Capítulo 44.

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John... 

Terminei o expediente um pouco mais cedo do que o habitual, vou conhecer os pais da Ellen hoje e não quero me atrasar, no almoço ela tentou me acalmar, na hora até que funcionou, mas foi só eu sair de perto dela para que o nervosismo e o medo voltassem com tudo. “E se eles não gostarem de mim? E se acharem que eu não sou bom o suficiente para ela? A Ellen ama muito os pais e eu quero me dar bem com eles.” Resolvi ligar para o Henry, ele passou por isso faz pouco tempo deve me ajudar. Assim que paro o carro no estacionamento ligo pra ele e a ligação cai na caixa postal, espero um pouco e logo novamente, assim que entro no meu apartamento ligo de novo e dessa vez ele atende. 

Ligação on*

- O que é John? – Henry atende ofegante.

- Nossa quanto mal humor. – Falei rindo.

- Da pra dizer logo, já que você não parou de ligar. – Ouço uma risadinha ao fundo e  reconheço a voz da Meg falando alguma coisa que eu não entendo.

- Meu Deus, vocês estavam transando no escritório? – Falei rindo ainda mais.

- Disse bem estávamos, porque você empatou. – Ele disse bufando e eu ouvi Meg reclamar com ele. Que vergonha alheia meu pai. – Desembucha logo.

- Então, hoje eu vou conhecer os pais da Ellen e estou morrendo de nervoso. – Falei de uma vez. – Queria a sua ajuda, afinal você conheceu os pais da ruiva faz pouco tempo.

- John, eu não acho que vá te ajudar muito, você sabe que a Meg não tem uma relação boa com o pai, então nem importava tanto a opinião dele e o encontro foi meio.... catastrófico, como você bem sabe. – Ele fez uma pausa. – Quanto a mãe dela, elas ainda estavam se acertando então eu fiquei nervoso, mas foi tranquilo. – Bufei.

- Olha, eu conheço os pais da Ellen a muito tempo. – Meg falou e eu nem sabia que o celular estava no viva voz. – Eles amam muito ela, então apenas demonstre o quanto você gosta dela e que o compromisso de vocês é sério e vai ficar tudo bem. – Ela fez uma pausa. – A Rachel é um pouco invasiva as vezes com suas perguntas, mas não é nada pessoal, é o jeito dela, não fale de política perto do Richard ele detesta, ele prefere vinho tinto a branco e é sensato o suficiente para não gostar de champanhe. – Ela disse e não contive uma risada Meg odeia champanhe. – Rachel gosta de qualquer bebida que tenha álcool,  desde que seja de qualidade.

- Isso é tudo que eu devo saber?

- Sim, e obviamente não diga que fez a filha deles sofrer. – Ouvir a última frase foi um tapa na minha cara, porque é a verdade e ela machuca.

- Obrigada.

- Por nada, boa sorte.

Ligação off*

Respirei  fundo repassando as coisas que Meg me falou, empatar a foda deles me foi muito útil no final das contas, ri do meu pensamento e subi para o quarto, tomei um banho caprichado, escovei os dentes, sequei meu cabelo e fui procurar uma roupa, coloquei uma cueca boxer vermelha e olhei para as minhas roupas pensando no que vestir, resolvi usar um terno, escolhi uma camisa azul parecendo jeans para dar um mais despojado, coloquei uma gravata cinza que minha mãe me deu no último Natal e um terno preto de tecido grosso, coloquei um relógio, peguei a carteira e desci para a sala, passei na frente do espelho e vi a terrível escolha que fiz para a gravata.

- Por que minha mãe me deu um troço feio desses? – Mexe na gravata franzido o cenho. – Se alguém perguntar eu digo que tem valor emocional, não da mais tempo trocar.

Fui até o aparador ao lado da porta e parei olhando para as duas chaves ali, me perguntando se vou com o meu bebê ou com o Ranger. Opto pelo Rolls Royce mesmo, é o meu preferido é o que eu mais uso.

- E principalmente a Ellen adora ele. – Sorri pegando a chave e saindo do apartamento.

**

Ellen... 

- Gostosa. – Adam entra na minha sala quando eu já estou me arrumando para ir embora. – O Liam esteve aqui para contar que foi contratado.

- Sim, ele me disse, fico feliz por ele. – Desliguei meu notebook.

- Eu também. – Ele falou pensativo.

- E qual é o problema? - Levantei os olhos pra ele.

- Como você sabe que tem um problema?

- Por que eu conheço meu amigo. – Me levantei.

- Quando ele entrou na minha sala parecia estranho, tinha um sorriso nos lábios e parecia esconder algo. – Quando ele falou me lembrei da nossa conversa.

- Quando falei com ele, me perguntou sobre Victória, acho que esta interessado nela.

- Então era isso. - Ele pareceu aliviado.

- Acho que sim. – Peguei  a minha bolsa. – Meu querido eu vou indo, se não me atraso para o jantar com meus pais.

- Aí é hoje né. – Assenti. – Boa sorte gostosa.

- Obrigada.

O abracei e sai. Dirigi direto para casa, tomei um copo de água e fui tomar  banho, quando terminei escovei os dentes, sequei os cabelos fiz um penteado com um rabo de cavalo.  Me maquiei de maneira simples, passei um batom nude, coloquei uma lingerie preta de renda e por cima coloquei um vestido preto na altura do joelho, com mangas até os cotovelos, um decote discreto e cintura marcada. Calcei um sapato de salto alto preto, me olhei no espelho me sentindo bonita. Peguei um bolsa colocando meus documentos, celular e cartão, nessa hora a campainha tocou, deixei  bolsa sobre a cama com as coisas ao lado e fui atender a porta.

-Oi minha linda. – Ele falou me abraçando.

- Oi meu amor. – Sorri retribuindo o abraço. – Está pronto? – Perguntei depois de um beijo.

- Não, mas vamos mesmo assim. – Ele falou me fazendo rir.  

- Vai da tudo certo meu amor. – O abracei novamente.

- Espero que sim. – Nos afastamos. – Vamos não quero me atrasar, não quero causar má impressão no dia de conhecer meus sogros. – Falou com um sorriso nos lábios. 

- Vou só pegar minha bolsa.

Voltei para o quarto enfiei as coisas dentro da bolsa pequena, pendurei a alça no ombro e sai. Durante o trajeto até o restaurante conversei com John para distrai-lo, assim fazia ele relaxar um pouco e evitava um acidente. Minutos depois paramos em frente ao Salt, descemos do carro e caminhamos para a entrada de mãos dadas, a hostess nos conduziu até a mesa reservada para nós e por sorte meus pais ainda não tinham chegado.

- Boa noite. – Um garçom chegou até nós assim que sentamos. – Desejam beber algo?

- Uma taça de vinho tinto por favor. – Definitivamente Meg me viciou em vinho, não tem como negar.

- Me traga uma garrafa de cabernet sauvignon. – John falou olhando para o homem. – Uma safra boa. 

- Sim senhor Brolin. – E dizendo isso o homem saiu.

- Você está pretendendo se embebedar antes dos meus pais chegarem?  - Perguntei divertida.

- Deus me livre. – Ele disse rapidamente. – Apenas resolvi me adiantar. – Ele olhou em volta. – E Meg falou que seu pai gosta de vinho tinto.

- Você ligou pra Meg? – Perguntei achando engraçado.

- Não, na verdade eu liguei pra Henry, estava um pouco nervoso.

- Um pouco? – Arqueei uma  sobrancelha.

- Muito.

O garçom voltou com o vinho, mostrou a garrafa a John e depois que ele disse esta satisfeito com a escolha abriu a garrafa, serviu duas taças nos entregando, agradecemos e ele saiu nos deixando novamente a sós.

- Enfim, eu precisava de ajuda e resolvi ligar pro Henry, ele não me ajudou muito mas a Meg sim. – Ele fez uma pausa. – Acredita que os dois estavam fodendo no escritório e eu atrapalhei?

- Sério? – Ele confirmou com a cabeça. – Meu Deus. – Pousei a taça rindo. – Podemos testar qualquer dia. – Falei passando um pé por sua perna, sempre tive essa vontade.

- Pelo amor de Deus Ellen. – Ele me olhou fixamente. – Você quer que eu receba seus pais de pau duro. – Se inclinou sobre a mesa sussurrando.

- Desculpe.

Ri da cara que ele fez ao se mexer desconfortável na cadeira, olhar para trás como se procurasse por alguém e se recostar na cadeira fechando os olhos. Bebi um gole do meu vinho feliz por ver ele relaxar um pouco, quando chegamos ele estava tão tenso que parecia ter engolido um cabo de vassoura.

**  

John...  

Consegui relaxar um pouco depois que Ellen passou seu pé em mim, olhei para as massas ao redor tentando pensar em qualquer coisa que não fosse meu encontro com meus sogros, levei a taça até a boca tomando um gole e sentindo o líquido frutado descer pela minha garganta.

- Eles chegaram. – Quando ouvi essas palavras quase me engasgo com vinho.

Rapidamente pousei a taça sobre a mesa e me recompus. Ellen ficou de pé e eu espelhei seu movimento. Me virei vendo eles vindo em nossa direção o homem com expressão séria aparentava ter pouco mais de 50 anos, a mulher ao seu lado parecia anos mais nova e era muito parecida com a filha. Tinha os conhecido  da última vez que estiveram em Londres, e os vi na exposição, mas foi brevemente em ambas as ocasiões.

- Mãe, pai. – Ellen se aproximou deles os abraçando. – Como vocês devem lembrar esse é John Brolin meu namorado. – Ela disse quando se afastou dos dois. – John esses são meus pais, Rachel e Richard Williams.

- É um prazer conhece-los. – Estendi a mão para cumprimenta-los.

- Prazer. – Richard falou simplesmente.

- Que bom conhecê-lo querido. – Rachel falou ignorando minha mão e me abraçando.

- Vamos sentar. – Ellen nos chamou.

Nos acomodamos em volta da mesa, um silêncio se instalou e antes que ele se adensasse falei.

- Nos acompanham em um vinho? – Perguntei indicando a garrafa sobre a mesa.

- Nunca recuso uma boa bebida. – Rachel falou.

- Aceito. – Richard disse me analisando. 

Chamei o garçom pedindo mais duas taças, ele logo voltou com as taças acomodadas em uma bandeja, serviu o vinho, perguntou se queríamos o cardápio e após receber uma resposta afirmativa saiu de perto da mesa.

- Então você é amigo do Henry? – Rachel puxou assunto.

- Sim senhora, nos conhecemos desde a infância. – Fale a olhando. – Nossos pais eram amigos, consequentemente fomos criados juntos.

- Entendo. É quase poético que você se envolva com Ellen quando seu amigo está casado com amiga dela. – Ela disse sorrindo.

- Estou muito mais do que envolvido com a Ellen senhora. – Falei firmemente. – Eu sei que nosso relacionamento é recente, mas eu amo sua filha demais. – Falei olhando para Ellen que sorria pra mim, sorri de volta.

- Então, espero que a faça feliz. – Seu pai se pronunciou, a ameaça era quase palpável em sua voz.

- É o meu maior desejo senhor Williams. – Olhei em seus olhos e continuei. – Estou dando o meu melhor pra isso e se não for suficiente eu vou além. 

Ele não respondeu nada apenas continuou me olhando em silêncio. “por que a Meg não me falou que ele é ameaçador? Ellen também podia ter me avisado, meu Deus o homem parece que vai puxar uma arma e atirar na minba cabeca a qualquer momento, ou pior me matar com os olhos". O silêncio já estava quase constrangedor quando o garçom voltou com os cardápios dissipando o clima estranho que começava a se formar. Quase abraço o homem em agradecimento.

Escolhemos os pratos em silêncio e fizemos nosso pedido, quando o homem se foi tomei alguns goles de vinho tentando pensar em um assunto que eu pudesse puxar para conversar com eles.

- Você trabalha com o que garoto? – Richard perguntou.

- Sou dono de uma agência de publicidade senhor. – Falei com orgulho. – Sund é o nome.

- Você tem formação em publicidade então? – Rachel perguntou.

- Sim, eu tenho. – Me virei para encara-la. – Amo o meu ramo de trabalho.

- A Sund é uma das melhores agências do país. – Ellen falou orgulhosa me fazendo sorrir. 

- Seu pai trabalha no mesmo ramo? – Meu sogro tornou a perguntar.

- Não senhor, Meu pai é dono de uma empresa do ramo imobiliário.

- E você não quis seguir com o negócio da família?

- Eu preferi seguir meu sonho, trabalhar com o que a gente ama não tem comparação. - Falei com sinceridade.

- Não tem mesmo, eu por exemplo não me imagino fazendo outra coisa que não seja fotografia. – Ellen sorriu orgulhosa.

- Meu pai ainda é um homem jovem e não pensa em se aposentar. – Falei imaginando o rumo que a conversa levaria. – Ele ama seu trabalho, tem um vice presidente competente e dedicado e eu auxílio sempre que necessário. 

- Todos estão felizes com suas profissões então.

- Exatamente senhor. – Seu semblante pareceu suavizar.

- Isso é bom, eu não me imagino longe do exército. 

- Nem eu me imagino em outra profissão que não seja como professora. – Rachel falou. – Nem mesmo quando viajávamos muito eu deixei de lecionar.

Os primeiros pratos chegaram e a conversa começou a flui amigavelmente. Rachel começou a contar como ela e o marido se conheceram e como iniciaram o seu relacionamento, então perguntou sobre o nosso e tanto eu quanto Ellen ficamos contentes em falar para eles como começamos a nos envolver e começamos nos apaixonando. Conversamos sobre trabalho, contei de alguns contratos e excentricidade dos clientes e Ellen fez o mesmo, demos muitas risadas com alguns casos.

- Você também é filho único John? – Rachel perguntou cutucando sua sobremesa com o garfo. Até o momento eu só tinha falado dos meus pais.


- Não senhora. - Falei sentindo um aperto no peito.

- Tem quantos irmãos? - Ela insistiu.

- Tive um. – Falei simplesmente e tomei um gole da minha água, como estou dirigindo não passei da primeira taça de vinho, mas no momento desejei uma dose de whisky. 

- Eu sinto muito. – Ela falou percebendo que tocou em  um assunto delicado.

- Tudo bem, faz muito tempo. – Falei mexendo na comida.

- Rachel você devia ter deixado eu comer uma sobremesa de verdade. – Richard falou mudando de assunto aparentemente com a primeira coisa lhe veio a mente. – Salada de frutas não é sobremesa.

- Nem começa a reclamar, você sabe que seu índice glicêmico e de colesterol deram alterados no seu último exame e você já comeu demais o que não devia nesse fim de semana. – Ela falou em um tom firme.

- Uma vez não ia fazer mal. – Ele resmungou.

- De uma vez em uma vez você acaba tendo um infarto. – Ela falou o fuzilando com os olhos. – E aí vai ser tarde.

- Tudo bem querida. - Falou rendido, era quase engraçado um homem intimidador agindo assim.

- Sabe, eu estava pensando em fazer a próxima exposição com trabalhos da Ilumine. – Ellen mudou de assunto.

- Acho que ficaria incrível, todos lá tem muito talento. – Falei entrando no assunto.

Conversamos por mais alguns minutos até decidirmos que era hora de ir embora, discuti com o Richard sobre quem paga a  conta, discussão essa que ele ganhou, os levei até o hotel. Nos despedimos e depois que os vi entrar respirei aliviado.

- Viu? Dei tudo certo. – Ela falou me abraçando. – Eles gostaram de você.

- Como você sabe?

- Eu os conheço, acredite se não tivessem gostado você saberia. – Ela se inclinou sobre mim e me beijou.

- Vem comigo pra casa? – Pedi quando nos afastamos.

- Tudo bem.

Sorri e a beijei mais uma vez, minhas mãos deslizando por seu corpo, senti o desejo crescendo em mim, me afastei sentindo minha excitação. Dirigi direto para casa sentindo sua mão acariciando minha perna enquanto conversávamos sobre a noite.

Assim, que entramos em casa a tomei nos braços a beijando com toda a minha paixão e saudade, parecia que estávamos dias separados. Ela se afastou para mandar mensagem pra mãe avisando que estava em casa e assim que terminou tirei o celular de sua mão e o deixei junto da bolsa sobre o sofá e a peguei no colo a carregando para o quarto.

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Deu tudo certo no jantar que bom.

Agora falta a Ellen conhecer os sogros dela.

Até domingo. 😘🥰

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Um Toque de Confiança - Meu Clichê (Livro 2) (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora