Senses | jjk + pjm

5|0 ergo sum

JUNGKOOK

🍒

Eu quase nunca entrava em desespero. Não importasse qual fosse a minha situação, eu sempre respirava fundo e tentava resolver tudo da maneira mais lógica possível.

Demonstrar fraqueza não era algo que poderiam esperar de mim. Independente de tudo — mesmo fracassando —, eu tentava me mostrar inabalável.

E foi assim, com esse meu ideal orgulhoso que eu fiquei quatro meses longe do Jimin. Era inconsciente, mas em todas as vezes que peguei o celular para ligar, eu me lembrava de que ninguém poderia me ver debilitado daquela forma. Nem mesmo Jimin.

Sinceramente, nos primeiros dias em que eu estive tomado pela raiva e pela mágoa, não foram tão difíceis. Eu ignorava todas as ligações e mensagens, ignorava os emails e tudo que fosse relacionado a ele — porque Jimin era o único que conseguia quebrar meu orgulho ou qualquer barreira que eu construísse para me proteger.

Isso não seria justo comigo mesmo. No tempo em que ficamos longe um do outro, eu percebi que mesmo magoado e com o coração partido, eu não parava de pensar em como ele estava. Quando foi que chegamos a uma situação assim? Eu me perguntava isso o tempo todo sem parar, tentando encontrar uma explicação que justificasse a maneira que tudo estava fora do meu controle. Eu não poderia ter permitido que chegasse a esse ponto.

Nas últimas semanas, sufocado e exausto mentalmente, eu decidi ter uma breve conversa com a minha mãe. Isso era raro, mas eu estava me sentindo completamente perdido.

— Eu olho e penso: por que uma coisa tão pequena como essa tomou tal proporção? — perguntei, praticamente para mim mesmo enquanto minha mãe apenas me observava. — Eu não deveria ter deixado o Jimin tão exposto, mãe. Eu deveria ter sido sincero desde o início.

— Você protege esse garoto — disse ela, apoiando a mão sobre o meu ombro. No começo eu não entendi, e por isso a minha única reação foi apenas unir as sobrancelhas. — Você está o tempo todo pensando numa forma de como poupar o Jimin das coisas que deixam você abalado, querido. Uma relação é composta pelos dois lados da moeda.

E foi aí que eu entendi. Eu estava tentando protegê-lo de tudo que ameaçasse a nossa relação ou me tirasse da zona de conforto e ter que chegar em um limite que eu tentei evitar por todo aquele tempo. Eu costumava ser sincero na maior parte do tempo com todas as pessoas que estavam comigo, mas não estava sendo com Jimin sobre como eu realmente via as coisas.

Por isso, durante os quatro meses longe dele, eu consegui colocar a minha cabeça no lugar, portanto, não sabia se ele ainda estava disposto a me dar mais uma chance. Eu precisava correr o risco — eu precisava desse tempo.

Se eu quisesse que Jimin confiasse em mim, eu precisava ser transparente. Através de todos os meus impulsos, da minha consciência que me dizia que se expor iria me machucar, eu precisava que ele me conhecesse. Eu precisava tirar essa máscara.

Por anos, eu tive uma vida dupla. Quando estava com meus pais em Busan, antes mesmo da traição do meu pai, eu era uma pessoa completamente diferente na escola — estar com meus amigos era melhor que qualquer outra coisa.

Eu agia pelas beiradas, cercava as pessoas até conseguir o que eu queria. E não foi diferente com Jimin. Quando o vi na Senses pela primeira vez, eu soube que precisava tê-lo e faria qualquer coisa para conseguir. Gentileza sempre foi o meu ponto forte, porém, eu ainda precisava surpreendê-lo.

Mas Jimin era amável, sensível, e tinha um sorriso encantador que me fizeram repensar todas as minhas opiniões sobre "como conquistar esse cara". Jimin era bem-humorado, sincero e impulsivo — adjetivos que me fizeram suspirar incansavelmente por ele.