Capítulo 28

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*Gideon acordando* (como eu queria!!)

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Rafael Laurent

Acabo o observando dormir por algum tempo; acordara de um pesadelo que deixou meu coração martelando forte no peito e o sangue martelando nas têmporas. O suor logo sumiu, mas eu ainda arrepiava quando lembrava. Me remexi na cama e tentei não acordá-lo, seria um pecado se eu o fizesse. Acabei conseguindo o que queria, com mais dificuldade desta vez, mas mesmo assim, consegui. Estou tentando não pensar no quanto foi uma experiência inovadora e singular, achei que coisas deste tipo estavam suspensas da minha vida. Achei que estavam até ontem, até, especificamente, eu desejar beijá-lo como nunca beijei ninguém. Ainda me pergunto como isso é possível. Acabo ficando olhando para meu teto por mais alguns segundos, a luz do sol brilha no quarto e desejei poder senti-la na minha pele, infelizmente deixamos a janela fechada à noite. Durmo sem perceber.


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Gideon

Despertei mesmo sem querer. Eu sabia que tinha de levantar, mas a cama é tão macia! Mesmo que meu corpo esteja dolorido em partes que eu nem sabia que dava para ficarem doloridas, eu sei que tenho que levantar porquê... 

- Meu Deus. - Sussurro.

Rafael está deitado ao MEU lado na CAMA. As palavras praticamente gritaram na minha mente. Respiro com dificuldade tentando acompanhar o corpo dele com o olhar, o lençol jazia no chão como um trapo, deixando o corpo daquele homem exposto à luz do sol; dourado, forte, mesmo assim macio e quente. Fiquei excitado apenas o olhando e acabo sentindo meu rosto esquentar de vergonha por isso, a noite passada inteira me traz vergonha. Lembrar do que falamos e fizemos me deixa com misto de sentimentos densos que ainda não tenho coragem nenhuma de enfrentar, eu devia deixar acontecer se possível. Mas isso, tudo isso, não pode acontecer. Acabo encarando o teto, impotente diante das minhas opções; se eu decidir ficar com Rafael, serei um homem morto por mais que eu esteja desenvolvendo esse maldito sentimento por ele não adianta negar. Se eu decidir deixá-lo definitivamente, ainda serei um homem morto e dessa vez, eu tenho certeza. Estou perdido. 

Levanto-me da cama com as lágrimas querendo sair. Quero pensar em um jeito de escapar da minha própria realidade, mas não posso mudar meu passado, minhas decisões que me levaram até este exato momento em que estou chorando olhando para ele, ainda no sono quieto. 


No momento em que Rafael chegou à cozinha eu já parara de chorar, já tinha tomado um banho quente e demorado e me vestido cobrindo as marcas das mãos dele em mim, descobri enquanto me olhava sem roupa no enorme espelho do banheiro que ele tinha feito uma trilha com os dentes ontem, que iam do meu pescoço até a minha virilha. Ele também havia feito marcações com as unhas nas minhas omoplatas. Eu também tinha feito duas xícaras de café e a minha já estava quase vazia. 

- Bom dia. - Digo.

Ele murmurou a mesma frase, só que menos feliz. 

Acabo percebendo minhas marcas no corpo dele. Bebo mais café para disfarçar minha vergonha. Rafael pega a xícara e olha para ela como se para descobrir se ganhará vida a qualquer momento. 

- Escute, eu estava pensando... Isso que fizemos... Ei! 

- Pode continuar.

O encaro, abismado.

- Você acabou de jogar na pia uma xícara cheia de café? Porque diabos...

- Só tomo coisas que eu me sirvo ou que vejo me servindo.

- Você é tão paranoico. 

Um minuto de puro silêncio acaba se passando, tenho vergonha de falar agora. Era quase sempre assim, mas uma parte muito grande minha queria saber o que ele achou de ontem. O que será que se passa pela cabeça dele, uma palavra específica, quando lembra? Não quero e nem vou perguntar, mas se eu pudesse...

- Você está me encarando. 

- Você está de costas, como pode saber?

- Simplesmente sei. O que foi?

O tom dele me fez encolher. Foi ácido, meio bruto. Não consigo pensar em nada que o tenha feito ficar assim, a não ser... Droga, ele odiou. É isso. Esta é a palavra que ronda a cabeça dele quando olha para mim e quando pensa em ontem à noite. Deixo a xícara na bancada de mármore escuro e me levanto, o bom é que não trouxe absolutamente nada para a casa dele, mas vou sair deixando muita coisa para ele. Droga, como odeio ser sentimental e dramático.

Levanto-me da bancada e vou caminhando a passos apressados até a porta. 

Mas sou agarrado antes que consiga chegar até ela. Ele segurou-me pelo braço, sua força me fez bater contra seu ombro, o que doeu. Acabo o encarando mesmo sentindo o peso do olhar dele, ainda lembrando de como sua voz foi distante e seca.

- Porque ia embora?

- Porque você foi ignorante. Por isso. Não consegue nem ao menos ser... ou falar com delicadeza.

- Fui delicado com você ontem.

Bufo e tento me largar dele. O que só o deixa mais carrancudo, o que só faz com que ele me traga mais para perto quase até colar meu rosto ao seu. Lembro das duas opções que tenho, a decisão para elas parece ser tão óbvia agora!

Respiro com dificuldade, ele percebe e sorri.

- Sei ser delicado quando quero.

- Eu aposto que não. 

Sua sobrancelha arqueia-se e uma cara engraçada toma seu rosto. O momento de dureza se passa quando percebo o que está acontecendo.

- Aposta?

- Aposto. 

- E o que eu vou ganhar? - Seu sorriso malicioso habitual surge. Aqueles olhos quase felinos me olham de cima a baixo.

- O que você quer?

- Posso pensar nisso depois. O que você vai ganhar?

- Eu quero... - Uma ideia brilha na minha cabeça - Uma... Prova sua. Algo que... Vou escolher e você não vai poder dizer não.

Rafael pensa por um instante, parece propenso a negar com todas as letras ou palavras possíveis. Acabo atingindo sua boca com a minha para dar ênfase no que digo, confirmo que a aposta é uma coisa séria, se possível a mais séria entre nós. Ele sorri.

- Quero que explique, pois parece que sua mente já trabalhou nisso.

- Tem razão. Em resumo: você terá que passar uma semana inteira, sete dias, todas as vinte e quatro horas, sendo gentil. Com todos, homens e mulheres, principalmente seus sobrinhos que são crianças. 

- Taiwan não é criança. - Ele resmunga.

- Mesmo assim! Gentil com todos. Podemos começar amanhã?

Rafael acaba alisando meu rosto e congelo. Nunca o vi fazer algo parecido. Parece tão concentrado em me alisar sem as segundas intenções que esqueceu que estamos conversando. Talvez um minuto tenha se passado, levei como uma eternidade, minha nossa! Ele voltou a realidade e perguntou: - Porque amanhã?

Desta vez foi minha vez de sorrir e alisar seu rosto. Ele pareceu gostar, como um gato procurando sempre mais carinho. 

- Porque - respondo - sua mãe nos chamou para um jantar com toda sua família. 

Ao ver sua cara abismada, rio. 

Me largo dele e vou em direção a porta. Lanço para ele um beijo e desejo, mais uma vez, um bom dia. Afinal, ainda tenho trabalho a fazer. 



Minha Submissão | Série Irmãos Laurent-(Livro 4) (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora