Capítulo 37.

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John...

Cheguei a casa de Henry na esperança de encontra-la, mas ela não estava lá, assim como não estava no seu apartamento, não sei exatamente o que iria dizer se a encontrasse e obviamente ela não queria me ver, mas eu precisava ao menos saber que ela estava bem.

- Você sabe como ela está? – Perguntei assim que Henry me deu passagem para entrar em sua casa, pelo olhar que ele me deu sabe de algo pois me olha como se dissesse ‘eu avisei’ e sabia exatamente de quem eu estava falando.

- Não sei onde ela está, ligou pra Meg a cerca de 15 minutos e só sei que ela falou que acabou. – Ele falou me seguindo até o sofá. Ouvir aquelas palavras fizeram um buraco em meu coração que já estava partido, eu não posso perde-la, eu só faço merda. – E pelo jeito que a Meg ficou acho que ela está abalada.

- Que merda. – Passei as mãos pelos cabelos.

Ouvi passos e nos viramos na direção da escada vendo Meg chegar até a sala e me fuzilar com os olhos, parecia que sairia raio laser de seus olhos a qualquer momento. Ela caminhou até nós e sem hesitar desceu a mão na minha cara me dando um tapa estalado no rosto, sua mão é pesada e meu rosto ficou ardendo, levei uma mão ao lugar onde ela bateu e movi o maxilar.

- Eu não sei direito o que fez, por isso vai ser só um. – Ela falou entre dentes. – Mas eu sei que fez merda pra ter feito a Ellen chorar e se esconder. Então fique feliz por não levar um chute no meio das pernas. – Ela vociferou.

- Eu... Eu... vou consertar... Eu... A... amo. – Gaguejei ainda com a mão no rosto.

- No momento John eu tô cagando pro que você promete, palavras são vento. – Ela falou apontando o dedo na minha cara. – Se você a ama mesmo vai fazer o melhor pra ela e se voltar a magoa-la eu juro que arranco suas bolas. – Henry rio do meu lado, mas assim que a esposa o olhou ele se calou, acho que ele conhece bem o furacão com o qual se casou. – Eu vou indo meu amor, coloca algum juízo na cabeça do seu amigo. - Falou olhando para o marido.

- Farei o possível meu anjo. – Henry falou se levantando e passando as mãos em volta da cintura da sua mulher. – Você vai de que?

- De carro né. – Ela falou e eu vi a postura do meu amigo ficar rígida. – August já está me esperando. – Henry soltou o ar aliviado.

- Se cuida meu anjo, se não for voltar hoje me avisa. – Ele falou e se beijaram esfregando seu casamento perfeito na minha cara.

- Pode deixar. – Ela sorriu. – Eu te amo.

- Eu te amo. – Se despediram e ela saiu pela porta.

Quando ela passou pela porta a deixou aberta e poucos segundos depois  Tyler passou por ela vestindo short e camiseta com o cabelo bagunçado, liguei pra ele quando estava no caminho para cá.

- Onde você estava? – Henry perguntou com uma sobrancelha erguida.

- Na casa de uma amiga. – Ele deu de ombros e já sabíamos o que isso significa. – Mas o foco aqui é o John e a merda que ele fez. – Falou se sentando em uma poltrona. – Conta.

Os dois me olharam e eu comecei a contar, falei de ela atender a porta do de robe, do guia olhando pra ela, da roupa, do cara abordando ela no restaurante, minha explosão, o tapa, as coisas que ela me disse antes de sair da casa na noite anterior, não sei em que momento, mas quando eu percebi estava chorando.

- Você fez exatamente o que me disse que não faria. – Henry me olhou acusadoramente. – Você disse que tinha mudado, que era um homem diferente e que não faria uma coisa assim novamente. E olhe só. - Apontou para mim.

- Eu sei, eu sei. – Falei chorando. – Eu fiz merda, mas não posso perde-la, eu a amo.

- A primeira coisa que tem que fazer é parar de agir como um babaca possessivo. – Era só o que me faltava levar esporro do meu amigo cafajeste e ele está certo. 

- Eu sei, eu vou mudar. – Falei enxugando minhas lágrimas. – Por ela, por mim e por nós.

-  Espero que dessa vez seja real essa mudança, porque não vai ser fácil fazer ela voltar a confiar em você. – Henry Falou. – Ellen é uma mulher machucada pela vida e você tem sua parcela de contribuição para isso. - Ele falou

- Puta merda Henry quando foi que você aprendeu a colocar o dedo na ferida e ainda torcer assim? – Tyler perguntou divertido.

- Ele tem razão, eu a magoei, sabia do seu passado, que ela não estava querendo se envolver e eu insisti, entrei na sua vida, a fiz baixar a guarda e a machuquei. – Lágrimas voltaram a rolar pelo meu rosto. – Espero que ela me perdoe.

- Para isso acontecer você vai precisar provar que mudou. – Tyler falou.  – Só palavras não serão suficientes. - Quando foi que ele começou a entender de relacionamento?

- Eu sei. - Baixei a cabeça.

Continuamos conversando sobre relacionamento, a merda que eu fiz e o que preciso fazer pra ter a mulher da minha vida de volta. Obviamente eu tive que ouvir um longo sermão dos meus amigos e ficar calado porque sei que eles têm razão, eu errei feio com a Ellen e agradeço que tenho amigos pra apontar meus erros, me dando conselhos e não que me acobertem e passem pano pra mim.

**

Ellen...

- Como ele pode fazer uma coisa assim? – Natalie falou balançando a cabeça em negativa.

Ela e Meg chegaram um tempo atrás e eu acabei de lhes contar o que aconteceu no sábado, como John surtou por causa de ciúmes, reclamando da minha roupa, falei da outra vez que ele implicou com a minha roupa quando eu estava com alguns botões da camisa abertos. Os três ouviram a tudo de queixo caído, não sei como eu consegui falar tudo sem chorar.

- Então ele está com os mesmos comportamentos. – Meg falou. 

- Com o assim? – Adam quis saber.

- Pra resumir a história, John é extremamente ciumento e no seu último relacionamento isso acabou afastando os dois e causando muita mágoa. – Ela explicou.

- E ele está agindo do mesmo jeito novamente. – Natalie constatou.

- Eu já percebi ele ficou estranho comigo depois que vocês começaram a se ver. – Adam falou e eu o olhei incrédula. – O jeito que ele me olha ou aperta minha mão.

- Aí meu Deus, ele tem ciúme de você. – Bati a mão na minha testa. É inacreditável.

- Inacreditável, isso é doença. – Meg falou exasperada.

- O que você vai fazer? – Natalie tocou minha perna .

- O óbvio me afastar, já tenho minhas próprias inseguranças não dá pra manter uma relação tento receio constante do próximo movimento dele. – Respirei fundo e continuei a falar. – Eu não vou aturar ciúme exagerado, muito menos ele achando que tem o direito de mandar nas minhas vestimentas, ou surtar toda vez que alguém me olha, por Cristo isso não é normal. – Todos ficaram em silêncio. – Fora a voz na minha cabeça gritando que se ele age assim comigo, é por que ele faz com outras mulheres exatamente o que diz que os caras estão querendo fazer comigo. Não da pra constituir uma relação assim, é preciso confiança.

- E você não confia nele. – Natalie falou baixo 

- Eu não tive nem tempo pra isso, antes de ele se mostrar extremamente ciumento e isso despertar as minhas paranoias. – Suspirei. – Talvez tenha sido melhor assim.

Eu meu íntimo eu sempre achei que se uma pessoa tem ciúme demais é porque ela faz algo errado e tem o que esconder, o meu último relacionamento com um homem infiel só fez eu aumentar o nível da minha paranoia. Eu me pergunto se no momento eu sirvo para isso, um relacionamento, eu amo o John isso é inegável, mas amor não basta, talvez eu esteja tão quebrada que mesmo que nada de ruim tivesse acontecido eu não conseguiria me entregar a esse amor. Nesse momento tudo que eu tinha dentro de mim eram dúvidas que me consumia.

- Eu sei que o seu passado também influencia na sua reação. – Meg falou. – Mas você não acha que ele possa mudar?

- Ele quer mudar? - Perguntei.

- Claro que quer, ele lhe quer de volta e sabe que agiu errado.

- E eu posso mudar? - Meus olhos se encheram de lágrimas.

- Não fale assim minha flor. – Adam se ajoelhou na minha frente e pegou minhas mãos. – Claro que você consegue superar seus medos, você já superou tanta coisa nessa vida, você é forte e guerreira.

- Você merece amar, ser amada e ser feliz como qualquer outra pessoa minha amiga. – Natalie falou ao meu lado, pousando sua mão em meu ombro.

- Ele te ama e está disposto a mudar. – Meg falou. – Quando eu saí da casa ele estava lá com cara de cachorro abandonado.

- Olha, aproveite a separação para pensar sobre os seus sentimentos. – Adam falou. - Pra organizar o que você sente, em relação a ele, em relação a vocês dois.

- Veja o que você quer do futuro e quem deseja ao seu lado. – Meg complementou.

- E saiba ver o esforço e evolução dele. – Natalie completou.

- Afinal de contas ninguém muda da noite pro dia. – Adam falou.

Ouvi as palavras dos meus amigos e percebi o quanto elas eram reais e importantes e como se aplicavam em outras situações, me perguntei se talvez eu não esteja sendo muito dura com o Liam não enxergando o quanto ele quer mudar, que talvez ele tenha se aproximado do irmão por necessidade, mas que talvez ele realmente se importa com ele, talvez ele queira realmente reatar um elo a muito perdido e eu não esteja sabendo ver a sua mudança. Quanto ao John eu me pergunto até onde ele está disposta a mudar e se ele ainda vai me amar ao fim desse processo, pois eu sei que pode demorar e talvez as coisas a essa altura tenham mudado de maneira irreversível entre nós, mas eu posso tentar lutar por nós como ele está disposto a fazer, eu devo isso a nós.

- Vocês têm razão. – Falei por fim. – Vou acreditar que ele deseja mudar, enquanto organizo meus próprios sentimentos.

Um Toque de Confiança - Meu Clichê (Livro 2) (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora