Capítulo 30 (parte II) - Aqui estamos

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De: 55597863452
Para: Número Desconhecido.
Hora: 02:14 pm

Não faça isso. Eu estou bem. Por favor, fique em casa, em Illéa. Sei o que estou fazendo.

G.

☆☆☆
Eu rapidamente apaguei o histórico no meu celular assim que a mensagem foi enviada. Não poderia correr o risco de que Velásquez descubra sobre Kota. Guardei o celular dentro da calça, cobrindo o aparelho com a minha blusa longa. O insulfilme na janela era demasiado escuro, tornando a paisagem do lado de fora do carro uma sombra que passava rapidamente. Estávamos em uma rodovia, pelo que pude perceber pelo campo e a falta de construções frequentes. Não ousei dirigir a palavra a Velásquez, que também não havia dito nada desde o momento em que me colocou dentro do carro. O silêncio era sepulcral, e eu me esforcei para me lembrar de alguma coisa que Kota havia me ensinado e que pudesse me distrair.

Ah, Kota. Por favor, fique bem.

Eu esperava que ele me ouvisse e não arriscasse a sua vida tentando me salvar. Eu não poderia ser salva. Velásquez já me tinha em suas mãos, e ter Kota vindo para cá apenas adicionaria emoção ao seu jogo insano. Lembro-me dos boatos de que Velásquez era louco, chamado de Nero*. Mas até esse tempo -- que me pareceram horas -- O que vi foi apenas um homem frio e manipulador. Todavia poderia ser apenas uma fachada. Ultimamente todos têm uma.

O carro fez uma curva brusca, fazendo com que eu deslizasse pelo banco, batendo contra a porta do carro. Ugh. Velásquez olhou para trás, aparentemente com tédio. Poderia arriscar dizer que ele se importava mais com o carro do que a minha integridade física. Mas é claro, ele quer te matar, o meu subconsciente zombou. Mandei-o ficar quieto. Velásquez desceu do carro e abriu a porta para mim, a expressão neutra, se não fossem pelos seus olhos intimidantes, de um azul tão claro como o gelo, e tão frios como tal.

Desci do carro alto com um pulo, franzindo o cenho para o lugar onde eu estava. Não havia nada, apenas o campo aberto que se estendia além do...

Além do gigantesco Castelo que pareceu surgir como mágica na minha frente. A sua construção antiga era de uma beleza exuberante, com suas pedras claras em contraste com as cores vivas do azul do céu e o verde da grama. Todo o cenário era de tirar o fôlego, criando uma atmosfera de mística, me fazendo querer explorar cada canto daquele lugar mágico.

E então a magia foi quebrada quando o homem que estava dirigindo o carro pegou meu braço e me obrigou a andar, subindo a colina que levava ao castelo. O soldado não falou ou sequer me olhou, ignorando, assim como Velásquez, as minhas perguntas sobre onde estávamos indo. Eu subia com dificuldade a colina, tropeçando em meus próprios pés enquanto era arrastada. Nenhum dos dois homens se importou com o fato, mantendo o ritmo constante das passadas, fazendo-me acompanhá-los. O castelo tornava-se maior à medida em que avançávamos, e um arrepio percorreu a minha espinha quando minha mente passou a trabalhar de maneira incessante nas possibilidades do que fariam comigo. Será que me matariam ali, em um lugar isolado? Ou me abandonariam, sem alguma possibilidade de voltar? Engoli em seco, sentindo a minha garganta arranhar. De qualquer forma, tudo ali me aterrorizava.

O castelo estava deserto, apesar do excelente estado de conservação e limpeza. Os passos ecoavam pelos corredores de pedra, que pareciam intermináveis. A brisa fria deslizava entre as colunas, gelando os meus ossos enquanto adentrávamos a construção. Levei as mãos ao redor dos meus braços em uma tentativa falha de me aquecer, já que meus movimentos foram impedidos pelo guarda que segurava meu braço. Por fim, começamos a descer, mais e mais, até que uma hora eu pensei que nunca mais a escada acabaria. Era como se estivéssemos em um percurso para o centro da Terra, até que finalmente paramos.

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