Capítulo 40

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Gideon

Eu tinha registrado há um segundo, mas me senti burro demais por nunca ter notado.
Rafael tem uma tatuagem. Nas omoplatas. Não é nada exagerado, não é nada que você possa ver... no escuro.

- O que significa? - Pergunto.

Afinal, está em italiano.

Rafael se joga do outro lado da cama e não faz a mínima questão de se cobrir com o lençol, deixa que seu corpo do que a amostra pela luz do sol, dourado e brilhando ele está. Ao contrário de mim que tento me afunda nos lençóis brancos da cama.

- Alla fine della partita, pedoni e re tornano nella stessa casella.

Rafael sorri, nostálgico.

- Significa: No fim do jogo, peões e reis voltam para a mesma caixa. Isso para que eu lembre que já fui um peão.

- Agora você é o rei? - A inocência da minha pergunta fez os olhos dele brilharem. Ele deve estar achando que eu o estou provocando... eu meio que estou. Mas não totalmente.

- Agora eu sou. - Responde.

Ficamos calados por alguns segundos até que a mão dele se arrastou até mim, passeando pela minha perna até que finalmente chegou ao meu pau. Estávamos tão excitados que a primeira parte do sexo fizemos ainda de camisa. Agora ele está me masturbando devagar como o grande provocador que é, e eu estou implorando por mais. Eu sabia que minha boca não iria conseguir se conter, com Rafael Laurent eu nunca consigo me conter.

- Que tal usarmos uma daquelas coisas que comprei? - Assinto. - Volto num instante.

Deixamos a sacola da loja no sofá, me lembro. Enquanto o homem enorme - em vários sentidos - saiu da cama, eu peguei meu celular. 

"Como está?"

Não acredito.

Disquei o número dele o mais rápido que consegui. Em poucos segundos eu ouvi a voz que reconheço de longe.

- Você passa dois anos sem falar comigo e vem só com "Como vai?"

- Em minha defesa quero dizer que nosso pai me ocupou muito tempo.

Sinto um calafrio na espinha na mansão dele.

- O que aconteceu?

- Isso é assunto para outro momento. Agora, sério, o que aconteceu com você? Nosso pai contou que você... enfim.

- Não acredite em tudo que ele diz. Sério.

- Mas é verdade? - A voz dele veio com uma entonação séria. Ele está perguntando já sabendo a resposta.

Ouvi os passos calmos de Rafael vindo até o quarto e desliguei a ligação. Mas mandei uma mensagem para meu irmão o mais rápido que consegui. Ele vai entender, nós sempre entendemos.
Coloquei o celular de lado.

- Está preparado? - A voz sexy dele me deixa arrepiado. Quase ronronei.

Que ódio. Reações como essas me deixam vulnerável, eu quase posso ouvir a voz do meu irmão reclamando disso. Mas ninguém sabe a minha situação, quando digo ninguém, quero me colocar nesta lista também.

- Claro que sim!

***

Ao pôr do sol estávamos voltando para a casa dele. Na verdade, eu estava indo para o Gin's.

- Você ainda dorme lá? - Perguntou.

- Não é tão ruim. Sério... Mas bem que eu poderia alugar uma casa. Seria interessante se meu chefe me desse um aumento.

- Acho que seu chefe pode fazer isso. - Rafael dá um risada.

Em pouco tempo chegamos ao bar. Graças a Deus não tem ninguém aqui mostrando seus cartões dourados ou roxos, pelo menos terei a maior parte do dia só para mim. Me despedi de Rafael apenas com um aceno porque sou tímido demais para um beijo em público. Mesmo que eu queira isso mais que tudo.

Entrei no bar e pensei em me servi um pouco de vinho. Sério, acho que nada me faria melhor do que isso. Pego uma taça pequena, acho que é de origem italiana. Como a tatuagem de Rafael. Ainda lembro...

Alla fine della partita, pedoni e re tornano nella stessa casella.

Que surreal pensar que Rafael Laurent já foi um peão. Talvez isso tenha acontecido na infância? Não sei.

Quando estou prestes a beber o primeiro gole do vinho sou agarrado pelo pescoço. Um braço enorme ficou envolto do meu pescoço de repente e arroxou, me privando de ar. A minha primeira reação foi largar a taça que se estilhaçou perto do balcão. Minha segunda reação foi acertar meu cotovelo nas costelas do meu agressor, mas isso não ajudou tanto por isso lembrei que eu tinha que acertar minha nuca no seu nariz e foi o que fiz. Seu aperto afroxou um pouco, o suficiente para que eu conseguisse dobrar seu pulso e torcê-lo. Olhei para o rosto do homem, eu não o conheço, o que é bom porque assim posso machucá-lo sem sentir remorso. Ele, seja quem for, não era tão rápido. Tentou acertar um soco no meu rosto, especificamente no meu olho e errou. O que me deu chance para que eu acertasse um chute no seu queixo. Pelo menos eu não estou enferrujado.

O que aquele homem não tinha de velocidade compensava com a força. Ele me agarrou pela cintura e me fez bater nas prateleiras de bebida, tudo em que encostei quebrou. Como se eu fosse uma bomba. O barulho de vidro quebrando me fez ranger os dentes além da dor dos cortes com álcool em cima. Tentei não gritar, mas não adiantou.

- Gideon! - Olhei para a entrada do bar.

Meu irmão estava a porta. O homem enorme me largou e tentou correr.

- Pegue ele! - Gritei.

Ele agiu rápido. Se não fosse sério, a cena do meu irmão correndo e pulando nas costas daquele homem seria cômica. Fechei os olhos como se isso fosse amenizar a minha dor, foi então que ouvi o barulho de osso quebrando e mais um grito.
Decido me levantar. O balcão de madeira foi minha salvação para que eu não desabasse. Bem a tempo, vi meu irmão largar a perna do sujeito que ficou de um jeito estranho. Odeio ver ossos quebrando. Odeio.

- Você... Porra suas costas... tira a camisa.

- As... você tem que...

- O quê? Ei, fique com os olhos abertos. Gideon!

Era a dor na minha cabeça. A dor enorme estava me puxando. Quando bati nas prateleiras... Foi minha cabeça quem levou o maior impacto.


Minha Submissão | Série Irmãos Laurent-(Livro 4) (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora