4|8 austral

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O Chuseok acontecia do dia 20 ao dia 22 de Setembro e era um dia especial em toda a Coreia: a época de agradecer pela colheita do ano. Era comum que em Haeundae eu me reunisse com minha família na casa dos meus avós para prestigiar refeições tradicionais, principalmente o bolinho de arroz.

Mas dessa vez era diferente.

Em vez de estar com meus pais e meus avós, eu estava com meus amigos e colegas de trabalho. SeokJin veio para Seul no último fim de semana para passar uns dias comigo e com Seulgi, Johnny, Lisa e Kun abriram mão de um dia importante para suas famílias para me fazer companhia, e isso não tinha preço.

Eu estava grato.

Desde a minha falha promessa de não beber mais a ponto de perder a consciência, não resisti quando Jin chegou com garrafas de soju e colocou todas elas sobre a mesa.

As primeiras garrafas foram tomadas com certa dificuldade já que eu estava alguns meses sem beber e as minhas caretas eram tão horríveis que beiravam ao vergonhoso. Quando eu estava terminando a quarta garrafa, Jin se levantou meio atordoado e andou até o rádio do outro lado da sala e colocou o volume da música no último.

Johnny estava estirado no meu sofá, jogando balas de goma para cima e pegando-as com a boca, Lisa e Seulgi estavam dividindo uma tigela de kimchi e Kun... Bom, ele estava sentado ao meu lado, rolando a lista de aprovados no teste de admissão daquele ano.

— Meu nome não está aí — falei, empurrando o celular dele para longe. — Eu não passei, Kun.

O meu pessimismo era muito irritante, mas eu era incapaz de controlar. Eu tinha feito o teste para Medicina Veterinária e aguardava o resultado sem muita esperança, ciente de que era um curso concorrido e as chances de eu ser aprovado eram mínimas.

— Você precisa confiar mais em si mesmo, Jimin — ele disse, perto demais para que eu pudesse ouvi-lo acima da música. — Eu me lembro de ter estudado horas a fio com você para esse teste.

Kun tinha razão, tínhamos estudado muito e eu me surpreendi ao notar o quão inteligente ele era. Em poucas semanas, eu estava conseguindo me manter focado nos simulados da faculdade e tendo uma noção de quantos pontos eu precisava para ser aprovado.

Por fim, no dia da prova, ele foi uma das pessoas que mais me apoiou além dos meus pais.

— Obrigado, Kun — falei, abandonando a garrafa sobre a mesa. — Eu juro que se passar nessa primeira chamada, vou cuidar muito bem dos seus cachorros quando me formar.

Kun abriu um sorriso bonito e eu me flagrei suspirando. Talvez fosse o efeito do álcool, mas de repente, ele se tornou extremamente atraente.

— O quê foi? — ele perguntou, coçando a sobrancelha em um gesto constrangido após notar meu olhar sobre ele. — Ji?

O silêncio se prolongou mais do que deveria e então, tornou-se desconfortável a ponto de me fazer levantar para quebrar o contato visual.

— Eu vou preparar mais bolinhos de arroz — falei, analisando ao redor em busca de mais uma garrafa de soju.

Em seguida, segui para a cozinha, devagar e atordoado demais para conseguir andar sem tropeçar, até que senti alguém segurar o meu pulso e me impedir de continuar andando. Ao olhar para o lado, vi o rosto de Kun e seus olhos castanhos brilhando para mim.

— Vou te ajudar — disse ele, simplista.

Na cozinha o som não chegava tão alto então, era possível conversar sem que fosse necessário gritar. Abri a geladeira e peguei uma travessa com arroz cozido e coloquei sobre a pia.

Senses | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora