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Eu achei que o interrogatório dos meus pais levaria mais tempo para acontecer ou que nem chegaria a acontecer, portanto, eu estava redondamente enganado. Eles me encurralaram no meu quarto e iniciaram a sequência de perguntas.

— Jimin, você está namorando esse rapaz? — Minha mãe perguntou. Eu sabia que ela não estava chateada, mas sim preocupada. — Nós decidimos ficar aqui com você e seria legal se nos atualizasse sobre sua vida.

Eu suspirei. A verdade era que eu não estava namorando com Jungkook — ainda não —, mas estávamos caminhando em direção a um relacionamento mais sério. Pelo menos era o que tudo indicava.

— Nós estamos nos conhecemos — eu respondi e imediatamente senti o olhar do meu pai sobre mim. — É isso que acontece antes de duas pessoas começarem a namorar.

Meu pai suspirou e eu vi o queixo dele se retesar. Ele nunca dizia nada relacionado sobre minha orientação sexual, era como um simples detalhe sobre mim mesmo que para ele era invisível. Eu queria me acostumar com isso mas não conseguia.

— Nós sabemos disso — disse minha mãe ao olhar para o meu pai à espera de uma confirmação, mas ele apenas permaneceu me fitando. — Mas você sabe que é importante ter cuidado. Você conheceu os pais dele?

Um gosto ruim tomou conta da minha boca ao me lembrar do quão estranhos eram os pais de Jungkook, principalmente seu pai. Não gostar de mim não era um problema por enquanto e quanto mais a minha relação com Jungkook se firmava, mais receoso eu me sentia.

— Os pais dele são legais — eu respondi. — Ele tem um irmão mais velho também. No geral, eu não passei muito tempo com os pais dele então sei dizer muita coisa. — Minha mãe ficaria histérica se eu dissesse que desconfiava que o pai de Jungkook não sabia que o filho era gay.

Em determinadas famílias isso poderia ser um problema e também, porque Jungkook poderia ter mentido para mim quando disse que seus pais sabiam.

— Você pode trazê-lo para jantar aqui amanhã — disse minha mãe. Ela estava realmente interessada em saber mais sobre minha vida amorosa e por mais que eu achasse um pouco estranho, eu também estava contente em saber que isso era importante para ela. — Aquele dia ela estava com tanta pressa e não tivemos tempo para conversar.

Eu olhei para o meu pai.

— Tudo bem para você, pai?

Ele não me respondeu e sim voltou sua atenção para minha mãe e segurou-lhe as mãos.

— Querida, pode nos dar um minuto? — perguntou ele e minha mãe concordou no mesmo instante.

Era assim na maioria das vezes, só conseguiamos nos falar quando estávamos sozinhos.

— O quê você quer falar que a mamãe não pode saber? —Eu não tinha a intenção de ser rude mas eu raramente me atentava quanto ao meu tom de voz.

— Eu sei que eu nunca disse nada sobre essa vida que você leva. — Aquilo era grosseiro? Sim, mas eu não queria desviar o foco para corrigi-lo e dizer que eu não era nenhum traficante para ele falar daquela forma. — Meu amor por você é maior do que qualquer coisa, filho, mas eu não posso deixar de perguntar. Você tem certeza?

Como eu poderia duvidar de mim mesmo? Quer dizer, eu tinha muitas dúvidas quando era mais novo, era medroso e sempre me escondia por receio de decepcionar meus pais e meus amigos. Ninguém nasce 100% seguro e convicto de si mesmo, é somente com o tempo que nos reencontramos e nos aceitamos como somos.

Mas por outro lado, eu entendia o ponto de vista do meu pai. Eu sabia que lá no fundo ele desejava em me ver casado com uma mulher, ter dois filhos e morar em um edifício de classe alta na praia. Eu poderia conseguir todas essas coisa, mas eu conseguiria sendo eu mesmo.

Senses | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora