Capítulo 29

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Rafael Laurent

Decidimos caminhar até a casa dos meus pais. Ainda não acredito que minha mãe tinha falado com ele, o convidando, para se juntar a nós em um jantar. Não acredito na ousadia dela e, apesar de achar interessante, podia muito bem acabar muito mal. Mas Gideon não parecia nervoso, andando ao meu lado olhando sempre para frente, a face corada, usando uma camiseta preta que chegava até seus pulsos, jeans escuros e sapa tênis. Ele estava simples, despojado, mas mesmo assim, sexy. Perguntei qual tinha sido o problema com as roupas sociais, mas ele não estava prestando tanta atenção em qualquer coisa que não fossem seus pensamentos, que pareciam estar o ferindo como pequenas agulhas. O rosto despreocupado dele não me enganava, nem nunca enganou. Eu conseguia saber quando estava prestes a olhar para baixo, como se com pesar, depois levantava o queixo, o deixando erguido e finalmente, quando me olhava me dava um sorriso que poderia ser bem convincente para que não o olhasse. Era esse o problema, eu não apenas o via, eu o observava. 

- O que está se passando na sua cabeça? - Resolvo perguntar de uma vez, pela segunda vez. Era um problema ter um diálogo com Gideon quando ele ficava pensativo. Me pergunto se também fico assim às vezes. 

Demora muito até que me responda, quase passamos da rua da casa dos meus pais. Saiu voz saiu cansada, quase derrotada.

- Problemas pessoais. Quando cheguei à cidade foi muito abruptamente, não tive tempo para planejar nada.

- Estava fugindo de algo? 

- Eu achei que não, mas agora... Sim. Eu estou fugindo de algo.

Fugindo. Presente.

Entramos na casa dos meus pais. Todos estavam lá, mas meus olhos não focaram em todos; nem na minha mãe ou naqueles pirralhos. Focaram em Davi por um momento e como se soubesse, como se já enxergasse, ele me deu um oi alto e alegre. Todos fizeram isso, como sempre faziam e meu estômago revirou-se pela falta de animação. Aquele sentimento, aquele pequeno sentimento de que só estavam me cumprimentando por educação voltou, é sempre assim, não importa quão otimista eu esteja, eu sempre precisarei pensar: "Será que é um combinado? Aturem ele, sorriam sempre para Rafael, o filho problemático". Acabo sacudindo a cabeça levemente e me desprendo dos pensamentos, da minha própria voz. Acabo cumprimentando a todos. 

- Gideon! Ah, que bom vê-lo querido, minha nossa você está mais bonito! - Minha mãe o abraça e por um mísero momento, vejo o homem de olhos azuis ao meu lado hesitar em abraçá-la de volta. Quando se abraçaram de verdade, a hesitação desapareceu. 

Alguém tocou meu ombro. 

Meu pai.

- Como vai, Rafael? 

- Bem até agora. 

- E o rapaz que recebeu um tiro? 

- Bem, senhor Laurent, obrigado. 

Os dois apertaram as mãos. Quando meu pai se afastou olhei de soslaio para Gideon e murmurei: - Você é ótimo em se fingir de educado. 

Ele deu um sorriso malicioso antes de retrucar com ainda mais ácido.

- Há quem pense que a atuação é um dom do berço. 

- Vamos jantar que horas? - Max, filho de Kevin, pergunta - Estou com fome! 

- Agora mesmo pequeno monstrinho. - Diz Taiwan. Ele estava com os olhos em Gideon, percebi. 

Fomos andando para a sala de jantar. 

A mesa fora substituída de novo, já é a terceira em cinco anos e meio. Antes havia apenas os quatro filhos problemáticos do casal Laurent, então Diego conheceu Hall e apenas uma cadeira fora adicionada à mesa, depois veio a pequena Summer que, entre mim e mim mesmo, conseguia ser bastante irritante. Depois veio a noiva de Kevin, que no fim perdeu o lugar para Caleb e de brinde, o filho Max. Humor ácido logo cedo. Davi tinha Billy que também está debaixo da terra, com todo respeito, eu gostava de como ele agia às vezes. Billy fora da jogada, Davi ficou com o segurança Will e como mais presente tortuoso, veio o irmão dele, Taiwan. Adolescente desengonçado muito esperto quando queria e, Deus me perdoe, mas que eu tinha a vontade de esbofetá-lo algumas vezes. Esqueci alguém? Sim, claro que esqueci. Eu mesmo. Trouxe companhia pela primeira vez desde que nos mudamos e agora lembro que meus irmãos estão encarando Gideon como se ele fosse uma espécie de miragem na porra do deserto.

Minha Submissão | Série Irmãos Laurent-(Livro 4) (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora