Capítulo 32 - O Baile de Máscaras

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Eu rodei a máscara em minhas mãos, uma e outra vez, me perdendo em seus detalhes dourados e vermelhos em contraste com a renda negra. Ela era macia contra a minha mão, o material delicado me fazendo cócegas bem-vindas. O pôr-do-sol em Madrid era, sem dúvida, o mais lindo que eu já tinha visto em toda a minha vida. Mesmo com todas as construções modernas, o Sol ainda se escondia atrás das colinas, uma belíssima imagem para um artista, e uma cena perfeita para um contador de histórias. Sentimento patriota ou não, eu podia sentir a história daquela cidade a cada segundo que passava respirando nela. Eu podia ver as luzes sendo acesas aos poucos, iluminando as pessoas que caminhavam apressadas para suas casas, após um longo dia de trabalho. Elas corriam para poderem ligar a televisão quando chegassem, pegar um balde de pipoca, e sentar no sofá, contando os segundos para saberem das novidades. Eu faria a mesma coisa.

Afinal, era a primeira vez em oito anos que o Imperador dava um baile, que seria transmitido em toda a rede nacional.

-- Espero que não tenha reconsiderado a minha proposta e agora está pensando em se matar.

Eu pulei com o susto ao ouvir a sua voz grossa, o que me fez buscar apoio na coluna em que estava escorada para não cair. A máscara voou de minhas mãos, e Velásquez a apanhou em um movimento rápido no ar, me estendendo-a logo em seguida. Recuperei meu fôlego e desci do parapeito com um pulo, tomando a máscara de sua mão em um gesto pouco delicado.

-- Eu não estava pensando em me matar, mas não posso dizer o mesmo de você. -- ironizei. Percorri com os olhos o seu smoking preto impecável, feito sob medida, e a máscara em seu rosto, que tornava suas feições ainda mais duras. Era como se o preto abraçasse a sua personalidade e se tornasse uma parte significativa dela. Ele parecia ameaçador.

-- Esse é um belo vestido. -- ele apontou, ignorando o meu comentário.

Olhei para o meu vestido cor de vinho. Tenho que admitir, ele era realmente belo. O vestido abraçava a curva da minha cintura e descia em armação, devido à quantidade de pano e tule colocado na saia, e a segunda pele em meu busto cobria minha pele discretamente nos lugares que o decote fazia questão de mostrar. Ele foi feito em degradê com os tons de vermelho escuro, com brilhantes incrustados acompanhando as mudanças, que pareciam terem sido feitas à mão. As alças estavam envoltas nos meus braços, deixando assim os meus ombros nus. As luvas eram da mesma cor e renda da máscara, que adicionavam um toque misterioso. Meus cabelos foram presos em camadas e colocados por cima do meu ombro direito. O meu colar e os brincos eram compostos por uma solitária e grande pedra de rubi. Creio que, pela primeira vez, minha aparência era digna de uma princesa.

-- Um belo vestido, para uma bela princesa. -- completou, oferecendo-me seu braço, que aceitei, relutante. -- Eu preferia o seu cabelo na cor natural, mas o loiro lhe cai bem.

-- Era realmente necessário que o evento acontecesse tão cedo? -- perguntei, revirando os olhos. Aquilo era o que eu queria saber desde a manhã, apenas dois dias depois de termos feito nosso acordo, quando Velásquez me deu a notícia de que haveria um baile de máscaras em comemoração ao meu aniversário de dezenove anos. Eu não via motivos para comemorar.

-- Não é todo dia que a princesa da Espanha completa dezenove anos de vida. -- O olhei de soslaio, vendo sua expressão concentrada. -- Essa é a oportunidade perfeita para reapresentá-la. Todos os nobres estarão presentes, assim como as famílias reais mais próximas. Nenhum deles sabe o que aconteceu naquele dia ou o verdadeiro propósito dessa festa, havendo apenas especulações. -- ele parou, erguendo meu queixo para que eu olhasse em seus olhos. -- Por isso, minha querida Amélia, esse será nosso segredinho. Faça exatamente tudo o que combinamos,entendido?

Assenti com a cabeça e engoli em seco.

-- As famílias reais mais próximas? -- repeti. A sua expressão satisfeita confirmou a minha hipótese.

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