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O fim de fevereiro chegou rápido demais. Eu estava encarando o calendário do meu celular enquanto refletia sobre os últimos dias que passei em Busan. Fiz kimchi para Seulgi e minha mãe, liguei todas as manhãs para o meu pai para saber como estavam as coisas em Nam-gu, organizei meu quarto e mandei os tênis para a lavanderia. Coloquei as séries em dia e tentei ao máximo aproveitar cada cantinho do meu apartamento.
Eu estava feliz, porém, lá no fundo do meu peito, existia uma camada fina de tristeza que sempre voltava para me atormentar. Ainda teria que passar pela despedida, ver que minha mãe estaria se esforçando para me assegurar de que tudo estava bem e que ela lidaria com a distância mesmo que seus olhos estivessem marejados. Isso seria difícil.
No meu último fim de semana, Jin propôs uma noite na minha casa onde comeríamos bobagem e tomaríamos muito energético. Escolhemos um dorama para assistir e ficamos em silêncio, tentando prestar atenção.
Não me importava se estávamos todos quietos, não me importava se estávamos um ao lado do outro sem dizer nada ou fazer qualquer comentário relacionado ao dorama. Nada disso importava além da companhia um do outro. Seulgi e Jin eram os meus melhores amigos e estar entre eles bastava para me fazer feliz.
No dia seguinte, eu decidi começar a fazer minhas malas e mesmo a contragosto, permiti que minha mãe me ajudasse.
— Eu estou tão orgulhosa de você, docinho. Não esqueça de me mandar presentes quando chegar em Seul. — Ela sorriu alegremente, mas eu ainda podia ver a expressão entristecida em seu rosto.
Com cuidado, ela dobrou algumas camisetas e as colocou no fundo da mala, sempre olhando para mim e sorrindo. Com toda certeza, eu tinha a melhor mãe do mundo.
— Eu vou vir visitá-la sempre, mãe. — Eu tentei manter a expressão impassível enquanto fitava cada detalhe de seu rosto.
Minha mãe meneou a cabeça.
— Eu e seu pai teremos onde passar os feriados agora — comentou ela, após ajeitar alguns pares de meia em um compartimento da mala.
Engoli seco o nó que se formara em minha garganta, procurando sempre manter um sorriso nos lábios para que minha mãe não percebesse o quão chateado eu estava. Sair de Nam-gu sempre foi um sonho e quando o realizei, não foi tão difícil me despedir. Porém, com a ideia de que minha vida em Seul estava prestes a começar, eu sentia um calafrio gelado percorrer minha espinha sempre que pensava que estaria ainda mais longe dos meus pais.
— Podem ir sempre que quiser. — Ergui o olhar para encontrar o dela.
— E você já tem onde ficar, certo?
— Sim — abaixei a cabeça, sentindo-me envergonhado por ainda não ter dito a ela que ficaria no apartamento dos pais de Jungkook até encontrar um lugar meu. — Eu consegui um apartamento.
— É mesmo? E como conseguiu?
— Com Jungkook — respondi após respirar fundo. — Quer dizer, os pais dele disseram que há um apartamento em desuso em Seul e que eu poderia ficar lá até encontrar algo para mim.
Não soube decifrar a expressão que pairou no rosto da minha mãe naquele instante. Um misto de desconfiança e preocupação.
— Bom, eu fico mais tranquila em saber que tem um lugar para ficar assim que chegar — ela disse com um suspiro. — Mas nada de morar de favor na casa de outra família. Trabalhe e pague um canto só para você.
— Eu vou fazer isso, mãe. — É claro que eu iria, mas só não sabia quando. — Mas como as coisas aconteceram muito rápido, de início ficar naquele apartamento não tem problema. — Olhei nos olhos brilhantes da minha mãe mais uma vez antes de continuar. — É só... É só até eu juntar um pouco mais de dinheiro.
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Senses | jjk + pjm
FanficJimin é um barmen habilidoso que trabalha na boate SENSES, uma das mais badaladas de Busan. Ele está acostumado a servir bebidas para clientes de todos os tipos, mas sua vida muda quando conhece Jungkook, um estudante de direito com gostos e interes...