Capítulo 12.

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Ellen...

Olhei para a roupa sobre a cama ponderando se deveria usar esse vestido, Natalie dissera que estava perfeito, mas agora olhando para o vestido preto com flores vermelhas de mangas compridas estava achando curto demais. “Talvez ele tenha a impressão errada se eu for com um vestido tão curto, talvez ache que estou dando condição ou algo do tipo.”

Deixei meus pensamentos para trás e fui me maquiar, preparei a pele, fiz um esfumado marrom nos olhos e um delineado e passei  um batom vermelho, deixei meu cabelo ondulado, estava soltando os fios do meu cabelo quando meu celular tocou, olhei para a tela vendo o rosto de Pria deslizei o dedo pela tela atendendo a chama de vídeo.

Ligação on*

- Oiiiiiiii. – Pria quase gritou do outro lado.

- Oi, tá tão animada. – Sorri. – Tá bêbada?

- Me respeita Ellen. – Fingiu está indignada. – É a felicidade de chegar em casa Depois de um plantão infernal. – Ela suspirou.

- Você está bem? – Perguntei preocupada.

- Estou sim, apenas cansada sabe. – Ela sorriu. – E você?

- Estou bem sim.

- Você vai sair? – Ela perguntou. – Está toda maquiada e aí ainda é cedo pra estar chegando.

- Vou sair, vou jantar com o John. – Eu tinha falado pra ela sobre a galera toda.

- Que novidade é essa? – Ela se ajeitou na cadeira. – Um encontro? Que bom. – Levantou uma mão feliz.

- Vai aquietando esse fogo aí. – Revirei os olhos. – É só um jantar.

- Uma garota pode sonhar. – Eu ri. – Além do mais é bom ver você saindo com alguém.

- Tudo bem. – Sei que ela se preocupa comigo. – Agora já que ligou quero sua opinião com o vestido. – Falei andando até a cama. – Calma aí. – Coloquei o celular sobre a cama.

Tirei o roupão e vesti o vestido o mais rápido possível, Pria me contava sobre um caso de uma mulher que foi pisada por um elefante, ela atendeu a paciente  no último plantão e a mulher quase não resistiu. Ela sempre contava seus casos mais difíceis, era seu jeito de não ficar pensando sobre isso e acabar com o psicológico abalado. Depois de me vestir peguei o celular e fui até o espelho na porta do pequeno closet, virei a câmera para que ela me visse por completo.

- Então, você acha que está muito curto?

- Tá curto nada, está perfeito. – Ela falou me analisando. – Você está perfeita, não troque de roupa.

- Tudo bem.

- Você vai sair que horas. – Olhei o  relógio.

- Em 15 minutos.

- Então vou deixar você terminar de se arrumar. – Ela falou sorrindo maliciosamente. – Beijo. – Mandou beijo pra tela.

- Beijo.

Ligação off.

Me olhei no espelho aprovando o caimento do vestido no meu corpo, dei de ombros decidindo usar ele mesmo, peguei um par de botas pretas de cano alto que termina logo abaixo do joelho, calcei as botas e tornei a me olha me olhar no espelho. Retoquei o batom e quando estava pegando uma bolsa pequena meu celular apitou indicando o recebimento de uma mensagem, era John falando que havia chegado, respondi dizendo que estava descendo, travei a tela do celular e o guardei na bolsa. Coloquei a bolsa no ombro e sai.

Ele esperava por mim no saguão do prédio, assim que as portas do elevando se abriram ele focou os olhos em mim e sorriu se levantando da cadeira onde estava. Sorri para ele enquanto me aproximava e aproveitei para reparar em sua aparência, ele estava muito bonito usando uma calça jeans azul de lavagem escura, blusa branca, jaqueta preta e sapato social também preto.

- Boa noite. – Falei assim que parei a sua frente e foquei em seus intensos olhos verdes que me fitaram de volta.

- Boa noite. – Me abraçou e beijou minha testa carinhosamente. – Você está ainda mais linda. – Se afastou e passeou os olhos pelo meu corpo parando na parte exposta de minhas pernas e depois voltando ao meu rosto. 

- Obrigada. – Sorri sem graça. – Você também está muito bonito.

- Agradeço. – Ele sorriu. – Vamos?

- Vamos. – Confirmei contente por deixarmos o clima pra trás.

Ele colocou uma mão na base da minha coluna enquanto me conduzia para o seu carro. Olhei o carro preto e elegante de boca aberta, era um carro de luxo que custava mais que meu apartamento, daria talvez até pra comprar todo o prédio onde moro, era muito lindo, a frente alongada, um olhar selvagem, pintura preta reluzente, o veículo exalava luxo e elegância. “Deve ser ótimo dirigir uma máquina assim.”

John abriu a porta para mim e eu sentei no banco do carona sentindo o couro acariciar a pele exposta em minhas coxas enquanto o banco me abraçava confortavelmente. Coloquei o sinto e apreciei o interior enquanto ele dava a volta e entrava ao meu lado, era tão luxuoso por dentro quanto por fora, tudo em couro macio e confortável, com detalhes em madeira e vermelho no painel e nas portas. Eu estava simplesmente maravilhada. “Se pudesse fazer sexo com um carro eu queria fazer com esse com certeza.”

- Ele é lindo. – Falei enquanto ele dava a partida.

- É o meu bebê. – Ele sorriu passando a mão pelo volante como se fizesse um carinho. – Gosto de carros, mas esse aqui tenho um apego sem igual.

- É totalmente compreensível. – Olhei o interior quase suspirando. – Ele é magnífico. – Pela visão periférica o vi sorrindo de lado. 

- Você gosta de carros? – Me olhou por alguns segundos enquanto paramos em um sinal fechado.

- Sim, posso até não entender tanto, mas eu amo carro, sou simplesmente apaixonada. – Olhei pela janela vendo a cidade passar por nós. – Assim como amo dirigir é calmante, relaxante e revigorante.

- Eu também amo dirigir, parece que tudo fica mais leve. – Ele apertou o volante.

Seguimos o restante do caminho com ele falando animadamente sobre o carro, as funções, velocidade, quilometragem, o dia que o comprou, enfim ele tagarelou muito sobre o veículo e eu adorei ouvir, falamos também sobre como gostamos de dirigir, temos isso em comum.

O restaurante que ele escolheu tem uma aparência moderna e sofisticada, parece o lugar que os filhos de ricos e famosos frequentam, a fachada é simples com um letreiro luminoso, por dentro é todo decorado com elegância e descontração que fica a cargo de alguns detalhes em led e Neon. A hostess nos acompanhou até uma mesa próxima de uma janela que dava perfeita vista da noite do lado de fora. Ele puxou a cadeira pra mim  como um perfeito cavalheiro, só então se sentou na minha frente. 

- Vocês desejam algo para beber? – O garçom que trouxe o cardápio perguntou.

- Sim, me traga uma garrafa do seu melhor vinho tinto italiano por favor. – John falou e o homem assentiu saindo.

Ficamos em silêncio enquanto escolhiam os nossos pedidos, não demorou muito e o garçom voltou com o vinho e nos serviu e levou nossos pedidos.

- Você é vegetariana? – Ele perguntou por que eu pedi um prato sem carne.

- Não. – Sorri. – Apenas aprendi a diminuir o consumo de carne enquanto estava na Índia, acabou se tornando um hábito. – Dei de ombros. - Não sinto falta e nem necessidade  de comer.

- Interessante. – Ele falou mexendo em sua taça. – Você gostou do tempo que passou lá?

- Sim, não me arrependo um só minuto. – Levantei os olhos em sua direção. – Foi um aprendizado tanto profissional, quanto pessoal. – Voltei minha atenção para a taça, mexendo o conteúdo antes de levar a taça até a boca.

- Não foi difícil está em um país estranho, sem conhecer ninguém? - Perguntou curioso.

- Nos primeiros dias foi difícil eu confesso, mas aos poucos eu me adaptei e no momento precisava ficar um pouco sozinha para encontrar a mim mesma. – Falei calmamente, ele acompanhava meus movimentos com a taça como se assistisse a uma apresentação. – Depois eu conheci Pria e tudo melhorou, ela foi meu apoio.

Continuei falando sobre meu tempo na Índia, o que eu fiz por lá, os lugares que visitei, o que gostava, o que aprendi. Falei com empolgação das fotos que fiz, do quanto as cores deixavam o lugar vivo e belo, como a cultura era rica e complexa.

**

John...

- Você é filha única? – Perguntei depois que ela falou da saudade que sentiu dos amigos e pais.

- Sim. – Ela falou mexendo em sua sobremesa. – Eu sempre quis um irmão ou uma irmã, mas minha mãe nunca engravidou novamente. – Ela suspirou.

- Por isso seus amigos são tão importantes para você?

- Sim, eles são os irmãos que a vida me deu. – Ela olhou em minha direção com os olhos brilhando e um sorriso nos lábios e estava ainda mais linda,  era como se ficasse iluminada. – E você também não tem irmãos? – Ela perguntou e eu engoli em seco, demorando um pouco para responder.

- Tive. – Eu raramente falo dele, mesmo sendo muito jovem quando ele partiu, a sua falta dói até hoje mais de 20 anos depois. – O nome dele era Thomas, três anos mais velho que eu. – Ela me observava atentamente, mas não diz nada. – Descobriram osteosarcoma quando ele tinha 10 anos, uma forma agressiva de desenvolvimento rápido. – Minha voz falhou quando me recordei de vê-lo sofrendo com dor. – Um ano depois ele morreu, a doença o levou mesmo com todo o tratamento. – A olhei sentindo meus olhos ardendo. – Eu lembro que ele era um garoto alegre e brincalhão, mas foi ficando mais triste aos poucos. – Fiz uma pausa. – Mas eu nunca vi ele reclamar de dor, ouvia suas reclamações e choro, mas assim que eu entrava no recinto ele se fazia de forte por mim e abria um sorriso. – Uma lágrima solitária escapou do meu olho.

- Meu querido. – Ela falou segurando minha mão sobre a mesa e a acariciando. – Me desculpe por tocar no assunto eu não sabia. – Ela parecia aflita e percebi que seus olhos estavam marejados.

- Está tudo bem. – Tentei sorri. – Não costumo falar muito sobre ele, mas as vezes é bom. – Suspirei e ela apertou minha mão me reconfortando. - É  bom falar, lembrar...

Eu não costumo falar sobre Thomas nem com Henry ou Tyler, é surpreendente que eu me abra tão rapidamente para ela, me senti exposto e vulnerável, mas também senti que posso o confiar nela, que ela me apoiaria.

Ficamos alguns minutos em silêncio com ela acariciando minha mão e eu imerso em lembranças, depois de um tempo Ellen recolheu a mão e puxou assunto, mudando o foco da nossa conversa para algo leve e descontraído, respeitando meu tempo e silêncio. Conversamos sobre assuntos leves e divertidos, ela me olhava atentamente parecia esperar ver a tristeza se dissipar dos meus olhos e depois de alguns minutos isso aconteceu.

Quando deixamos o restaurante o lugar já estava esvaziando, seguimos para o carro e a vi mais uma vez o admirando, sorri abrindo a porta do carro para ela. Conversamos durante todo o trajeto, ela me contava o quanto Meg era péssima motorista.

- Eu achava que era exagero de Henry. – Falei rindo.

- Não é não. – Ela disse seria. – Uma vez ela quase atropela uma senhorinha.

- Mentira. – Quase gritei de surpresa. 

- Pode acreditar. – Ela rio. – E uma vez ela foi pegar meu carro na oficina e foi pegar eu e Natalie para sairmos, ela quase atropelou a pobre de Natalie que se não pula pra trás seria atingida.

- Meu Deus. – Quase engasguei de tanto rir. – Henry me disse que mesmo fazendo aulas ela não melhorou. – Disse parando o carro em frente ao seu prédio e saindo para abrir a porta.

- Foi sim, depois disso até ela aceitou que é péssima. – Ela falou saído do carro. – Obrigada pelo jantar.

- Eu que agradeço pela sua companhia. – Falei me aproximando.

- Foi uma noite muito agradável. – Ela falou.

Me aproximei, esperei ela se esquivar ou recuar, mas isso não aconteceu, ela somente me olhou nos olhos, mergulhei na imensidão de seus olhos pretos, era como o céu. Toquei seu rosto e ela fechou os olhos quando eu acariciei sua bochecha.

- Uma ótima noite. – Falei aproximando nossos rostos.

Deslizei meus dedos até seu queixo e o ergui um pouco, aproximei meu rosto do seu de forma lenta até que meus lábios tocaram os seus e eu me perdi em sua maciez, o beijo começou lento, mas a medida que ela ia correspondendo foi ficando mais intenso. A mão que estava em seu queixo deslizou até a nuca e com o outro braço abracei sua cintura a puxando pra mim, senti nossos corpos colados e suas mãos deslizando por meus braços, uma ficando pousada em meu ombro e a outra indo para a minha nuca.

Quando nos separamos em busca de ar vi uma expressão indecifrável passear por seu rosto, ela me olhou nos olhos, sorriu meio sem graça e se afastou um pouco. 

- Boa noite. – Disse um pouco ofegante.

Antes que ela pudesse sair a puxei pelo braço tornando a colocar nossos corpos e lhe beijei novamente com mais urgência que dá outra vez, mordi de leve seu lábio a fazendo gemer, passeie minha língua pela sua antes de partir o beijo, selei nossos lábios mais uma vez antes de me afastar, coisa que eu não queria fazer, por mim continuávamos a noite inteira abraçados nos beijando.

- Boa noite. – Sorri para ela que devolveu o sorriso antes de se virar na direção do prédio e se afastar.

A observei entrar e suspirei, não queria deixá-la ir, queria mais beijo, mais toque, ouvir outros gemidos e suspiros. Se antes eu imaginava como era beija-la agora eu imaginava como era ter mais. Sorri e entrei no carro saindo dali antes que eu parecesse um maníaco parado em frente de um prédio residencial com um olhar de tarado e uma ereção.

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Olha nosso casal deu o primeiro beijo que emocionante.

Será que vão continuar se vendo?

Até terça. 🥰😘

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Um Toque de Confiança - Meu Clichê (Livro 2) (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora