Capítulo 25 - Não desta vez

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Adam

As investigações avançavam progressivamente, apesar da minha sensação de não havíamos saído do lugar. Ávila era o meu melhor segurança, e eu confiava plenamente nele e em sua equipe. Eles iriam encontrá-la. Cerrei meu punho firmemente pela décima vez naquele dia, controlando a minha vontade de bater em alguma coisa para descontar a minha raiva. Tudo o que eu podia fazer era esperar. Esperar, e torcer para que a encontrassem.

Decidi permanecer em meu jato, já que o hotel me fazia lembrar de Amélia, e tê-la em meus pensamentos todas as horas do dia não estava fazendo bem à minha sanidade mental. Os relatórios em cima da mesa do avião zombavam de mim, eles estavam ali para que eu os analisasse desde quando fui para Illéa, porém não tive paciência para nenhum deles,muito menos agora. Exasperado, passei as mãos pelo cabelo, pouco me importando se estava uma bagunça ou não. Minha mente insistia em imaginar como seria tudo mais fácil se Amélia não tivesse sido encontrada. Ela nunca teria conhecido Kota, e permaneceria na mansão Lavinsk, e eu, teria continuado a minha vida monotonamente pertubada, comandando o meu país. Ou eu poderia ter Amélia em meus braços, como fora traçado o nosso destino. De qualquer forma, nada disso estaria acontecendo.

O celular vibrou em meu bolso. Com um movimento rápido, peguei-o por tempo suficiente para que conseguisse ver o número restrito no identificador de chamadas, e desligá-lo logo em seguida. Guardaria os sermões depois. Desde que não voltei no prazo prometido, meu pai insistia para falar comigo. Sabia bem o que me esperava, mas não desistiria de todos os meus planos porque algo tão simplório deu errado. Faria de tudo para ter Amélia em minhas mãos.

Afinal, os fins justificam os meios.

Tamborilava os dedos na mesa, traçando o meu próximo passo, quando Kota entrou no jato como um furacão, abrindo o notebook que estava debaixo do seu braço.

-- O que foi? -- questionei. Kota não fez nenhuma reclamação desde que perdemos Amélia. De certa forma, creio que ele se culpava pelo desaparecimento. Eu não iria negar o que ele pensava, apesar de saber que eu também tinha culpa em tudo isso.

-- Estou tentando traçar uma possível rota seguida por Gisele. -- ele recostou-se na cadeira, tocando os lábios com o dedo em um gesto pensativo. -- Se eu estivesse procurando desesperadamente por meu namorado gostoso, para onde eu iria?

Revirei meus olhos para ele.

-- Quantos anos você tem, por acaso? Além disso, desde quando entende de cartografia?

-- Nunca precisei disso. -- ele dá de ombros. -- E para falar a verdade, eu tenho vinte e três. Sou mais novo que você, -- sorriu -- uns bons três meses.

Admito que fiquei impressionado com a sua capacidade de brincar em situações como aquela. Além dissi, ele havia pesquisado sobre mim. Me considerava uma ameaça. Mas sabia muito bem que era uma forma de dizer que era ele quem estava com ela. Que ela procurava por ele. Cerrei meu punho.

-- Ela não se afastou da praia. Sabia que era perigoso. -- murmurei.

Kota abriu a boca para falar, mas foi interrompido pelo toque insistente do meu celular. Atendi prontamente.

-- Fale.

-- Alteza -- a voz de Ávila preencheu meus ouvidos. -- encontramos a princesa.

Dei um pulo na poltrona, apertando o aparelho entre meus dedos.

-- Onde?

-- Ela entrou em um restaurante próximo a orla da praia, senhor. A oito quilômetros do hotel.

Fechei meus olhos. Amélia havia andado demais. Sabia que ela estava perdida a essa altura. E eu mais uma vez condenei todos nós por isso.

-- Quero as câmeras do restaurante.

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