Capítulo 54

2K 241 13
                                    

Vão na minha nova história "Nos Vemos à Meia-noite" e votem (adicionem à biblioteca também), é um projeto incrível que vocês vão adorar conhecer. Prometo!

●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●●

Rafael

Batidas na porta do meu escritório de casa ecoaram e levei um tempo para perceber.

- Entre!

Vi o rosto dele muito antes de ver seu corpo.

- Ele me mandou uma carta.

- Demorou muito, até. - Resmunguei.

Ed se sentou sem um convite dito. Cruzou as pernas e colocou o tornozelo no joelho; sua postura ereta me fez desconfiar de como pude fingir que não conhecia Ed de outros carnavais. Fingir que não o conhecia foi bem mais difícil do que eu pensei.

- Está desesperado. Temos que ir buscá-lo.

Não respondo imediatamente. Penso na ideia por um tempo, trazê-lo de volta me tiraria aquelas mesmas sensações esquisitas e idiotas de antes. Mas sei que não posso deixá-lo lá para sempre, eu sei que meus termos estão sendo seguidos ao pé da letra com Feliciano.

- Rafael, temos que buscá-lo!

- Eu sei! - Rebato colocando os dedos nas têmporas doloridas.

- Em primeiro lugar, porque você o mandou para lá? Ele é infeliz lá.

- O mandei com um propósito. Ele está bem. Eu o estou mantendo bem.

O olhar de Ed foi fácil de decifrar. Uma pergunta silenciosa que eu fugia a qualquer custo até mesmo quando eu mesmo repetia essa pergunta no meu quarto escuro, observando o teto e a entrada do meu closet. Nunca soube a resposta, ou talvez a tenha escondido por tantos dias que agora, a perdi. Não é fácil saber dessas coisas e quando é, quando a resposta vem tão fácil à mente, é uma mentira velada.

- Eu mandei uma resposta. - Ed diz.

Não o encaro com raiva. Ou com desconfiança.

- Ele precisa de nós. Para ontem.

Assenti, distraído com a pilha de papéis.

- Podemos trazê-lo de volta amanhã à noite. - Disse.

- Converse comigo sinceramente, Rafael Laurent. Você gosta desse garoto, o que mais...

- Cale sua maldita boca antes que eu faça isso com um tiro.

Apesar disso, dessa raiva que disparei para Ed gratuitamente. Eu respondi.

- Ele é ousado. Só isso. Nunca conheci alguém com tanta coragem pelo menos não de se meter comigo assim... tão duas caras.

- Ele me lembra a mim. No começo.

A mim também, pensei.



***




À noite tive um pesadelo. Pior do que os outros foram. Gabriel. Gideon. Quem quer que ele seja. Estava em um calabouço, estava sendo maltratado e eu gritava por seu nome desesperadamente, meu corpo ardia por ele, para tê-lo por perto. Mas os gritos dele me deixavam zonzo como se fossem a fonte do meu poder, e agora estivessem o tirando de mim. Era uma energia vital, um órgão vital. Eu precisava dele, mas só percebi disso de fato quando acordei chorando no exato momento em que alguém entalhado de sombras quebrava seu pescoço na minha frente. Corri até a privada e vomitei tudo que jantei mais cedo, vomitei até ter espasmos terríveis e não ter mais nada no meu estômago para ser jogado a não ser minhas tripas. Me joguei do outro lado do cômodo aproveitando a sensação da cerâmica fria da parede contra meu corpo seminu. Frio e calor. Não é isso que eu e Gabriel somos? Sou frio, tenho total conhecimento disso tanto quanto sei que adoro sexo. Ele é o calor de que preciso para manter o equilíbrio funcionando, quando suas bochechas pegam fogo é como se fogos de artifício poderosos e estrondosos estourassem na minha alma. Mesmo que eu dissesse que era irritante a qualquer um que perguntasse. Eu mentira. Eu amava quando ele corava perto de mim, eu simplesmente amo quando a ponta das suas orelhas ficam vermelhas ou quando seu rosto angelical some quando estamos sozinhos entre quatro paredes. Eu o sentia de verdade mesmo quando ele estava atuando.
O amor não deveria ser assim. Assim como fogo ardente. Não é para alguém desejar uma pessoa tão ardentemente, incansavelmente que sua alma doía e desejava colocar tudo para fora de uma vez: Raiva, tristeza, medo. Arder por ele, é nisso que tenho pensado. Mandá-lo para longe foi tolerável até certo ponto. Até não ser mais.

Minha Submissão | Série Irmãos Laurent-(Livro 4) (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora