4|7 slumber

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Na primeira semana eu não estava no fundo do poço. Meus dias na Dynamite haviam me distraído de toda a melancolia que me tirava o sono durante a noite — trabalhar com Johnny e Lisa me ajudava a focar em coisas que seriam produtivas.

Mesmo que eu estivesse em um estado extremo de ansiedade e tristeza, conseguia ser útil no meu trabalho e preparei a cartilha de drinques em dois dias. Um lado bom de ser ansioso era isso, eu conseguia gastar toda a minha energia trabalhando.

Hoseok pareceu gostar das minhas ideias para os novos drinques do cardápio, pediu para que eu adicionasse drinques a base de gim e tequila, mesmo que eu não conseguisse pensar em nenhuma combinação para a última opção.

Na segunda semana, eu estava começando a procrastinar. O movimento na boate era insano e eu não tinha tempo para me lamentar ou encher a cara como eu queria fazer a dias. No meu bar, era comum formar fila, e mesmo empolgado eu comecei a preparar os drinques sem tenta motivação assim.

Em duas madrugadas seguidas, Johnny teve que me ligar para que eu não perdesse o horário e mesmo eu sabendo que poderia me atrasar e o valor ser descontado do meu salário, tentei dormir mais um pouco.

Eu estava começando a afundar.

Na terceira semana, eu não conseguia mais ir trabalhar sem repetir incansavelmente que eu iria conseguir, como um mantra. Minhas mãos tremiam e eu me sentia enjoado somente de encontrar toda aquela galera reunida em frente ao meu bar esperando que eu preparasse suas bebidas. Eu sei, não era do meu feitio deixar minha vida pessoal interferir no meu profissional, portanto, dessa vez, era impossível.

Eu estava enlouquecendo.

E na quarta semana, como esperado, eu me arrependi.

Depois de rolar para todos os lados da cama tentando encontrar uma posição confortável para dormir, eu percebi que isso era impossível. Meus pensamentos pertenciam a somente uma pessoa: Jungkook.

Eu não conseguia tirar da minha cabeça pilhada o olhar decepcionado dele, a expressão carregada, a maneira que esperava que eu não desistisse tão fácil. Por que eu tinha que ser tão imbecil? Isso estava me corroendo! Jungkook virou as costas e foi embora, e eu sabia que ele não iria mais voltar.

Sabia porque naquela quarta semana, eu tentei falar com ele. Mandei mensagem, liguei e mandei e-mail, mas não obtive resposta alguma. Era comum Jungkook se isolar quando estava chateado ou com raiva, ele evitava ficar com o celular na mão e evitava ficar entre seus amigos, porém, eu queria que ele soubesse que me arrependi.

Isso era loucura... Ou eu era indeciso e confuso demais. No entanto, eu tinha que me convencer de que me lamentar e choramingar não mudaria nada. Eu já tinha estragado tudo.

Quando fez um mês do meu término com Jungkook, eu saí do apartamento dos pais dele. Deixei a chave na portaria e pedi para que o síndico não avisasse ninguém que eu tinha ido embora, não queria que ninguém especulasse e muito menos queria atrair a atenção de Jaebeom, que com toda certeza viria em defesa do irmão.

Na mesma semana, Hoseok disse que havia um apartamento próximo a Dynamite que eu poderia alugar — era pequeno; dois quartos, um banheiro, sala e cozinha —, mas era perfeito para mim e para o meu bolso, já que o aluguel não era tão caro. E foi assim que eu segui os próximos dois meses seguintes.

Seulgi e Jin falavam muito pouco comigo, meus pais eram quem mais me ligavam e me mandavam mensagem para saber se eu estava me alimentando direito. Talvez, me manter um pouco longe dos meus amigos fosse melhor — eu com certeza não dividiria da mesma alegria deles.

Senses | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora