava animado com o irmãozinho. Como ela tá?

Eu: Mal Clara... Muito mal. Ela não come direito, tem dia que nem banho toma. Não sai do quarto pra nada, não trabalha, não atende telefone. O máximo que ela faz é falar com o Lucas e a Laura, porque nem comigo ela fala direito. Ela não me olha nos olhos desde que tudo isso aconteceu. E parece que a cada dia que passa ela fica pior.

Ceci: Oi Pri – veio da cozinha.

Eu: Oi Ceci...

Clara: Ela tá falando que a Nat tá muito mal amor e parece tá só piorando.

Ceci: Já tentou falar com a psicóloga dela? Ela precisa de terapia.

Eu: Sim, eu já marquei horário pra ela várias vezes e ela desmarcou. Ela não quer ir. Chamei pra sair hoje, pra gente almoçar, passear o pouco e ela foi grossa comigo como tem sido ultimamente.

Ceci: Ela tá presa na revolta dela. Ela tá vivendo os estágios do luto ainda. Ela já viveu a negação agora está vivendo a raiva.

Eu: E ainda temos a negociação/barganha, a depressão e a aceitação. Como vai ser tudo isso? Ela se sente culpada Cecilia. E não foi culpa dela, a médica explicou o que houve, não foi culpa dela. O óvulo que sofreu alterações talvez no processo para ser implantado nela. Ela não fez nada de errado, e ela sabia das chances disso acontecer de não ter sucesso da primeira vez. Ela se agarrou a essa raiva toda que está difícil tirá-la.

Ceci: Sim eu entendo. Mas precisa ter paciência Pri. Não é fácil, não é o primeiro que ela perde, e ela quer muito ter um bebê e você é o amor da vida dela imagina como isso tá sendo duro pra ela. Assim como doeu em você.

Eu: Sim. Eu choro escondida, porque não quero que ela veja e se sinta ainda mais culpada. Eu não posso falar nada, que ela me ataca. Ela não me olha nos olhos eu não sei o que fazer. Eu tento ter o máximo de cuidado do mundo pra não passar nenhuma impressão errada a ela, pra não magoá-la com algum movimento errado meu. Eu estou literalmente pisando em ovos com ela – já comecei a chorar.

Clara: Pri não fica assim. Dói, é triste, mas é o momento dela. Sei que tá sofrendo também e não é pouco, mas a ela tá com sentimento de culpa e frustração muito grande. Ela não te olha, porque ela se sente envergonhada com você. Ela sabia o quanto você queria um bebê com ela o quanto você estava feliz com essa criança.

Eu: Eu jamais a culparia por isso Clara, eu jamais colocaria isso nas costas dela.

Clara: Acontece que você é mais pé no chão que ela Priscilla.

Ceci: Sim, e ela já estava fragilizada com a gravidez e agora com a perda ficou ainda pior. É difícil, mas é preciso ter paciência. – fiquei um pouco lá e fui embora era quase 5 da tarde. A Natalie estava no mesmo lugar. Dei banho na Laura, junto comigo desci fiz a comidinha dela e ela ficou vendo desenho na caminha dela e eu fui falar com a Natalie.

Eu: Amor, comeu alguma coisa hoje?

Nat: Não. Eu não estou com fome.

Eu: Eu vou fazer uma vitamina pra você – suspirei e desci. Fiz uma vitamina de banana com maçã pra ela e peguei uma pêra também. – Toma...

Nat: Eu não quero nada Priscilla eu não estou com fome.

Eu: Natalie precisa comer, você não come nada desde ontem não pode ficar assim. Você precisa tomar um banho sair dessa cama. Chega tá bom, eu sei que você tá sofrendo eu também estou, mas não pode se culpar pra sempre de algo que você sequer culpa teve. Sai dessa cama e vai tomar banho. Você não toma banho a 2 dias.

Nat: QUER EU EU VÁ EMBORA EU VOU... – gritou. Eu fechei a porta do quarto pra Laura não ouvir e a arrastei da cama.

Eu: Levanta... – a puxei a tirando da cama.

Nat: ME SOLTA PRISCILLA...

Eu: SAI DESSA CAMA VOCÊ VAI TOMAR UM BANHO AGORA – a arrastei para o chuveiro e liguei a enfiando debaixo dele. – Eu preciso de você e você precisa de mim. Eu sei que você tá sofrendo e muito e eu te entendo perfeitamente, mas precisa reagir e parar de se culpar. Eu te amo porra...
Nat: ME SOLTA
– chorava.

Pri: NÃO... VOCÊ PRECISA DE UM BANHO... VOCÊ TÁ FEDENDO, ESSE QUARTO TÁ FEDENDO... ESTÁ TUDO HORRIVEL DESSE JEITO... – gritei a segurando contra a parede. Eu a abracei me molhando ainda mais debaixo do chuveiro e chorando. Tirei a roupa dela, lavei o cabelo dela. Logo saímos do chuveiro. Eu me troquei, e ela ainda estava de roupão sentada na cama. Peguei um pijama pra ela vestir e enquanto isso troquei os lençóis da cama – Toma a vitamina, come a fruta pelo menos – ela sentou na cama e tomou. Fui ver a Laura que já estava cochilando. Ela já tinha escovado os dentinhos, troquei a fralda dela – Já vai dormir filha? Brincou muito hoje né? – a peguei e beijei.

Laura: Beijinho na mama... – eu fui para o meu quarto com ela.

Eu: Ela quer dar um beijo de boa noite na mama... – a coloquei na cama e ela foi até a Natalie, a beijou e a abraçou.

Nat: Te amo meu amor. Dorme com os anjinhos – a beijou.

Laura:Amo mama... –ela veio para o meu colo e puxou minha blusa pra mamar. Ela não vai largarnunca o meu peito. Ela mamou um pouco e logo dormiu. A coloquei na cama dela evoltei pra cama. Liguei a TV e deitei apagando a luz. A Natalie deitou no meupeito e me abraçou. Dei um beijo na cabeça dela e a abracei a aconchegando. Elacomeçou a chorar, eu não disse nada, eu preferia ficar em silêncio do queacabar falando algo e a magoando.

NATIESE: ME ENCONTREI EM VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora