Capítulo 27.

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Ellen...

Cheguei em casa no domingo pouco passando das 10 da manhã e encontrei Carol e Beatriz fazendo o almoço entre beijos, dei bom dia e passei direto para o meu quarto. Tomei um banho rápido sem molhar os cabelos, sai do box enrolada em uma toalha e me olhei no espelho, estou com olheiras profundas e um pouco abatida, efeito de uma noite mal dormida.

Passei a noite inteira me acordando devido a pesadelos. Primeiro sonhei com John batendo em um homem como ele fez ontem, em seguida ele se virava pra mim e dizia que era minha culpa, segurava meu braço com força e me arrastava para fora do lugar, quando eu tentava me soltar ele dava um tapa. Depois eu sonhei com meus pais mortos, eu chorava sobre os corpos e a dor era tão grande que até agora meu peito estava apertado só de pensar naquilo, acordei Natalie e Iam com o meu choro e eles me acalmaram. Depois sonhei com o dia na boate, quando eu descobri que Lincon estava me traindo, eu olhava para a escada da área Vip e via ele beijando uma mulher, mas quando os dois se afastavam não era Lincon, mas sim John quem estava ali. Acordei ofegante e com lágrimas nos olhos, só depois de muito tempo eu consegui dormir e dessa vez graças a Deus sem voltar a ter sonhos.

“Será que eles significam algo? Eu sonhar com o John fazendo algo violento é compreensível depois do que aconteceu ontem, mas com meus pais não faz sentido. Ser a que aconteceu algo?”

Sentindo meu peito apertar, um nó se formar se formar em minha garganta e aquela ideia horrível martelar na minha cabeça corro para o quarto e pego meu celular. Ligo para minha mãe e chama até cair, ligo pro meu pai e acontece a mesma coisa, meus dedos estão trêmulos quando eu volto a apertar a opção de ligar novamente. O celular toca, toca e quando eu já estou quase em lágrimas meu pai atende.

Ligação on*

- Oi princesa. – Meu pai atende ofegante.

- Pai? O senhor está bem? – Falei preocupada. "Por que ele está ofegante?"

- Er... s... sim. – Disse ainda ofegante. – Eu estou, estava... er... correndo. - "Correndo? Essa hora."

- Pai já passam das 11 da manhã. – Falei desconfiada.

- Eu... Eu... sai tarde e acabei de distraindo. – Meu pai fala com a voz um pouco mais normal. – Me empolguei correndo. – Ele fala de um jeito estranho, como se estivesse escondendo algo.

- Rick! – Ouço minha mão sussurrar em meio a um riso abafado.

Nesse momento a ficha cai na minha cabeça como se eu estivesse em um desenho animado, eu acabei de empatar a foda dos meus pais, eles estavam transando as 11 da manhã de um domingo, não acredito que eu liguei mesmo na hora da diversão. Começo a imaginar os dois fazendo coisas e fico em completo silêncio, eles cochicham do outro lado da linha, mas eu não ouço, acho que estou traumatizada.

- Filha? – Meu pai chamou depois de um tempo. – Ainda está na linha?

- Er... s... si... Sim. – Gaguejei.- Passe pra mamãe por favor. – É tudo que consigo falar.

- Oi meu amor. – Minha mãe fala na maior cara de pau. – Mamãe está com saudade.

- Também estou. – Falo ainda em choque. – Eu não acredito que peguei vocês transando. – Falo sem pensar.

- Ellen, todo mundo transa, por que você acha que eu e seu pai faríamos diferente? – Ela diz e eu fico mortificada.

- Mãe! - Exclamei ainda em choque.

- Mãe o que Ellen? Você já é bem grandinha,  já sabe como as coisas funcionam entre um casal. – Ela começa a falar em tom de repreensão. – Não me venha com falso moralismo, eu e seu pai nos amamos e somos saudáveis, temos o direito de namorar.

- Claro que tem. É que... É... Eu não esperava presenciar isso. – Passei as mãos nos cabelos. – Acho que vou ficar com sequelas emocionais. - Minha mãe rio do outro lado da linha.

- Pode parar que você nunca foi de ficar fazendo drama.

- Não estou fazendo drama.

- Tá bom então. – Mamãe falou como quem encerra um assunto e continuou. – Mas por que você ligou?

- Eu estava com saudade. - Falei desviando do motivo real.

- Você raramente liga dois dias seguidos. – Ele me conhece bem até demais. – Eu te conheço desde antes de você nascer Ellen Williams, o que aconteceu? Alguém te magoou? Você está grávida? Eu vou adorar ser vovó. – Ela fala sem parar e eu só sei rir.

- Ninguém me magoou mãe e muito menos estou grávida. – Posso jurar que ouvi um suspiro triste vindo dela. – É que eu estava preocupada, com vocês, tive um sonho ruim e fiquei com uma angústia no peito. - Falei de uma vez.

- Tem certeza que é só isso?

- Sim, mamãe eu juro.

- Pois eu lhe garanto que estamos bem. – Ele falou me acalmando. – Eu e seu pai estamos saudáveis, fizemos exames recentemente e tudo está em ordem. – Me sinto aliviada.

- Que bom, fico feliz. – Me senti um pouco culpada por atrapalhar os dois. – Desculpa eu ter atrapalhado... A.... o... O seu momento. – Minha mãe gargalhou do outro lado da linha.

- Tudo bem meu amor. - Disse ainda rindo.

- Eu vou desligar. Voltem... A... er... até depois. – Disse simplesmente. – Amo vocês.

- Nós te amamos. – Eles falaram.

Ligação of *

Sentei na cama ainda processando a conversa mais estranha e constrangedora que tive com meus pais na vida. Depois de minutos me levanto e vou me vestir, coloquei uma calcinha , um short de moletom curtinho e um top azul, soltei os cabelos, voltei ao banheiro para escovar os dentes.

Alguns minutos depois voltei para a cozinha e fui me juntar a Carol e Beatriz que finalizavam nosso almoço.

- Como você está? – Beatriz perguntou de costas.

- Eu liguei para os meus pais e eles estavam transando. – Falei sem pensar. - Estou em choque.

- Como é? – Carol perguntou já rindo.

Comecei a contar o que tinha acontecido e elas riram da minha cara, Beatriz falou que uma vez pegou os pais dela transando, ao vivo, eles estavam na biblioteca e ela entrou pra pegar um livro. Vendo por esse lado eu tive foi sorte de ter sido pelo telefone. 

Depois de muitas risadas eu ajudei a servir o almoço e começamos a falar sobre o que aconteceu ontem, como elas e Tyler deram um jeito para que a história não se espalhasse. Elas perguntaram como eu me sentia com tudo o que aconteceu, e  fomos falando sobre o assunto.

- Você já falou com ele? – Beatriz perguntou. 

- Ainda não. Eu nem sei o que vou falar pra ser sincera.

- Mas, você precisa falar, dizer como o que aconteceu ontem lhe afetou. – Carol falou.

- Eu sei disso, eu vou. – Beberiquei meu suco. – Só não sei por onde começar.

- Comece perguntando o motivo dele. – Beatriz sugeriu e eu assenti.

- Será que é um daqueles homens extremamente ciumentos? – Carol falou pensativa.

- Eu não sei se consigo conviver com isso. – Comecei a pensar em como era a vida de Meg com Patrick e me gelou a espinha.

- Eu sei o que você está pensando e não é por que ele é ciumento que vai ser agressivo. – Carol falou parecendo ler a minha mente.

- Eu sei, Eu tenho dito isso pra mim desde ontem é que eu não sei se consigo parece ser sufocante.

- Nem tanto, veja eu, a Beatriz é ciumenta pra caralho e eu continuo amando ela é conseguimos viver bem. - Carol falou com grande sorriso nos lábios.

- Como é Carol? – Beatriz falou pousando o copo na mesa e olhando Carol  de um jeito que até eu fiquei com medo.

- Nada meu amor, amo o seu ciúme.

Elas começaram a discutir sobre ciúmes e eu só sabia rir da situação, pouco depois saíram da mesa aos beijos. Tirei a mesa e coloquei a louça pra lavar.

** 

Ellen... 

Era fim de tarde e eu estava sentada no sofá vendo uma comédia romântica com um pote pequeno de sorvete na mão quando a campainha tocou, me levantei esperando encontrar Natalie na porta, mas dei de cara com John com os braços para trás, um sorriso hesitante nos lábios e um olhar preocupado.

- Oi. – Ele falou parecendo em dúvida sobre como agir.

- Oi. – Deu um passo para o lado. – Entre.

- É... Eu trouxe pra você. – Ele disse me estendendo um buquê de lírios brancos e amarelos em minha direção.

- São lindas obrigadas. – Peguei as flores sorrindo e vou para a cozinha procurar um jarro. – São minhas flores preferidas.

- Eu sei. – Ele fala atrás de mim e eu me viro para lhe encarando. – Lembro que você me falou quando fomos ao parque pela segunda vez.

- A gente só falou disso uma vez. – Estou realmente surpresa que ele se lembre disso.

- Foi o suficiente para eu lembrar. – Ele sorriu.

Lhe olhei com carinho e sorri indo pegar o vaso, enquanto eu enchia com água e acomodava as flores ele me seguiu com os olhos.

 Lhe olhei com carinho e sorri indo pegar o vaso, enquanto eu enchia com água e acomodava as flores ele me seguiu com os olhos

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- Ellen, eu vim até aqui me desculpar por ontem, eu agi como um ogro, como um homem das cavernas. – Ele começou a falar enquanto eu colocava o vaso sobre a mesa. – Eu sei que te assustei e peço perdão, quando eu vi aquele homem te tocando eu fiquei furioso e meu lado racional ficou inerte. – Ele fez uma pausa. – Isso não justifica a merda que eu fiz eu sei, por isso vim lhe pedir perdão. Me perdoa Ellen, me perdoa.

- Eu.... Eu... – Não consigo falar.

- Eu sei que minha atitude fez você se assustar e pensar coisas. – Ele disse se mantendo um pouco afastado. – Mas eu prometo que aquilo foi um evento isolado, eu jamais machucaria você. Me perdoa, não quero...

- Tudo bem eu te perdoo, mas não faz uma coisa assim de novo.

- Eu prometo.

No segundo seguinte ele estava me abraçando e tomando meus lábios em um beijo demorado e quente. Pousei a cabeça no seu peito e ficamos abraçados em silêncio profundo e reconfortante. Depois nos sentamos na sala e conversamos sobre o que aconteceu, ele diz que gosta demais de mim e estava com ciúmes, promete controlar o ciúme, eu digo que também gosto muito dele. E lá se vai nosso acordo de ficar sem nos apaixonar, eu sabia que isso não ia prestar, mas ainda assim insisti em continuar, estou confusa quanto aos meus sentimentos e quanto ao que eu quero e o medo de me machucar só me deixa ainda mais confusa, mas a medida que conversamos eu resolvo deixar rolar, afinal de contas eu queria evitar me apaixonar por alguém novamente e claramente falhei miseravelmente nisso, agora é tarde pra fugir.

Trocamos alguns beijos nos esfregando no sofá da sala, quando dou por mim já estamos pelados, ele cobre meu corpo com o seu tomando meus lábios e ali fazemos o nosso primeiro sexo de reconciliação, antes mesmo de termos uma relação oficializada.

Depois que controlei minha respiração, me levantei e fui ao banheiro para me limpar, pois meu abdômen, seios e pescoço estavam melados pelo gozo de John, ele juntou nossas roupas e veio atrás de mim.

- Você aceita jantar comigo? – Ele perguntou enquanto passava uma esponja com sabonete pelo meu corpo. – Na minha casa. – Completou beijando meus lábios.

- Na sua casa?

- Sim eu deixei a comida pronta antes de sair.

- Então fez tudo de caso pensado? – Me afastei para lhe olhar nos olhos.

- Eu tinha esperanças que aceitasse, se não o fizesse podia afogar minhas mágoas em uma torta de chocolate. – Ele diz e eu ri alto.

- É um bom plano, mas vai ter que dividir a torta comigo. - Disse passando meus braços por seu pescoço.

- Isso quer dizer que você aceita?

- Sim.

Não digo mais nada pois ele me da um beijo do tipo que a gente fica vendo estrelas quando termina, tomamos nosso banho sem pressa e em meio a carícias, deixo ele no banheiro se vestindo e vou para o closet escolher uma roupa. Acabo colocando uma lingerie preta com detalhes em rosa, uma meia com cinta liga e colocando um vestido vinho colado ao corpo.

John me pediu para eu levar uma muda de roupa, assim não precisaria voltar em casa antes do trabalho, arrumei tudo em uma bolsa média, mandei mensagem para a Carol avisando que não vou dormir em casa, é provável que ela também não durma, saiu pouco depois do almoço, mas pode voltar e ficar preocupada. Logo em seguida peguei minha bolsa, saímos do apartamento e quando chego do lado de fora do prédio percebo que a noite já caiu.

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Constrangedor pegar os pais transando não é mesmo?

Sexo de reconciliação que bom.

Pra quem não ia mais se apaixonar... mas, é sempre assim né. 

Não postei ontem porque sai de casa e não tive tempo ao  voltar.

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Um Toque de Confiança - Meu Clichê (Livro 2) (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora