⚠️Capítulo contendo cenas fortes, leia com cuidado.
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Rafael
- O que... como... - Gideon não conseguia parar de gaguejar e ver a confusão em seu rosto era bem divertido. Seus olhos azuis procuravam diversão no meu rosto, procurando vestígios de uma pegadinha inocente.
Estendo meu silêncio até que sua gagueira suma. Depois disso tive que ficar de cócoras para encará-lo nos olhos. Aqueles azuis intensos que mostram muito pouco do que sabem, do que conhecem. Eu me sentia um tolo por ter passado mais de um dia acreditando nas mentiras, mesmo que não totalmente. Ainda tenho meu orgulho. Não sei por onde devo começar. Melhor ainda, talvez...
- Você quer começar sua explicação, Gideon? Não, seu nome não é esse. Mentiu mais do que podia sustentar. Ninguém nunca lhe ensinou o preço das mentiras?
Seu lábio inferior tremeu de medo. Ele parecia um animal assustado que sabia que estava próximo de algo muito maior e pior, os instintos dele gritavam para que fugisse. Então o coelho percebeu que já estava em uma armadilha sem escapatória, o medo todo se apossou do seu corpo enquanto o caçador se aproximava de si para dar quantos golpes queria. Me deti, entretanto.
- Você não quer falar? - Indaguei usando uma voz infantil, uma voz que se usa com aquela criança tímida da sala.
Uma criança que um dia já fui. Mas aquela criança está morta há tempos, mesmo que recentemente tenha vindo me assombrar. Gideon me fez sentir como aquela criança de novo, ele me fez sentir impotente quando descobri a verdade. Quando todas as peças se juntaram na minha cabeça foi como uma explosão de êxtase e raiva. Ele pagaria por isso agora.
- Como fez isso? - Foi sua primeira pergunta coerente.
Quando sorri para Gideon, foi um sorriso ácido.
- Eu gostaria que você falasse primeiro.
- Não. Não consigo.
Então ele começou a chorar. Me perguntei se há alguns dias eu teria feito de tudo para fazê-lo parar de chorar. Eu o beijaria, sim minha nossa, eu beijaria com o máximo de força que conseguiria e falaria sem pudor algum as coisas que ele merece ouvir. Merecia.
- Fale.
- Não!
- Eu te dei uma chance. Você a desperdiçou.
Dei dois passos na direção da escuridão profunda onde estive este tempo todo enquanto o escutava chamar meu nome em plena agonia, ou chamava o nome do pai com ódio. Vi mais dele nas últimas horas do que nos últimos dias. Ver as camadas das pessoas se desfazendo enquanto assisto me dá um prazer enorme. Acendo as luzes do galpão e tudo fica azul; eu sei como a escuridão o incomoda mas para o que vamos fazer precisaremos de luz o bastante.
- O que está fazendo? - Perguntou ele da berlinda. Trazer minhas coisas para cá deu um trabalho enorme.
- Você vai ver.
Em poucos segundos estou de volta, em frente a ele. Segurando uma mangueira.
- Cuidado com os olhos. - Murmurei.
Então o molhei com a água gelada e ele gritou. Talvez seus cortes das costas ainda estejam abertos, talvez o choque da água contra seu corpo quente o tenha feito ter espasmos. Deixei a água molhar seu corpo até que formasse uma poça aos meus pés. Depois peguei um instrumento, me deti para me agachar mais uma vez.
- Fale. Estou te dando mais uma chance. Não sou tão cordial assim, você sabe disso.
Ele nega, tremendo de frio. Batendo os dentes. A ponta do nariz e das orelhas estão vermelho vivo. Dou de ombros. Não é possível ser misericordioso o tempo todo, principalmente quando não queriam aceitar isso de bom grado. Idiota, isso que ele é.
- Você vai abusar de mim. É isso?
A suposição dessa ideia me fez gargalhar. Uma gargalhada alta e escandalosa que o fez arrepiar ainda molhado. Notei quando pontos deixaram sua pele pontilhada.
- Caso não se lembre já dormimos juntos. Não preciso fazer isso... Não. O que vou fazer vai ser mais... simples. - Então encostei o instrumento metálico na sua pele e ele gritou - Viu?
De joelhos, com os pulsos presos e a cabeça também, Gideon chamava meu nome. Mas meus ouvidos estavam tampados pela raiva. Passei o instrumento na sua pele molhada para ver os espasmos dele, para ouvir os gritos dele com os choques. A cada lugar que eu escolhia era branco como neve e depois ficava com manchas roxas e vermelha. Infelizmente para ele, eu tive que rasgar sua camisa para melhorar minha diversão.
- Para! Para! Está doendo... Rafael! Para!
Talvez tenha sido cinquenta ou cem. Parei. Ele respirava fundo, ele tinha espasmos. Também estou suando, expirando com uma força absurda. Agachei na sua frente de novo e toquei no seu rosto completamente vermelho e molhado pelas lágrimas.
- Fale. Ou que farei depois será muito pior. Eu prometo.
- O que... O que quer que eu fale?
- Tudo. Desde o início. - Quando sua cabeça fez um sinal negativo eu agarrei sua mandíbula até que minhas unhas tirassem sangue dali.
- Tudo bem. - Ele arfa. O solto.
Meu celular começa a toca justo neste momento. Não. O celular dele, que está no meu bolso. Olho a tela.
- Kien. - Murmuro.
- Me deixe atender. Por favor, ele vai saber que alguma coisa está errada se eu não atender.
Ponderei a chances de Kien vir atrás do irmão querido dele, mas isso levaria no máximo três horas, seria tempo suficiente para mim. Então decidi atender, mostrando para Gideon um dedo sobre minha boca. Silêncio. Ele entendeu e deixou a cabeça pender para baixo, derrotado.
- Gideon? Alô?
- Kien? É Rafael Laurent.
- Ah! Aonde está meu irmão? - Sua voz tinha uma ligeira desconfiança, mas nada tão profundo.
- Seu irmão está comigo. Não precisa se preocupar eu vou ficar com ele mais um pouco.
- Porque está com o celular dele?
- Porque estou tirando fotos sem roupa. Você está atrapalhando a surpresa que estou fazendo para ele.
O outro lado da linha ficou mudo por alguns segundos. Então Kien disse que ligaria mais tarde e retruquei que tudo bem. A ligação se encerrou. O próximo passo foi molhar o celular também; o rastreador era algo que eu também tinha aprendido como truque nato.
- Agora sim, conte sua história. Do começo.
Ele tomou fôlego enquanto eu prestava atenção em cada palavra...
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Minha Submissão | Série Irmãos Laurent-(Livro 4) (Romance Gay)
RomanceRafael Laurent é o mais novo, o mais sagaz e misterioso dos irmãos Laurent. Gideon veio de muito longe, deixou várias pessoas para trás e chegou para cumprir um objetivo difícil. Uma mistura de mistério, sexo, descobertas de sentimentos e loucura...