3|4 badlands

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As coisas sempre aconteciam de forma que não imaginávamos. Essa era a graça de viver — pelo menos eu achava que fosse. No dia em que conheci Jungkook as coisas mudaram e foram mudanças que me surpreenderam de várias formas. Eu nunca imaginei que em toda minha vida eu me sentiria tão cuidado e protegido por alguém.

Estar apaixonado nunca foi somente atração física. Era entrega, necessidade e confiança — essas eram as três palavras que seriam capazes de expressar o que significava estar apaixonado. Os dois lados da moeda; o bom e o ruim em toda a sua totalidade, aprendendo a cada dia como ser uma pessoa melhor para que no fim pudéssemos ver a pessoa sorrir. Era o frio na barriga, o suor frio nas mãos e a tremedeira incessante (ao menos eu me sentia assim desde o primeiro instante em que vi Jungkook), eram as concessões, a falta de apetite e os pensamentos repetitivos que sempre voltavam para uma pessoa somente.

Mas a paixão também era sofrimento. A etimologia da palavra vinha do latim passio- onis, que derivava de passus, particípio do passado de pati que significava sofrer em todos os termos da palavra (ao menos tinha sido essa explicação que Jungkook havia me dado em uma das noites em que passamos juntos).

— É usada para expressar desejo sexual — ele disse, acariciando com as pontas dos dedos a curva da minha cintura —, em toda caso, de forma mais abrangente e profunda do que a própria luxúria.

Eu suspirei e fechei os olhos sob seu toque.

— É bonito — murmurei, atordoado. — Mas também é liberação contínua de neurotransmissores.

Jungkook sorriu e beijou a minha bochecha.

— Prefiro pensar que é um sentimento mais palpável do que dopamina e noradrenalina — ele explicou e suspirou logo em seguida.

— Às vezes é perigosa — falei, abraçando o travesseiro e me virando de frente para Jungkook. — Sabia que pessoas apaixonadas têm um baixo índice de serotonina, como pessoas com TOC ou algo do tipo? Por isso elas se tornam irracionais.

— Ou como o efeito da cocaína — ele comentou e riu. — Estar apaixonado é uma droga mas eu gosto de estar apaixonado, principalmente por você.

Um sorriso se espalhou pelo meu rosto e a minha primeira reação foi beijá-lo. Ouvir que Jungkook estava apaixonado por mim poderia curar qualquer parte que doía do meu corpo até mesmo na região mais profunda da minha alma. Era terapêutico.

Eu o abracei e senti suas mãos deslizarem pelas minhas costas.

— Eu... — comecei a dizer mas por algum motivo as palavras se tornavam tão difíceis de pronunciar.

— Eu sei — Jungkook afirmou com um sorriso e beijou o meu pescoço para que eu soubesse que realmente tudo estava tudo bem não dizer em voz alta.

Eu estava aliviado mas mesmo assim uma onda de irritação fez meu estômago queimar. Não era justo que eu sentisse tudo o que vinha sentindo e não ter coragem de colocar em palavras.

— Eu preciso dizer... — falei e raspei os dentes incisivos pelo lábio inferior, nervoso. — Eu também estou apaixonado por você.

Confessar também poderia ser terapêutico, foi como se o meu coração pudesse bater mais livremente sem todo aquele peso o pressionando. Porém, tudo isso foi substituído por uma parede maciça de tristeza quando eu tive que me despedir de Jungkook mais uma vez.

Voltamos para Haeundae depois de um incrível fim de semana com os meus pais mas minha mãe decidiu que iria comigo para cuidar das coisas enquanto eu retomava minha rotina de estudo e trabalho na Senses e meu pai ficou em Nam-gu para cuidar da casa e trabalhar até que conseguisse sua aposentadoria, que aliás, já estava bem perto de acontecer.

Senses | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora