NATIESE: ME ENCONTREI EM VOCÊ

Capítulo 40

Entrei no carro olhei para o lado e o vi, mais branco que o normal.

Fernando: Você é louca... – falava quase inaudível.

Eu: Louco aqui é você de ir atrás do meu filho. Não custava nada você ter ido na merda do cemitério com as informações que recebeu... – olhei pra cima – Perdão Deus, é a nossa última morada – fiz o sinal da cruz.

Fernando: Pra onde tá me levando?

Eu: Vou te deixar no centro da cidade ou quer ficar aqui no deserto e ir a pé? – ele não respondeu.

Fernando: Quem me garante que você não vai atirar na minha cabeça agora?

Eu: Esse carro me custou 160 mil reais, acha mesmo que vou estragar o couro do meu carro com seu sangue? – rolei os olhos. Parei nas proximidades do escritório da Natalie, eu sabia que ele ia procura-la depois disso. – Já sabe... Se você colocar os olhos em cima do meu filho de novo, eu enterro você vivo...

Fernando: Eu não vou chegar perto dele.

Eu: Ótimo, é assim que se fala – ele desceu eu voltei na obra do anexo da escola entreguei a pá e mais uma vez não entenderam nada e fui trabalhar. Com meu filho ninguém mexe.

NATALIE NARRANDO...

Muita coisa aconteceu, desde marcar o mês do nosso casamento, a praticamente morarmos juntas, até apanhar de um bode e o meu ex aparecer. Sim, eu ainda ficava com homens a um tempo atrás. Quando eu engravidei, eu fiquei bem em choque, mas sempre amei crianças, sempre amei meu filho desde o primeiro momento que assimilei que aquilo tava acontecendo na minha vida. Pouco depois de completar três meses eu e Fernando terminamos, ele foi preso com drogas e foi classificado como tráfico. Eu não sabia que ele usava, embora o comportamento dele fosse esquisito as vezes. Eu terminei tudo e já não estava mais feliz com ele, na verdade descobri que nunca fui. Nunca o visitei na cadeia. Ele pegou 3 anos. Eu estava voltando do aeroporto de uma viagem de negócios e um motorista bêbado bateu no meu carro. Eu capotei 4 vezes e apaguei. Quando acordei, recebi a pior noticia do mundo. Meu filho não resistiu. Pedi aos meus pais que o enterrassem. Ele estava formadinho. Desde então eu vou sempre ao cemitério levo flores, faço uma oração. Quando Fernando ligou no meu celular eu não acreditei. Ele conseguiu um cartão pessoal meu e ligou no meu celular. Eu não contei nada a Priscilla, tive medo. Mas se eu tivesse contado não seria tão horrível quanto foi. Fernando invadiu minha sala, minha secretária não estava lá. Ele já partiu pra cima de mim me cobrando explicações e estava super estranho, pupilas dilatadas, olhos vermelhos. Eu estava com muito medo, tentava me explicar e ele não deixava. Quando a porta se abriu era a pessoa que eu menos imaginava, era a Priscilla. A forma como ela o encara sem medo algum e com frieza. Eu sabia que naquele momento a minha Priscilla não estava ali. A Paula estava ali. A mão na bolsa aberta indicando que um passo em falso ela sacaria uma arma. Eu estava gelada, minha alma parecia ter me deixado. Depois de tentar convencê-lo de que não tinha mais filho nenhum e ele ir embora ainda discutimos. Eu piorei tudo de certa forma. Logo a Rafa entrou na minha sala.

Rafa: O que aconteceu que a Priscilla saiu daqui com o demônio nos olhos e nem respondeu quando a cumprimentei? – ela veio até mim – Natalie, o que aconteceu? – me abraçou e eu chorei e chorei muito. Ela pediu minha secretária pra trazer água pra mim e logo consegui falar – Tá mais calma?

Eu: Sim.

Rafa: O que aconteceu? – perguntava calma.

Eu: O Fernando esteve aqui.

Rafa: Que Fernando? – ela pensou por dois segundos e arregalou os olhos – Mas ele não estava preso?

Eu: Ele saiu, pelo visto no fim do ano passado, porque ele tem me vigiado horrores. Ele queria saber do nosso filho, ele não acreditou que não tinha mais filho nenhum e veio pra cima de mim, a Pri chegou bem na hora. Ou a Paula, detetive, ela era outra pessoa naquele momento.

Rafa: E ai?

Eu: E ai que... – contei tudo a ela.

Rafa: Entendi por quê ela saiu daqui carregando o inferno todo nos olhos.

Eu: A gente discutiu. Já não bastava tudo que estava acontecendo e a gente ainda discutiu Rafa. Ela ia me rastrear.

Rafa: Ela ouviu você falando no telefone e chorando Natalie queria o que? Ela desconfiou na hora. E outra coisa também, depois dele ter visto o filho dela, e mesmo ela explicado que o filho era dela, ele ainda pagou de maluco, não se assuste se ela distanciar de você.

Eu: Mas Rafa, eu não tenho culpa. Já dei a ele provas que o nosso filho se foi.

Rafa: Eu sei Natalie. Mas é o filho dela. Ela nunca o expôs de maneira alguma imagina do nada o filho dela tá sendo vigiado por engano? Imagina a Clara fica sabendo disso? Ela foi chefe da inteligência e ninguém nunca soube que ela tinha um filho. Até sem saber que ela era uma detetive você nem sabia que ela era mãe isso, porque você a conhece desde criança praticamente. Agora pensa bem, o filho dela está exposto a um Zé droguinha.

Eu: Eu vou procurar por ele, eu vou apresentar todos os laudos médicos daquele dia pra ele.

Rafa: Espera tudo se acalmar, deixa a Priscilla no canto dela, e depois procura por ele explica. Acho que isso precisa ficar claro.

Eu: Eu sei que sim... – eu mal consegui trabalhar o resto da tarde. Eu quis ligar, quis ir na casa da Pri, mas eu precisava dar um tempo pra ela. Fui para o meu apartamento. Eu já tinha perdido o costume de dormir lá. Estava acostumada com o quarto da Pri, o cheiro dela, a cama dela. O cheirinho de neném da Laurinha o chorinho ou os gritinhos dela. Era a minha família e eu estava perdendo. Tomei um banho frio coloquei um pijama, pedi meu jantar num restaurante e enquanto esperava fui procurar os papéis. Logo fiz copia de todos os laudos médicos. Nos três dias que se passaram eu não procurei a Pri e nem ela me procurou. O Fernando também não me procurou. No fim da tarde estava no escritório quando ele apareceu.

XX: Natalie... O Fernando está aqui. – eu suspirei.

Eu:Pode deixar entrar. Obrigada –desliguei o telefone, peguei a pasta na gaveta e ele entrou.