Ellen...
Parei colocando as mãos nos joelhos e respirando forte o ar frio que entrou queimando minhas narinas, apesar do frio que fazia nessa manhã suor escorria pela minha testa e eu estou ofegante pelo esforço de correr. Respirei fundo mais algumas vezes controlando minha respiração, estou diante da praia por isso o vento é ainda mais gelado aqui, passei a mão na nuca com a sensação de estar sendo observada, olhei para trás e para os lados não vendo ninguém, dei de ombros e voltei a correr.
Corri até o meu prédio e subi pelas escadas ainda correndo para completar meu treino, quando entrei no meu andar estava em um estado deplorável, sentia que podia desmaiar de cansaço a qualquer momento. Entrei em casa, fiz alguns alongamentos na sala e me dirigi para o quarto depois de uns 15 minutos.
Tomei uma ducha fria e relaxante, sai do chuveiro quase tremendo de frio, me enrolei em uma toalha e coloquei outra nos cabelos, parei em frente a pia olhando meu reflexo no espelho, escovei os dentes, penteei e sequei meus cabelos e voltei ao quarto, vesti uma calça branca com rasgo nas pernas, uma regata branca e um tênis confortável da mesma cor, coloquei um blazer amarelo vibrante dando uma cor ao meu visual, peguei minha bolsa e sai.
Parei o carro em frente a uma cafeteria que fica próxima do estúdio e é uma das minhas preferidas, entrei escolhi uma mesa e esperei a atendente. Pedi um cappuccino, um omelete com Bacon e uma salada de frutas.
- Ellen? - Ouvi uma voz masculina atrás de mim e virei o rosto na direção do som, dando de cara com John em um terno de três peças escuro com camisa coral.
- John? - Falei surpresa. Ele está um pouco longe da sua empresa.
- Posso? - Ele apontou para a cadeira a minha frente e eu assenti. Ele sorriu abriu os botões do terno e se sentou.
- Estou surpresa de ver você aqui, não é bem seu caminho. - E que eu lembre não temos trabalho com a Sund hoje.
- Encontrei essa cafeteria outro dia quando estava indo para o estúdio, me apaixonei pelo café e as panquecas, as melhores que eu já provei. - Olhei para ele enquanto falava.
- É uma das minhas preferidas da cidade. - Falei mexendo no guardanapo.
- Se tornou uma das minhas também. - Ele falou sorrindo.
A garçonete trouxe os nossos pedidos e eu só pude supor que ele havia feito o pedido no balcão antes de vir para a mesa onde eu estava. Minha fome só aumentou vendo a comida a minha frente.
- Em um minuto eu trago sua salada senhora. - A moça falou e se afastou.
Comemos enquanto conversávamos sobre coisas diversas, falei que tinha adquirido o hábito de correr no período que eu passei na Índia e que estava tentando manter esse costume, pois é algo que me faz sentir melhor, ele me disse que também tem o costume de correr, que lhe acalma a mente.
Ele me observava comer de um jeito que me um pouco sem jeito, era como se o movimento de levar a xícara aos lábios fosse o mais interessante que eu podia fazer. Passei a língua pelo lábio limpando resquícios de comida e o vi desviar os olhos sorrindo de lado. Observando ele, percebendo o quanto ele é um homem atraente.
- Eu sinto que o dia rende melhor quando começo com uma corrida. - Falei.
- Você tem razão, gosto muito de correr a noite também para esquecer as preocupações do dia.
Continuamos conversando até terminar o café da manhã, pagamos a conta, ele queria pagar sozinho, mas eu insisti em pagar a minha, nos despedimos e eu me dirigi para o estúdio, hoje meu dia será longo, vou treinar os novos contratados.
**
Ellen...
Olhei para a cama tentando me decidir entre o macacão e o vestido ambos pretos. Vou fotografar um evento de uma grande marca de roupas, na verdade estou indo mais para supervisionar o trabalho de duas das nossas recentes contratações, eu e Adam estamos nos revezando para ajudá-los nessa primeira semana de trabalho ativo deles, agora mais do que nunca não existe espaço para erros, deixamos Heitor e Victória responsáveis por supervisionar o trabalho deles no estúdio e nós supervisionamos os eventos fora.
Já estou maquiada, algo simples e natural, apenas caprichei na máscara de cílios e passei um batom coral nos lábios, amarrei meus cabelos em um rabo de cavalo alto e fiz cachos abertos no cumprimento do fio deixando o rabo de cavalo mais volumoso, o sapato de salto preto com o solado vermelho já estava separado, mas não consegui escolher a roupa.
- Carol. - Chamei da porta.
- Que foi? - Ela apareceu vindo da cozinha.
- Preciso da sua ajuda. - Falei fazendo um aceno de cabeça e a chamando para entrar no quarto.
- Pode falar, já aviso se for barata eu tenho medo. - Ela rio.
- Não é isso. - Apontei para a cama. - Não consigo me decidir, preciso terminar de me arrumar e não sei o que vestir. - Olhei para ela. - Macacão ou vestido?
Ela se aproximou da cama observando as peças ali dispostas, passou uma mão pelo queixo como se fosse o pensador, olhou de mim para as roupas e novamente para mim.
- O macacão com certeza. - Disse por fim. - Ele é elegante e formal sem ser pretensioso.
- Obrigada Carol você me salvou.
- Disponha. - Ela sorriu. - Onde está a Natalie que não a vejo tem uns três dias?
- Ela foi visitar os pais, volta na segunda bem cedo.
- Algum problema com eles? - Carol quis saber.
- Não, não, apenas uma visita, ela tinha dias de falta acumulados. - Falei. - Aí aproveitou, fazia tempo que não ia visita-los.
- Aaah entendi. Achei que tivesse com o italiano gostoso. - Ela falou e eu ri.
- Duvido que ela vá sair com ele de novo depois da semana passada. - Disse guardando o vestido de volta no closet. - Natalie não costuma sair muitas vezes com o mesmo cara e saiu com o Bianchi umas três, além do mais ele a convidou pra viajar pra Itália.
- Nossa, parece que o homem está emocionado demais. - Carol quase gargalhou ao falar e eu ri concordando. - Bom trabalho. - Ela disse e se virou pra sair.
- E você não vai ver Beatriz hoje? - Elas andam grudadas ultimamente.
- Não, ela foi jantar com Mike e os pais deles.
- Você ainda não os conheceu? - Ela negou com a cabeça.
- Ela foi para o jantar a fim de marcar um dia pra isso.
- Ótimo, espero que corra tudo bem. - Falei sorrindo.
- Eu também. - E dizendo isso saiu. Carol querendo conhecer os pais dá namorada era algo que eu não imaginava ver na minha vida, fico feliz que ela tenha sossegado o fogo no rabo.
Quando ela saiu vesti o macacão longo - tão longo que sem salto eu pisava nele - preto de um ombro só com uma faixa na cintura, subi com cuidado o zíper lateral, calcei os sapatos, peguei minhas coisas, me despedi de Carol que estava sentada no sofá vendo uma série na TV e sai. Meu carro não quis ligar para a minha felicidade, tudo parecia conspirar para me fazer chegar atrasada hoje. Peguei o telefone para pedir a Carol o carro dela emprestado, quando vi pela porta da garagem um táxi parando, achando que seria mais rápido assim corri até o carro e entrei um pouco ofegante, correr de salto é uma desgraça.
- Boa noite. - Cumprimentei o motorista.
- Boa noite. - Ele falou de forma gentil. - Pra onde senhorita?
Dei o endereço e me acomodei no banco, quando desci do táxi eu já estava dez minutos atrasada e olhe que pedi para o homem ir rápido. Quando me aproximei da entrada meus dois funcionários estavam parecendo duas crianças esquecidas no parquinho pelos pais, eles olhavam de um lado para o outro em busca de alguém. Sorri e me aproximei em passos largos.
- Boa noite, me desculpem o atraso. - Os vi respirar aliviados.
- Boa noite. - Responderam ajeitando a postura.
- Vamos? - Assentiram e caminhamos na direção da entrada.
Me identifiquei com o segurança na porta e entrei, o lugar ainda estava bem vazio e demoraria mais de meia hora para começar o evento, teria tempo para organizar as coisas mesmo com o meu atraso.
- Senhorita Williams. - Uma mulher falou ao meu lado, me virei vendo Tessa Sanders, diretora criativa da marca em um vestido azul royal.
- Senhorita Sanders. - A cumprimentei.
- Podem me acompanhar por favor. - Ela fez um movimento com a cabeça indicando a direção. - Vou mostrar onde vão ficar e gostaria de algumas fotos antes de começar.
- Sem problemas. - Respondi rapidamente. - Vamos.
Ela saiu na frente e a seguimos de perto. Passei os próximos 15 minutos fazendo algumas fotos dos donos da marca com investidores, modelos, estilistas famosos e pessoas influentes e os minutos seguintes organizando os ângulos para as fotos durante o desfile.
**
John...
Entrei no salão onde estava acontecendo o evento ouvindo o som de aplausos, aparentemente uma coleção acabava de ser apresentada, percorri mais olhos pelo lugar em busca da morena que mexe comigo. A vi ao lado de um homem e uma mulher jovens vestidos de preto assim como ela, e com câmeras nas mãos, ela se inclinava e lhes dava instruções.
Me acomodei em uma cadeira e observei a próxima apresentação de coleção paciente. Dizer que eu tinha vindo para aquele evento pelo desfile ou para conseguir ligações de trabalho estava tão longe da verdade como dizer que eu moro na França, sempre sou convidado para esse tipo de evento, mas raramente compareço, vou apenas se for de algum conhecido ou cliente importante e não estava nem um pouco com vontade vir nesse, mas quando eu soube que Ellen estaria aqui não pensei duas vezes antes de vir. Soube que a Ilumine cobriria o evento, liguei para a organização a fim de saber quem seria o fotógrafo e me confirmaram que seria ela.
Quando soube que ela estaria aqui não consegui não vir, cada vez que eu a via tinha vontade de ter mais tempo com ela, conhecer mais, desvendar seus segredos, me aproximar de sua alma. Ela é uma mulher intrigante, me sinto atraído por ela desde a primeira vez que a vi e a cada encontro isso se intensifica.
Assisti a apresentação de duas coleções, mas eu pouco reparei nas modelos ou nas peças, meus olhos estavam na maior parte do tempo voltados para ela, apreciei o seu ritual ao fazer uma foto, o modo como ela se inclinava para falar com os seus funcionários, seu cenho franzido ao observa como eles trabalhavam.
Quando o desfile acabou as pessoas começaram a se dispersar, me levantei a fim de circular. Antes que eu pudesse me afastar de onde estava Tessa Sanders chegou até mim.
- Boa noite senhor Brolin. - Falou simpática.
- Boa noite senhorita Sanders. - Sorri.
- É um prazer ter você aqui. - Fez uma pausa. - Sei que não costuma frequentar esse tipo de evento, me lisonjeada.
- Realmente não tenho costume, mas achei que esse poderia ser... interessante. - Sorri.
- O que achou das coleções? - Perguntou animada.
- Achei maravilhosas. - Disse vagamente.
Depois de alguns minutos tentando sair educadamente eu enfim me vi livre da mulher. Circulei pela festa falando com algumas pessoas, tomei duas doses de whisky, andando quase em círculos, até que eu tive a oportunidade de me aproximar dela.
- Boa noite senhorita Williams. - Falei a suas costas e ri quando ela se sobressaltou.
- Boa noite senhor Brolin. - Ela falou sorrindo ao se virar e me encarar. - Não imaginei que gostasse desse tipo de evento.
- Não gosto mesmo. - Falei com sinceridade. - Mas, é uma boa para os negócios. - Falei uma parte da verdade. - Meu pai me ensinou que ser visto é importante para os negócios. - Jamais diria que estava ali por sua causa, não quero assusta-la ou passar a impressão que estou a perseguindo, por que obviamente não estou fazendo isso, apenas queria vê-la.
- Entendi. - Ela sorriu. - Eu consegui dois clientes novos e olhe que só estou fazendo o meu trabalho.
- Isso é ótimo. - Olhei para os dois que antes vi ao seu lado. - São funcionários novos?
- Sim, estão em treinamento ainda. - Ela desviou o olhar do meu. - Estamos supervisionando eles ainda.
- Ainda não estão autorizados a andar sem rodinhas. - Fiz uma brincadeira e ela rio.
- Tipo isso.
Continuamos conversando sobre assuntos diversos, enquanto ela olhava atenta para seus funcionários, como uma mãe supervisiona os filhos. É muito fácil falar com ela sobre quase tudo. Vez ou outra ela interrompia a conversa para passar alguma instrução a eles, ou alguém se aproximava de nós a fim de falar alguma coisa nos interrompendo, mas não deixei o seu lado.
- Então tudo certo com a agência? - Ela perguntou enquanto falávamos de trabalho.
- Sim, sim. Meus funcionários são ótimos. - Fiz uma pausa. - Mas estou com um problema com o sistema operacional, a pessoa que cuidava dessa parte saiu de repente, ele se mudou, o que me deixou sem saber o que fazer. - Era interessante como eu me sinto a vontade para falar com ela. - Ai ontem o nosso sistema apresentou uma falha de segurança, mas eu não posso contratar qualquer pessoa, tem que ser alguém de confiança, afinal de contas tenho muita informação dos clientes nos servidores e isso pode ser alvo de espionagem industrial.
- Bem, eu não sei quanto a falta de pessoal. - Ela começou depois de uma pausa considerável. - Mas com a falha da segurança eu conheço alguém que pode ajudar.
- Sério? Quem? - Perguntei curioso. - É de confiança?
- É de confiança sim, é a Lyanna amiga da Tulipa, ela é da área. - A olhei surpreso não sabia que a garota trabalhava com isso. - Ela faz mestrado em engenharia de software, e sua graduação também é na área, não sei se está procurando trabalho no momento, mas acredito que ela toparia lhe ajudar.
- Ela me pareceu ser uma boa mulher das vezes que falei com ela.
- Sim, ela é. - Fez uma pausa. - E depois do tanto que temos nos preocupado e aproximado de Tulipa eu acredito que ela não se recusaria a ajudar. - Realmente ela tinha ficado muito grata por ajudarmos sua amiga, eu tinha arrumado um trabalho para o tio de Tulipa na imobiliária.
- Ótimo, espero que ela consiga resolver. - Falei animado.
- Eu entrarei em contato com ela amanhã mesmo e lhe passos o seu contato para que ela fale com você, que tal?
- Acho ótimo. - Peguei sua mão e a levei aos lábios. - Obrigada.
- Por nada. - Ela sorriu recolhendo gentilmente a mão.
**
John...
Eu raramente fica em um evento até o final, nem mesmo nos meus, mas não consegue ir embora enquanto ela estivesse por lá, por isso eu permaneci no local, conversando com empresários, modelos e os donos da festa, vez ou outra nossos olhares se cruzavam e ela sorria pra mim, ou então eu ia até ela conversar mais um pouco.
Quando ela pegou uma bolsa guardando as câmeras dentro e se despediu dos funcionários que saíram alegres pelas portas do salão eu me apressei em ir até ela.
- Já está de saída? - Perguntei quando me aproximei a vendo caminha em direção a porta.
- Sim, estou muito cansada e meu trabalho aqui acabou. - Ela falou me olhando nos olhos.
- Posso te acompanhar até o carro então? - Ofereci estendendo a mão para a bolsa que ela carregava.
- Claro. - Ela falou tirando o celular da bolsa antes de me entregar.
- Veio com motorista? - Perguntei vendo ela mexer no celular enquanto andávamos lado a lado.
- Estou chamando um táxi.
- Você não está de carro?
- Não, meu carro não quis ligar. - Ela torceu a boca visivelmente chateada.
- Então deixe que eu a levo em casa.
- Não precisa... - Ela começou, mas a interrompi.
- Eu insisto, será um prazer. - Insisti.
Ela concordou, a encaminhei para o carro e abri a porta do carona, coloquei a sua bolsa no banco de trás e dei a volta no carro entrando do lado do motorista. Dirigi em silêncio por um tempo antes de começarmos a conversar sobre assuntos diversos, dirigi com calma sem pressa de chegar ao nosso destino por que isso significava que ela iria embora e eu estava adorando a sensação de tê-la no meu carro conversando comigo.
Quando parei em frente ao seu prédio suspirei discretamente descontente por acabar o nosso momento juntos, tirei o sinto e sai do carro dando a volta para abrir sua porta, depois que ela saiu eu peguei sua bolsa no banco traseiro e a entreguei.
- Obrigada pela carona. - Ela sorriu pegando a bolsa.
- Por nada e obrigada por sua ajuda. - Falei sorrindo.
- Por nada. - Meus olhos desceram dos seus para a sua boca e eu tive vontade de beija-la. - Bem, boa noite.
- Boa noite. - Me inclinei e lhe beijei a testa com vontade de beijar os lábios.
Ela sorriu e saiu em direção ao seu prédio, a olhei entrar e só depois que ela sumiu de vista eu voltei para o caro e dirigi para casa imaginando qual seria a sensação de tê-la em meus braços. "Preciso descobrir qual a sensação."=============
Será que o John está perseguindo a Ellen?
O moço parece um pouco emocionado não é mesmo. Kakakakak
Por hoje é só pessoal, até terça. 😘
Vote e comente. 🥰☺️
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Um Toque de Confiança - Meu Clichê (Livro 2) (Concluída)
RomanceEllen Williams é uma mulher romântica, e protetora que ao longo dos seus 28 anos de idade se viu pular de um relacionamento ruim para outro, parecia que era somente ela se apaixonar que o príncipe virava sapo. Depois do seu último namoro que termino...