Capítulo 30.

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Ellen... 

Estava estacionando o carro na garagem do meu prédio quando ouvi meu celular tocar dentro da bolsa, parei na minha vaga, peguei a bolsa no banco ao meu lago, sai do carro travei as portas e só então peguei o celular, olhei para a tela vendo o número de Pria.

Ligação on*

- Oi. - Falei atendendo o telefone.

- Oi, eu tava de plantão e acabei nem tendo tempo de lhe retornar antes. – Ela diz explicando o motivo de eu ter ligado mais cedo e ela não ter atendido. – Foi uma loucura hoje no hospital.

- Muito pacientes? – Perguntei caminhando para o elevador. 

- Sim, teve um grande acidente. – E ela começou a contar o seu dia enquanto eu ouvia a tudo atenta e fazia alguns comentários.

Entrei no apartamento e segui para o quarto, tirei meus sapatos guardei a bolsa, coloquei o celular no viva voz enquanto trocava de roupa. Conversamos sobre nossa semana.

- Então, você me disse que vai tirar férias em breve? – Entrei no assunto que era o motivo da minha ligação de mais cedo.

- Sim, na verdade eu já deveria ter tirado, mas estávamos com falta de pessoal então adiei em um mês. – Ela falou bocejando. – Quando eu sair de férias vou visitar minha família e você.

- Ótimo, é nesse ponto que eu quero chegar. – Falei me sentando na cama. – Sabe as fotos que eu fiz quando estava aí?

- Sim.

- Vou fazer uma exposição com elas. 

- Sério? Que incrível, você merece, é uma ótima fotógrafa. – Ela falou animada.

- Obrigada. - Agradeci sorrindo. - Então, a exposição acontece em pouco mais de um mês e eu adoraria que você estivesse aqui.

- Eu ia adorar. – Ela falou prontamente. – Me manda o dia certinho que eu tento adequar a visita ao dia do evento.

- Que bom, eu fico muito feliz, é muito importante pra mim que você venha. - Falei com sinceridade.

Conversamos por mais alguns minutos antes de desligar a ligação, Pria estava quase caindo de sono.

Ligação of*

Quando cheguei na sala encontrei Carol preparando uma forma de vidro com batatas temperadas, lavei as mãos e fui ajuda-la a preparar o jantar.

- Como foi seu dia? – Perguntou.

- Sabe aquele acontecido da semana passada? – Falei enquanto cortava mais batatas.

- O cara racista? – Ela perguntou indo até a geladeira parar o queijo.

- Exatamente. – Ela balançou afirmativamente a cabeça. – Voltou no estúdio hoje.

- Aí tem coragem viu, por que noção não tem. – Ela falou bufando.

- Dessa vez ele foi com a filha que descobriu o que aconteceu e fez questão de levar o pai lá e fazer ele se desculpar comigo.

- Sério? – Carol pareceu surpresa.

- A mulher chegou quase arrastando o pai, disse que estava imensamente envergonhada e chateada pelo que aconteceu e que assim que soube fez questão de levar o pai pra se desculpar. - Contei vendo Carol revirar os olhos.

- E ele se desculpou?

- Sim, pediu desculpas que não me pareceram nem um pouco sinceras, tive que aguentar o circo todo e me esforçar pra não mandar tirar ele do prédio de novo. - Falei bufando.

- Tenho nojo desse tipo de hipocrisia, a pessoa pede desculpa e fala que tava errado só pra não pagar de racista, preconceituoso, mas no fundo continua com o mesmo pensamento. - Ela disse com raiva.

- Sim, de nada servem as desculpas nessa situação.

Conversamos enquanto colocávamos as batatas no forno e preparávamos um molho de queijo, Carol fez ainda bife no forno e legumes no vapor. Falamos sobre casos de preconceito pelos quais passamos, ri quando Carol disse que se alguém fizer algo parecido com a Beatriz na sua presença ela senta a mão na cara.

- E o seu dia como foi? – Perguntei nos servindo vinho, a comida já está no forno e agora é só esperar.

- Foi tranquilo. – Ela falou pegando a taça que eu lhe ofereci. – Sabe o Andrew Clark? - Perguntou pegando a taça que eu lhe entreguei.

- Sei. – Beberiquei do meu vinho me deliciando com o sabor adocicado e suave. - O que tem ele?

- Então, ele foi até a firma hoje, nos contratar.

- Ele se meteu em alguma coisa errada? – Perguntei já ativando meu modo fofoqueira.

- Não, é que ele tem rede de academias e decidiu mudar o nome e abrir uma cede nova. – Ela foi explicando o caso. – E ele está sem advogado no momento, aí foi até a gente. - Ela respondeu rindo.

- Que legal. – Falei reabastecendo minha taça com vinho. – Você quem vai pegar o caso dele?

- Exato. Ele vai ser meu cliente.

- Que legal. – Falei sincera. – Ele é um cara bem legal.

- Ele realmente é, um pouco fechado, mas parece uma pessoa boa e bem decido quanto aos negócios. - Ela falou pensativa.

- Que bom. – Comecei a rir. – Ele parece um armário né?

- Parece sim, puta merda o homem é tão grande que dá medo. – Ela falou me acompanhando na risada. – Sem querer estereotipar, mas já estereotipando não entendia como um professor universitário de literatura era tão musculoso, mas agora sabendo das academias faz todo o sentido. - Ela comentou rindo ainda mais que antes.

- Meu Deus Carol. – Ri do seu comentário. – Você é horrível.

- Será que ele faz supino ouvindo áudio book?

- Acho que professores universitários são pretensiosos demais para ouvir áudio book. - Comentei sarcasticamente.

- Eu que sou horrível? – Ela levantou uma sobrancelha.

- É a convivência. – Falei apontando para ela.

- Só se foi a convivência com as pessoas na Índia por que quando chegou aqui já tava assim.

- Olha ela, só tirando o corpo fora.

Continuamos conversando, pouco tempo depois o jantar ficou pronto e nós comemos na sala vendo um filme de comédia, quase estrago o tapete com vinho quando me engasguei de tanto rir.

** 

John... 

Parei em frente ao Salt e saltei do carro ansioso para encontrar com minha linda, praticamente não tivemos tempo de ficar juntos essa semana, nos vimos apenas uma vez, por que eu tive alguns compromissos de trabalho e ela também, então hoje vamos jantar juntos. Ela me mandou uma mensagem avisando que estava em uma reunião com um cliente e acabou de sair, está no trânsito vindo pra cá.

Entro pego a mesa de sempre que é a mesa reservada para Henry ou Tyler e me sentei pedindo um vinho enquanto espero por ela. Abri meu e-mail, respondi alguns importantes, respondi algumas mensagens até que ouvi passos e levantei a cabeça vendo ela vindo em minha direção. Abro um sorriso instantaneamente, mas este morreu assim que meus olhos pousaram sobre suas roupas.

“Que porcaria é essa? Por que ela tá com os peitos ao vento? Que absurdo.”

Ela está usando uma calça azul escura com blazer da mesma cor e sapatos de salto alto também, por baixo do blazer ele está com uma camisa azul clara com alguns botões abertos formando um grande decote que deixa seus seios em evidência.

- Boa noite. – Ela disse se inclinando e me dando um selinho, quando ela fez isso seu decote ficou ainda mais evidente. “Puta merda.”

- Boa noite. – Ela se sentou a minha frente. 

- Eu te fiz esperar muito? – A servi um pouco de vinho. 

- Não, cheguei tem menos de 20 minutos. - Falei lhe olhando.

- A reunião demorou mais do que eu esperava. – Ela falou bebendo um pouco de vinho.

Um garçom veio perguntar se queríamos alguma coisa, fizemos o pedido, o homem olhou para o seu decote descaradamente enquanto anotava o pedido e isso me deixou com vontade de bater nele. "Ninguém respeita mais as pessoas?'

- Você esteve tão ocupada no trabalho que não teve tempo de fechar os botões da camisa? – Quando dei por mim já tinha falado.

- Estava um pouco sufocada de ficar o dia inteiro com a camisa fechada até o pescoço. Então abri os botões quando vinha pra cá, obviamente eu não ia trabalhar com o decote desse tamanho. – Ela falou parecendo ofendida. – Por que? Algum problema? – Ela perguntou levantando o nariz e me deixando surpreso.

- Não, sem problemas. – Falei, tentando encerrar a conversa. – Você quem sabe como se veste. – Dei de ombros. 

- Exatamente, eu sei como me vestir. - Ela respondeu em um tom ácido.

- Me desculpe, não quis ser rude ou invasivo. – Falei não querendo chateá-la. – Eu falei besteira, me desculpe. – Falei sincero.

- Tudo bem. 

Ela balançou  afirmativamente a cabeça e ficou mexendo na taça, ficamos por um tempo em silêncio durante o qual eu tentei imaginar um jeito de iniciar uma conversa, pois sentia que a  tinha deixado chateada, mas não foi essa a minha intenção, como eu deveria me comportar vendo minha mulher andando por aí com os peitos ao vento e os homens olhando? 

Depois de um tempo perguntei como foi o seu dia, ela começou a me contar sobre ele, o ensaio que teve, a reunião, a movimentação no estúdio, os candidatos novos que ela entrevistou. Sua empresa não para de crescer e isso a deixa muito contente e orgulhoso, daqui a pouco os três andares que eles usam não será o suficiente para comporta-los. Ela é uma mulher brilhante e determinada e pelo que conheço do Adam ele é um ótimo profissional, então eles têm um futuro brilhante pela frente.

O nosso jantar chegou e começamos a comer enquanto conversávamos.

Falei um pouco como foi o meu dia, pegamos um cliente novo com uma campanha grande, Iam e Ella estão trabalhando dia e noite nela. Falei também da Imobiliária, estou atarefado demais esses dias cuidando das duas empresas, pois Matt o braço direito do meu pai na empresa teve que passar por uma cirurgia de remoção de apêndice e vai ficar no mínimo um mês afastado do seu posto, o que deixou meu pai sozinho no comando da empresa e obviamente cabe a mim ajudá-lo nossa tarefa. 

Dividimos a sobremesa, pois segundo Ellen já tinha comido demais, pegamos uma fatia grande de uma cheesecake de frutas vermelhas, o doce estava uma delícia, eu amo cheesecake e o do Salt é o melhor que eu conheço.

- Esse cheesecake está maravilhoso, só não é o melhor do mundo por que o da minha mãe que é. – Ellen falou comendo animada.

- Sua mãe faz cheesecake? – Perguntei de boca cheia e ela rio.

- Sim, o melhor do mundo. – Falou com orgulho. – Minha mãe é ótima com doce, parece que tudo que passa pela mão dela fica bom. – Falou gesticulando. – Eu claramente não herdei esse dom.

- Adoraria provar dos doces da sua mãe, pra mim esse é o melhor do mundo. – Falei apontando para o prato entre nós.

- O da minha mãe é o melhor do mundo, a crosta de biscoito é perfeita, o recheio é cremoso e levinho. – Ela disse me fazendo ficar com água na boca. – É tão bom que você seria capaz de roubar da porta do seu vizinho. - Falou me fazendo rir. - Tão bom que se caísse no chão você ia querer catar os pedacinhos para comer e não desperdiçar.

- Tá bom, chega dessa conversa, tá me fazendo passar vontade. – Falei pousando o garfo no prato vazio e vendo ela rir.

- Da próxima vez que ela vier me visitar eu vou pedir pra ela fazer um e você vai poder provar.

- Vou cobrar hem. - Ela rio quando eu falei. 

Rimos chamando um pouco de atenção das massas ao redor, depois de nos controlar pedi a conta e saímos do restaurante. A segui com o carro até o seu apartamento e estacionei na vaga de Carol que estava na casa da Beatriz, assim que entramos no elevador a tomei nos braços lhe beijando com paixão, parecia que nossa mini discussão estava esquecida e eu dei graças a Deus por isso, a última coisa que eu quero é que uma situação assim nos atrapalhe, eu definitivamente preciso aprender a me controlar.

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Elas falando do Andrew. 😂😂😂😂

Povo hipócrita pede desculpa do pra passar bem.

John ciumento, novidade.

Até terça.  😍😘

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Um Toque de Confiança - Meu Clichê (Livro 2) (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora