Capítulo 07 - Eu te amo

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Eu respirei fundo várias vezes, tentando recuperar o ar. Kota Singer me amava.
Ele se surpreendeu quando eu abri a porta. Sua mão estava erguida para bater novamente, e ele a passou pelo cabelo ruivo. Pude ver o nervosismo em seu olhar. Permiti que ele entrasse enquanto eu tentava ao máximo limpar os indícios de que eu havia chorado, mas não adiantava. Meu rosto fica vermelho igual a um pimentão quando choro.
Kota caminhou até a minha cama e se sentou. Fez isso expirando uma grande quantidade de ar. Parei no meio do ambiente, incerta do que devia fazer. Cruzei os braços na altura do peito, como se isso pudesse servir de escudo para mim do que estava por vir. Ele secou o suor da palma das mãos na calça, e por fim me olhou nos olhos.
-- Desculpe -- ele fez uma careta -- por ter sido um completo babaca e ter te beijado. Você estava tão linda naquela fonte me olhando com esses olhos azuis, que eu não pude evitar. Sempre achei que tudo o que eu queria na vida fosse dinheiro e status, e por um longo tempo esse foi realmente o meu desejo. Quando finalmente consegui o título de Um, me senti poderoso, e ao mesmo tempo me senti um nada. O meu propósito de vida tinha sido conquistado, e então, o que eu iria fazer? A escultura parou de me interessar a tempos -- ele se levantou da cama e segurou minhas mãos, fazendo com que eu descruzasse os meus braços. Ele olha fundo em meus olhos, e eu nem sequer pestanejei. -- Então pensei que uma forma de sentir tudo aquilo novamente seria me casar. Muitas garotas estavam interessadas em mim, é claro; O único Um disponível para casamentos. Mas eu queria alguém como eu, que não ficasse grudada em mim o tempo todo. Então encontrei Violet. Esse casamento sempre foi apenas por conveniência. Ela, porque seria Um. E eu... Poderia voltar para as manchetes do Jornal de Illéa. Tudo mudou quando eu conheci você. Eu sei que fazem apenas três semanas, mas desde o momento em que eu te vi você não sai da minha cabeça. Quando estou com você, eu não preciso de títulos, ou de fama, ou de dinheiro. Eu só preciso de você. Quando estou perto de Violet, me pego perguntando por que não é você que está usando aquele anel.
Não aguentei. As lágrimas voltaram a molhar o meu rosto.
-- Mas... Eu sou uma Seis. -- minha voz saiu como um sussurro. -- Sou apenas uma criada.
Kota se aproximou e ergueu meu queixo, secando as lágrimas com os polegares.
-- Isso não importa. É você. Não uma criada. Não uma Seis. Você é Gisele, a garota pela qual eu me apaixonei.
Aquilo foi demais pra mim. Eu explodi em lágrimas e me joguei nos braços de Kota, beijando-o. Minhas lágrimas molharam ambos os rostos, mas nenhum de nós se importou com isso. Kota me abraçava como se temesse que eu fosse desaparecer, e minhas mãos voaram para o seu cabelo, torcendo-o entre meus dedos. Eu estava disposta a esquecer tudo. Esquecer seu passado arrogante a a minha vida de criada, sem importar com o que poderia acontecer com nosso futuro. Desde que estivéssemos juntos, enfrentando cada problema.
Depois de um tempo, Kota encostou sua testa na minha.
-- Obrigado -- ele sussurou.
-- Mas e o casamento? -- indaguei. Esse era o maior de nossos problemas.
-- Vou acabar com tudo quando Violet voltar. E não se preocupe, já contei a verdade para a minha irmã, e ela me passou um sermão sobre eu obrigar as pessoas a mentirem por mim. Mas também falou que não muda o que disse para você, apenas no nome, e que você era muito gentil para uma Dois.
Eu ri e Kota me beijou novamente.
-- Ainda bem que eu encontrei você. Senão estaria perdido em um mundo repleto de ignorância. Decepcionei muitas pessoas, Gisele. A última coisa que eu quero é fazer o mesmo com você.
Ficamos abraçados por um longo tempo, mas Kota disse que tinha que voltar para o castelo e cancelar os preparativos para o casamento. Prometeu-me que voltaria no dia seguinte antes que eu acordasse, que eu acho difícil, já que me acostumei a levantar sempre às cinco da manhã, mas eu admirei o ato dele.
Eu o observei voltar para a mansão apoiada no batente da porta, com um sorriso bobo no rosto. Quando ele chegou ao final do jardim, virou-se e acenou, o rosto iluminado. Eu acenei de volta, dando risadinhas. Kota parecia um adolescente apaixonado. Mas eu também devia estar parecendo como tal. A partir de agora, tudo ia mudar...

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