Capítulo 77.

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Ellen...

Embalei Eva em meus braços a vendo mexer os bracinhos aleatoriamente, é a coisinha mais perfeita que eu já vi na minha vida, beijei sua testa e sorri, todos a volta falavam animados, comentando sobre a mais nova integrante do grupo. Senti algo escorrer pela minha perna e nem precisei dar uma olhada para baixo pra saber que minha bolsa estourou, “essas meninas querem mesmo fazer tudo juntas”.

- Henry pegue a sua filha, porque as minhas pelo visto querem conhece-la. – Me virei pra ele que pegou Eva dos meus braços com uma expressão confusa no rosto, até o barulho atrair sua atenção.

Confirmei com a cabeça e olhei procurando John, em um segundo ele estava do meu lado com uma expressão alargada no rosto.

- Mas ainda é cedo. – Quase gritou me guiando para fora do quarto.

- Diga isso pra elas não pra mim. – Quase gritei de volta.

Fora do quarto ele gritou chamando uma enfermeira que passava lhe contando que estourou a bolsa, ela saiu apressada, todos estavam agora fora do quarto de Meg olhando para mim preocupados, pouco tempo depois um enfermeiro chegou até nós com uma cadeira de rodas.

- Olá senhora, sente-se por favor. – Acenei e me sentei com a ajuda de John. – A Mandy foi chamar a doutora Montgomery de volta, vou levá-la para o quarto e cuidar da internação. – Olhou para John. – Vamos senhor?

- Vamos.

O enfermeiro empurrou minha cadeira e John seguiu ao meu lado e pela sua postura eu sei que está desconfortável e com ciúmes por o enfermeiro ser homem, mas no momento não estou me importando com isso. Ele nos conduziu até a sala e deixou a cadeira do lado da cama se inclinando para me ajudar a deitar.

- Pode deixar que eu deito a minha mulher na cama. – John se apressou em falar, adiantando-se me pegou no colo me colocando gentilmente sobre a cama.

O olhei com vontade de rir por ele estar com ciúmes em uma hora dessas, é inacreditável mesmo. O enfermeiro saiu e entrou novamente com um tablet nas mãos, fez algumas perguntas, pediu a minha assinatura e a de John e fez a minha internação.

Pouco tempo depois a doutora Montgomery apareceu vestindo uma saia lápis vermelha até os joelhos e uma blusa branca de seda seus cabelos soltos balançando ao vento.

- Olá, então elas resolveram sair também. – Sorriu nos olhando.

- Parece que sim, a bolsa estourou. – Falei.

- Certo, vocês quase não me pegam mais aqui, eu estava no estacionamento. – Aquilo me fez sentir culpada por a prender aqui depois de um plantão, mas ela é minha médica e as meninas vão nascer.

- Me desculpe. – Falei em um tom baixo.

- Imagina é pra isso que estou aqui. – Ela sorriu. – Você está sentindo contrações?

- Não.

- Tudo bem. – Virou para a enfermeira que foi buscá-la. – Mandy leve a Ellen para a sala de exames, vamos fazer um ultrassom para ver se as meninas continuam na posição errada.

- Sim senhora. – Percebi nesse momento que o enfermeiro tinha saído. 

- Eu vou me trocar e encontro vocês na sala em alguns minutos, vamos trazer essas garotas ao mundo. – Virou-se e saiu do quarto.

- A senhora pode voltar para a cadeira? – Mandy perguntou amavelmente.

- Claro que sim.

John me ajudou a descer da cama e sentar na cadeira se colocou atrás dela me empurrando, no corredor nossos amigos nos olhavam atentos, esperando por uma notícia, apenas Meg não estava ali.

- Liguem para os nossos pais. – John quando passamos por eles. – E para Adam, diga pra ele não esquecer a câmera. – Parou um pouco falando e levou a mão bolso pegando as chaves do carro e atirando na direção de Iam. – As duas malas estão no carro, pegue pra mim por favor. – Semana passada quando John insistiu que eu arrumasse as malas da maternidade para deixar no carro eu achei que ele era exagerado, hoje eu percebo o quanto estava certo, se não tivesse feito isso tínhamos sido totalmente pegos de surpresa.

- Deixa com a gente. – Iam falou. – Vão ter essas bebês.

- Obrigada. – Falamos.

- Boa sorte. – Falaram ao mesmo tempo. 

Acenamos e seguimos caminho para a sala de exames, tive que esperar quase 20 minutos para uma sala vagar e eu poder entrar pra me preparar pro exame, por sorte eu não estava com dor, por outro lado isso me deixava apavorada.

**

John...

Estava muito nervoso, ainda não tá no tempo e o medo de alguma coisa dar errado sobe pela minha espinha me fazendo gelar por dentro, embora eu tente não demonstrar por fora o que eu sinto para não alarmar a Ellen, a última coisa que ela precisa nesse momento é que eu aumente seu nervosismo. Meu dever agora é lhe dar apoio e estar ao seu lado e obviamente não desmaiar no parto.

A doutora Montgomery está examinando minha mulher e eu permaneço ao seu lado segurando sua mão olhando para o monitor sem saber o que esperar olhar, depois de desligar o ultrassom ela faz um exame de toque na barriga e na região íntima de Ellen, afere sua pressão e os batimentos cardíacos.

- Bem, vocês três estão saudáveis e a hora do parto chegou. – Falou tirando as luvas depois de se afastar da cama. – Não se preocupem, eu sei que ainda é cedo, mas eu falei para vocês que é comum gestações de gêmeos terem parto antes das 37 semanas lembram? – Assentimos em concordância. – Elas não se posicionaram para o parto normal, poderíamos tentar reposicionar, mas seria um pouco arriscado já que são gêmeas e pelo fato de o cordão umbilical está enrolado próximo a bebê dois, quando mexer ele pode se envolver no pescoço. 

- Faça a cesariana. – Ellen falou sem pestanejar. – Eu falei que queria parto normal, mas só faça o que é mais seguro. – Ela me olhou e apertei sua mão lhe concordando. 

- Eu só quero as três saudáveis. – Falei olhando para a médica.

- Ótimo, faremos a cesariana então. – Falou calmamente. – Quando foi a última vez que comeu?

- No café da manhã. – Ellen falou e eu a olhei. – Almocei pouco por que estava sem fome e vomitei antes de vir pro hospital.

- Por que você não me disse? – A olhei chateado por ela não ter falado comigo o que estava sentindo.

- Eu senti meu estômago estranho, não estava enjoada, mas estava estranho, achei que era nervosismo pelo parto de Meg. – Ela me olhou com uma expressão triste no rosto. – Desculpe.

- Tudo bem, mas não volte a me esconder coisas por favor. – Beijei sua mão.

- Prometo.

- Ótimo, podemos preparar você para a cirurgia agora, vou me preparar e chamar a equipe, faremos esse perto o quanto antes. – A média anotou algo do tablet. – Você vai querer acompanhar o parto John?

- Sim, irei. – Eu jamais perderia o parto das minhas filhas.

- Ótimo, a Mandy vai conduzi-los.

Se virou nos deixando sozinhos na sala de exames, me inclinei sobre minha linda esposa a beijando e acariciando seu rosto suavemente.

- Vamos ter as nossas filhas. – Falei sorrindo.

- Vai correr tudo bem não vai? – Ela me olhou preocupada.

- Vai sim minha linda. – Falei tentando convencer nós dois.

Ela se ajeitou sentada na cama e me puxou para um abraço apertado, ou o mais apertado que a barriga entre nós permitia. Beijei seus lábios de forma terna e doce, nos separamos somente quando ouvimos a porta se abrir. Liguei para Tyler para avisar que estávamos indo pro parto.

Ajudei Ellen a sentar na cadeira e segui a enfermeira até que ela a levou para dentro da sala de cirurgia e eu fui conduzido para me arrumar antes de entrar no centro cirúrgico, antes de entrar ouvi passos apressados e me virei vendo Adam correndo em nossa direção, Meg e Henry não quiseram fotografar o nascimento de Eva, mas Ellen insistiu que quer fotos do parto.

- Oi, quase me perco no caminho. – Ele falou ofegante e veio me abraçar. – Está tudo bem? – Perguntou com preocupação na voz.

- Está sim, obrigada por vir tão rápido. – Falei me afastando.

- Nunca que eu ia perder o nascimento das minhas sobrinhas. – Ele sorriu. – Trouxe os primeiros bichinhos de pelúcia delas.

- Mais? – Ri balançando a cabeça e me virei para a enfermeira que nos aguardava. – Ele vai acompanhar o parto, vai tirar fotos.

- Sim senhor. – Ela nos olhou. – Me acompanhem.

Seguimos para uma sala pequena, lavamos as mãos, vestiram aventais amarelo claro na gente, colocamos touca, luvas, máscara e até uma proteção para os sapatos.

- Eu estava aproveitando antes de vocês chamarem pra tirar algumas fotos de Eva, é uma coisinha linda não é. – Adam falou enquanto no arrumávamos.

- Sim ela é, a perfeita junção dos dois. – Sorri.

- Trouxe um leãozinho para ela igual aos das gêmeas, já que as três resolveram nascer praticamente juntas. – Entramos na sala de cirurgia e Ellen já estava lá, assim como a médica e várias pessoas. – E aí gostosa como está. – Olhei na direção de Adam com as sobrancelhas arqueadas e ele levantou as mãos. – Vou parar com a mania. – O jeito dele me fez rir.

- John. – Ellen me repreendeu sorrindo. – Estou bem Adam obrigada por vir. 

- Ele trouxe mais pelúcias. – O dedurei.

- Adam vou acabar tendo que comprar uma casa só pra guardar as pelúcias. – Ela reclamou.

- Exagerada. – Ele resmungou.

Todos na sala nos olhavam divertidos e provavelmente tentando entender a nossa peculiar interação, a doutora Montgomery chamou nossa atenção quando nos calamos. 

- Eu sei que tem muita gente na sala, mas é necessário. – Falou calmamente. – Esse é Charles o nosso chefe da pediatria e esses dois são residentes dele, Choi e Curry. – Apontou para um homem um tanto corpulento por volta dos 40 anos e um homem e uma mulher notavelmente mais jovens. – Esse é a doutora Minick minha residente. – Apontou para a mulher ao seu lado. – Esse são enfermeiros e esse o anestesista que acabou de aplicar a sua anestesia. – Apresentou todos na sala, disse seus nomes, mas eu não lembrei deles. – Podemos começar?

- Por favor.  – Ellen disse.

- Vou fazer o teste para saber se a anestesia pegou.

Fui para o lado de Ellen e segurei sua mão enquanto colocavam um pano azul a impedindo de ver o que aconteceria em sua barriga, a olhei todo o momento lhe dando coragem. Ouvi a médica anunciar que ia começar e não desviei os olhos dos dela lhe dando apoio.

- Olhe, eu quero que veja como elas estão. – Me pediu.

Assenti e me virei me afastando a ponto de ver a médica tirando um pequeno bebezinho um pouco arroxeado e sujo de sangue e algo branco, seus cabelos eram muito pretos e espessos.

- Ela é perfeita. – Falei com a voz embargada ouvindo Adam tirar algumas fotos.

- Quer cortar o cordão papai?

- Sim. – Me aproximei.

Ela me entregou a tesoura e eu cortei o cordão umbilical enquanto Adam tirava fotos. A médica a entregou para um residente o bebê que chorava e voltou para tirar a outra que logo estava fora do corpo de Ellen e era exatamente igual a anterior, a essa altura eu já chorava.

- Também é perfeita. – Olhei para Ellen que também chorava.

Cortei o cordão dessa também que começou a chorar antes da outra a médica a entregou ao outro residente.

- Duas bebês perfeitas, parabéns. – Falou enquanto cuidava da incisão.

Voltei para o lado de Ellen e lhe beijei os lábios imensamente feliz enquanto esperava que nos trouxessem nossas bebês, quando finalmente trouxeram os dois embrulhinhos eu pude ver melhor, seus narizinhos pequenos, os olhinhos fechados e a pele escura como a da mãe. Eram perfeitas, uma delas tinha um sinalzinho na mandíbula do lado esquerdo perto da orelha.

- São perfeitas. – Ellen chorou as embalando no colo.

- Eu amo vocês três. – Falei beijando as testas de cada uma, sabia que Adam ainda tirava fotos. – Obrigada. – Sussurrei me sentindo completo agora, lágrimas escapavam dos meus olhos.

- Eu te amo. – Ela disse com a voz embargada pela emoção. – Acho que deveríamos escolher os nomes.

- Acho que sim. – Sorri. – Você escolhe o nome dessa. – Apontei para a que nasceu primeiro.

-Tudo bem. – Ela avaliou a bebê em seu colo. – Lílian.

- Nome lindo. – Sorri.

- Sua vez. – Ela olhou para a outra. – Você viu que ela tem um sinalzinho?

- Eu vi sim, vai facilitar a nossa vida. – Ela sorriu concordando. – Vai se chamar Thaís.

- Lindo nome.

Meu peito queimava de felicidade, olhando para o meu mundo inteiro ali do meu lado, acariciei as bochechas das três e fiquei sorrindo como um bobo para aquela perfeição que tínhamos feito.


**

Ellen...

Fechei os olhos reclinando a cabeça no travesseiro, a anestesia está começando a passar e sinto minha região pélvica muito dolorida, porém nada disso importava, pois, minhas filhas nasceram saudáveis, vamos as três ficar bem. Abri os olhos e virei a cabeça para o lado vendo berço onde elas foram colocadas, demorou um pouco para trazerem elas pra mim, mas elas estão bem desenvolvidas e não vão precisar de incubadora o que me deixou muito mais relaxada.

Um Toque de Confiança - Meu Clichê (Livro 2) (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora