Capítulo 36.

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Ellen...  

Me levantei para ir no banheiro enquanto esperávamos pela sobremesa, a noite inteira foi tensa, toda hora o John ficou me enchendo o saco, falando que alguém estava olhando pra mim como se eu tivesse algum controle sobre isso. Depois de fazer o que tinha de fazer sai do banheiro e segui em direção a mesa, um homem me abordou e eu me livrei dele.

- O que aquele homem queria? – John perguntou assim que sentei. – Ele ficou te comento com os olhos enquanto você se afastava. - Falou em tom acusatório.

- E eu posso mandar nos olhos dos outros agora? – Falei um pouco rude, já estou de saco cheio. – Ele deu em cima de mim e como você pode ver eu o dispensei.

- Claro que deu, você vestida desse jeito. – Apontou para mim chamando atenção das pessoas da mesa vizinha.

- O que você está querendo dizer?

- Estou dizendo que se você se desse ao respeito não teria chegado a esse ponto. – Ele falou alto. – Mas, parece que estava querendo atenção masculina. - Ele falou entre dentes.

"Ele esta me chamando de VAGABUNDA? Dizendo que eu procurei atenção? Eu só posso está ouvindo coisa."

Quando vi minha mão já estava na cara dele e eu me tremia de raiva.

- Nunca mais fale assim comigo. – Falei alto não me importando com os olhares ao redor já tinha chamado atenção com o tapa mesmo.

Levantei e sai do restaurante ouvindo ele me chamar, nem olhei pra trás e segui o mais rápido que meus saltos permitiram para fora do lugar, por sorte um táxi acabava de deixar um cliente, entrei sem demora e dei o endereço para ele falando para ir o mais rápido possível.

- Me espere aqui, vou apenas pegar minha mala. – Falei assim que o carro parou em frente a casa. – Pode cobrar o tempo de espera.

- Sim senhora. – Quando sai do quarto não pude mais segurar e lágrimas rolaram pelo meu rosto.

Subi rapidamente a escada e entrei no quarto juntando minhas coisas que estavam espalhadas por ele, ouvi um carro parar cantando pneu na rua e em seguida passos apressados escada acima. Nesse momento meu coração gelou e eu fiquei  com receio do que ele é capaz.

- Por que tem um táxi parado lá fora? – John perguntou entrando no quarto. – O que você tá fazendo?

- Não tá vendo? Arrumando as minhas coisas pra ir embora. - Falei com raiva.

- Espera, vamos conversar. – Ele disse segurando meu braço quando eu passava para o banheiro.

- Me solta. - Forcei tentando soltar meu braço.

- Vamos conversar. – Ele falou mais alto me puxando pra si.

- Conversar sobre o que? – Falei alto puxando meu braço do seu agarre. – Você vai me pedir desculpa e dizer que vai mudar, então da próxima vez que sairmos vai fazer tudo de novo.

- Não, eu juro que vou mudar, eu vou me controlar, é  que tenho ciúmes demais, eu te amo. - Ele falou tudo rápido demais.

- As vezes amor não é suficiente John, é preciso respeito e confiança e hoje você mostrou que não tem nenhum desses dois por mim. – Eu sentia meu coração se partindo no peito. – Eu te amo, mas preciso ter amor próprio, não vou aceitar você gritar comigo toda vez que sentir ciúmes ou achar que pode mandar nas minhas roupas, fazer uma cena e depois pedir desculpas, daqui a pouco você vai querer me afastar dos meus amigos. O nome disso John é relacionamento abusivo e eu não vou entrar numa merda desse consciente. – Me doía me afastar dele, mas era o melhor a fazer e uma parte minha ainda gritava que tanto ciúme era por que ele escondia algo.

- Não, eu jamais tocaria um dedo em você? - Seus olhos estavam marejados e sua voz soava triste.

- Será mesmo? Porque sempre começa com brigas que parecem simples. – As lágrimas rolaram pelo meu rosto.

- Não eu não faria, eu juro. – Apenas o olhei, enquanto ele parecia magoado.

- Você acha que eu vou deixa acontecer comigo igual com a Hilary? Ninguém me contou ao certo o que houve, mas eu tenho certeza que foi pior do que me disseram.

  - Eu mudei. – Ele se aproximou. – Não sou mais aquele homem.

- Mudou mesmo? – Levantei uma sobrancelha. – Porque você vem agindo como um ciumento possessivo. - O acusei.

- Eu prometo que vou melhorar, vou mudar e nunca mais vou te tratar da maneira que tratei hoje. – Ele disse chorando. – Vou procurar ajuda, eu vou ser bom pra você. – Lágrimas grossas escorriam pelo seu rosto.

- Mude por você, porque sabe que está agindo errado e magoando as pessoas, porque você quer melhorar e não porque é o único jeito de me ter, pois assim a mudança não é verdadeira. – Falei em lágrimas, meu peito doía tanto que eu sentia que ia me sufocar.

- Você acha que eu gosto de ser assim? – Ele falou recuando como se eu o tivesse atingido. – Você vai ver, eu vou mudar.

- Ótimo, mas, enquanto isso não acontecer, enquanto não me senti segura com você, eu vou me manter longe.

Falei decidida e me afastei em direção ao banheiro,  ele ficou me olhando arrumar minhas coisas com olhos tristes e lágrimas escorrendo pelo rosto, me destrói vê-lo assim, mas se eu ficar e perdoar sei que vai acontecer de novo e antes de as coisas pioraram e se quebrarem sem volta eu prefiro me afastar para não me machucar mais. Terminei de arrumar  tudo e ele ainda estava parado no meio do quarto me olhando, pegou minha mala e desceu com ela, entregando para o taxista que esperava encostado ao carro.

Nos encontramos na porta e tudo que eu queria era me jogar em seus braços e dizer que o amo, mas tenho consciência de que e se eu fizer isso, nossa relação que ainda está no começo vai ficar abalada e talvez de forma irreversível e se eu for embora agora talvez nós tenhamos um futuro é a nossa melhor chance.

- Até mais. – Falei tocando seu rosto.

- Ellen. – Ele tocou rosto e sorriu mesmo com os olhos tristes.

Um Toque de Confiança - Meu Clichê (Livro 2) (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora