Gideon
A minha imaginação me levou para longe, mesmo que eu escutasse a voz de Ed na minha frente. O assunto com ele é interessante, ele gosta de livros, gosta de poesia e afins. Eu entrava no assunto como se estivesse hipnotizado, então pelo canto do olho vi Rafael na entrada e congelei, realmente tentei agir o melhor possível, imaginando que ele se juntaria a Ed e a mim, mas ele fez o contrário e se foi. Arrisquei mandar uma mensagem para ele, no segundo em que a enviei, me arrependi amargamente. O que eu estava achando, que somos amigos íntimos? Que somos qualquer coisa além de patrão e funcionário? Que ilusão a minha. Ed continuou a conversar e eu interagia o melhor possível, até ele meter Bryan no assunto.
- O que disse?
- Disse que Bryan sabia que Rafael ia ganhar naquela noite, quando você apareceu. - Ele bebia água agora, tinha chegado aqui e pedido vinho tinto. Naquele instante me perguntei como alguém conseguia beber de manhã cedo assim. Agora nem ligo.
- Ganhar o quê? - Questiono.
- O concurso do acompanhante. Fazemos isso ocasionalmente, quem trazer o acompanhante mais belo ganha. Geralmente o... Homem que trouxe o acompanhante quem escolhe o que ganha.
- E o que ele ganhou?
Não consigo decidir se minha voz está profundamente magoada ou profundamente irritada. Ed parece perceber, mas não fala nada. Ou ele não quer me magoar ainda mais ou está se divertindo com a minha cara. Odeio rostos impassíveis assim, o de Rafael é do mesmo jeito e mal consigo saber o que ele quer dizer ou que está pensando. Espero que Ed comece a falar.
- Ele não ganhou nada desta vez. Saiu antes que conversássemos. Ainda teve a morte de Bryan... Ele era um homem que acreditava que nada nunca lhe iria acontecer.
- Deram um tapa na cara dele então. - Digo.
Fora alto o suficiente para fazer minha voz ecoar e quando a ouvi pela terceira vez, a mesma frase, me senti gélido e insensível. Odiava me sentir assim. Continuei a encarar Ed.
- Não era para eu ter falado isso.
- Você poderia tê-lo mandado para o inferno se quisesse.
Poderia.
- Você... Parece... familiar.
Meu rosto enrubesceu de imediato e tentei não encarar ele agora: estou cansado desse jogo de encarar. A verdade é que não consigo encarar por muito tempo qualquer pessoa, sinto como se quem me encara soubesse de todos os meus segredos e não existe nada mais aterrorizante.
- Deve ser da boate. Do Hot, quero dizer.
- Acho que sim. - Ele está mentindo. Nunca vi ninguém mentir tão mal assim.
O silêncio prevaleceu por alguns minutos.
Ed levantou-se e antes de sair disse:- Ligue. Se quiser.
Levei cinco minutos para parar de tremer quando ele se foi. Apesar de não estar sozinho aqui sinto como se estivesse, Dion chega daqui a pouco e às oito abrimos o lugar oficialmente. É estranho não ter rapazes zanzando por aí semi-nus e com alguma fofoca na ponta da língua. Acho que o silêncio se tornou meio insuportável.
Foi só pensar nisso que ouvi murmúrios vindos do lado de fora. Quando olhei, um dos amigos de Rafael (O mesmo que foi com ele para o quarto naquela maldita noite) e um dos garotos do Hot. Luke.
Quando seus olhos encontraram os meus (os olhos dele eram de um verde cintilante) acho que primeiro foi a surpresa que percebi. Depois a raiva. Foi um olhar que me deixou nervoso de novo, mas pior que antes. Ed não queria me machucar e Luke, eu tinha minhas dúvidas.
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Minha Submissão | Série Irmãos Laurent-(Livro 4) (Romance Gay)
RomanceRafael Laurent é o mais novo, o mais sagaz e misterioso dos irmãos Laurent. Gideon veio de muito longe, deixou várias pessoas para trás e chegou para cumprir um objetivo difícil. Uma mistura de mistério, sexo, descobertas de sentimentos e loucura...