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O quê havia acontecido para eu perder a consciência daquele jeito?
Eu não sei. Eu não me lembrava de muita coisa antes de apagar, sangue quente escorrendo pelos meus lábios e uma dor lancinante na minha cabeça.
E ela continuava lá, latejando dentro dos meus ossos, pulsando atrás dos olhos, me fazendo ranger os dentes e retesar o maxilar. Eu levei minha mão até onde doía e senti algo fisgar sob minha pele, uma ardência que se espalhou quando eu movi a mão um pouco mais forte.
Respirei fundo. Cloro e álcool. Respirei fundo mais uma vez para reconhecer mais cheiros. Látex. Minhas pálpebras pestanejaram e doeram assim que tentei abrir meus olhos, queria saber onde estava e o que tinha acontecido, por que minha cabeça doía tanto?
Quando finalmente abri meus olhos, a claridade me incomodou. Pontos pretos e vermelhos salpicando sobre a imagem borrada do que parecia ser um teto branco. Coçei um dos olhos e senti novamente algo pinicar minha pele e intrigado, olhei para as costas da minha mão e vi uma agulha enfiada dentro da minha pele, perfurando a veia azulada. Meus olhos seguiram pela mangueira fina de soro até finalmente ver ao redor e dolorosamente reconhecer onde eu estava.
Era um quarto de hospital.
Eu deveria ter reconhecido pelo cheiro e o teto branco, mas estava tão confuso que não seria capaz de reconhecer nem o meu próprio quarto.
— Ei, que bom que você acordou.
Eu reconhecia aquela voz. Grave e profunda, carregada por uma rouquidão que parecia atingir o fundo da minha alma. Taehyung estava lá e eu conseguia decifrar seu sorriso quadrado num misto de preocupação e alivio.
— O quê aconteceu? — perguntei. Eu não sabia exatamente eu estava perguntando aquilo, as pessoas não iam para o hospital para tomar soro e cochilar. Algo sério parecia ter acontecido. — Por que minha cabeça dói tanto?
Eu vi os olhos de Taehyung escurecem com certo receio. Ele estava tenso, eu podia ver seus ombros rígidos sob a camiseta. Era tão ruim assim? Eu tinha levado um tiro e ficaria paraplégico? Por alguns segundos e discretamente, eu movi os dedos dos pés e percebi que eles ainda obedeciam aos meus comandos.
— Você levou uma pancada na cabeça — disse ele, o óbvio. — Uma coronhada para ser mais exato. Está com um ferimento na testa.
Agora tudo fazia sentido, ou quase tudo. Eu não sabia porque e nem como eu havia levado uma coronahda mas de qualquer forma, meu coração se apertou com uma sensação ruim.
— Isso explica a amnésia — eu murmurei baixinho e senti um riso quase escapar por meus lábios. — O quê exatamente aconteceu? É sério, você pode me dizer.
— Jimin... — Taehyung me chamou e foi um reflexo eu erguer os olhos e encará-lo, sentindo sua mão tocar o meu rosto. — A boate foi assaltada pela madrugada, mas está tudo bem agora e ninguém saiu ferido gravemente.
Tocar no assunto despertou algumas cenas distorcidas no fundo da minha cabeça. O homem alto, minha bochecha pressionada contra o chão e depois, um disparo. Eu me encolhi na cama e agarrei o lençol fino que me cobria.
— Onde está Seulgi? — perguntei, notando um desespero crescer no tom da minha voz a cada palavra. — Ela está bem?
— Ela está na enfermaria, estava em choque — explicou ele, suavemente. — Todo mundo está bem por sua causa.
Eu uni as sobrancelhas, confuso. Portanto, não demorou muito para que eu me lembrasse do que tinha feito, correndo para a cabine telefônica e digitando o mais rápido possível o número da polícia. Eu ainda podia ouvir a voz da mulher que me atendeu e pediu para que eu ficasse com ela do outro lado da linha.
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Senses | jjk + pjm
FanficJimin é um barmen habilidoso que trabalha na boate SENSES, uma das mais badaladas de Busan. Ele está acostumado a servir bebidas para clientes de todos os tipos, mas sua vida muda quando conhece Jungkook, um estudante de direito com gostos e interes...