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Uma semana sem celular não foi difícil de sobreviver. Porém, duas semanas já foram o suficiente para que eu quisesse arrancar meus cabelos.

Em terra de alguém sem celular, jogar videogame era como um oásis. Maior parte dos meus dias se resumiam a isto e quando chegava no trabalho conseguia me distrair com a barulheira e com o pessoal dançando. 

Portanto, na semana de Natal a Senses não abriria e isso significava que eu passaria tempo demais em casa e como se não bastasse, naquela manhã recebi uma ligação de minha mãe avisando que estaria em Haeundae amanhã pela manhã. A notícia fez eu e Seulgi abastecermos a geladeira, limpar a casa, mudar os móveis, lavar os banheiros e polir o chão. Tudo precisava estar em ordem para a minha mãe neurótica.

E também porque eu queria ocupar a mente, ter muito tempo livre me fazia pensar a todo segundo em Jungkook.

Será que ele estava magoado por eu não ter respondido aquela mensagem? E por que Jungkook não tinha rede social alguma para que eu pudesse avisá-lo de que havia ficado sem celular? 

Eu estava me sentindo mal e envergonhado por ter sido tão idiota. Por quê tinha que ficar sem celular justo agora? 

Irritado com a lentidão do tempo, minhas atividades também se baseavam em vasculhar sites de receitas para que pudesse fazer alguns pratos gostosos para os pais. Comprei a garrafa de vinho mais cara que encontrei e que pudesse pagar, queijo francês que era o favorito do meu pai e uvas passas para o arroz da minha mãe. 

Estava sendo prestativo porque no fundo eu estava empolgado para vê-los. Entregar a eles os pequenos presentes que eu havia comprado e simplesmente aproveitar o tempo em família. Poderia dedicar meus pensamentos a Jungkook em outro momento.

Quem dera. Eu poderia estar fazendo qualquer coisa, lá no fundo da minha mente ainda podia ouvir a voz dele e a sua risada, muitas vezes eu ria ao pensar em Jungkook. Aquilo era um pouco bobo e eu tinha plena consciência de que minhas atitudes e impulsos estavam sendo um tanto quanto incoerentes. 

Isso era estranho mas eu gostava de saber que quando Jungkook voltasse eu poderia vê-lo mais uma vez.

Quando o dia de Ações de Graças chegou, eu acordei cedo para encontrar meus pais no aeroporto e tive que aguentar sua mãe apertando minhas bochechas durante todo o caminho. Eu estava contente em tê-los por perto, em poder abraçá-los e dizer o quanto tê-los ali era importante mesmo quando meu pai agia de maneira distante e um pouco superficial.

Mas quando minha mãe e Seulgi estavam ocupadas na cozinha preparando o jantar, eu e meu pai ficávamos sozinhos, e então nós dois conseguíamos tomar uma iniciativa para conversar e matar a saudade.

Naquele início de noite, um pouco antes das oito, eu estava sentado na cama ao lado do meu pai.

— Vão ficar quantos dias? — perguntei, erguendo os olhos para encarar o rosto impassível dele. 

— Vamos partir dia 26 — respondeu ele e eu entreabri os lábios. 

— Ah — murmurei, percebendo que meu pai não falaria mais nada além daquilo. — Bom, vocês podem ficar até o fim de semana.

Os cantos dos lábios finos do meu pai repuxaram em um sorriso singelo.

— Não queremos atrapalhá-lo, filho. Viemos para ficar pouco tempo.

Eu suspirei.

Bem, estava frustrado porque fins de ano sempre eram um chute entre minhas pernas, porque meus pais ficariam apenas dois dias e a maior e mais derradeira gota que fez o copo transbordar, a falta do aparelho celular. 

Senses | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora