Capítulo 42

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Rafael

- Do que você me chamou? - Pergunto contendo um sorriso malicioso. Meus lábios simplesmente não conseguiam se conter em fazer aquela provocação.

Eu poderia muito bem ter deixado Taiwan para lá, mas que graça isso teria? Vê-lo ficar vermelho por causa da minha pergunta me trás uma satisfação incrível.

- Eu te chamei pelo nome. Idiota.

- Você me chamou de Ed. - Ronrono de prazer. Aquelas sílabas me fizeram bem.

Taiwan saiu da sala pisando forte. Peguei meu celular no bolso para mandar uma mensagem para Gideon, mas meus planos não aconteceram como deveriam. Fiquei a maior parte do tempo escrevendo mensagens para pessoas do trabalho, para o gerente do Hot, para outras pessoas que estavam de serviço. Algumas notícias foram melhores que as outras, simplesmente.

Alguns minutos depois Taiwan aparece segurando a mochila de costas que chegou aqui. Não acredito que estou lidando com drama de um adolescente que nem é meu filho! Corro do sofá antes mesmo que ele consiga agarrar a maçaneta completamente. Seus dedos frágeis largaram a maçaneta no mesmo segundo. Foi como se a caça tivesse chegado ao ponto onde morre.

- Sai do meio.

- Não. Volte para guardar essa bolsa. A-go-ra.

- Você não manda em...

- Tem razão, não mando em você. Isso é trabalho dos seus pais, não meu. Estou fazendo um favor ao meu irmão e ao seu também. Então seja bonzinho.

- Eu também não sou seu cachorro! - Eu estava prevendo que ele tentaria passar por cima de mim com os ombros. Não consegui controlar meus instintos de treinamento; logo o prendi na parede ao lado da porta. - Ai! Sai...

- Para de ser uma criança birrenta. Aonde acha que vai chegar com isso? Só vai se dar mal.

- Você não me conhece.

- Eu uso essa frase e sei muito bem o que as pessoas que dizem ela sentem. Ou são. O que... O que você tem? - Não acredito que estou perguntando tal coisa. Eu realmente me importo?

Não importa. Tenho que fazê-lo se acalmar, ouvindo ou não ouvindo o importante é mantê-lo dentro de casa. William me mataria se eu desviasse da missão. Missão, é isso que essa situação está me parecendo.

- Você não se importa.

- Faça com que eu me importe. Se mostre digno da minha atenção. Não uma criança!

Com isso, Taiwan deu um suspiro exasperado sonoro o suficiente para que eu o largasse. A bolsa foi jogada no chão, seus passos o levaram até o sofá, com um baque surdo ele se jogou. Sua fala foi como uma narração interessante e algum livro.

- Eu nunca me permiti algumas coisas. Coisas que agora percebo que preciso. Não estou entendendo minha cabeça, não sei o que quero ou o que deixei de querer. Não sei se essa fala faz sentindo. Estou no escuro, isso é egoísta de se falar. Mas é verdade. Acho que só estou no mundo para dar peso a ele. O que eu sei fazer? O que eu tenho? Absolutamente nada. Ambas as perguntas se quer saber. Sou apenas uma pessoa que procura o que ser, o que quer, não interessa as dores sabe? Eu só quero ser importante.

- Não é isso que todo mundo quer? - Taiwan é esperto o suficiente para saber que esta é uma pergunta retórica. - Não apresse seu relógio. Você ainda vai fazer algo importante.

- Porque agora sou rico? Porque entrei na família mais popular? Não sei se...

- Não. Não é por isso. É porque você é inteligente, já era inteligente antes do dinheiro fazer parte da sua vida. Acontece com poucas pessoas, porque as que têm dinheiro na sua são burras. Faça algo... grandioso. Se torne digno da atenção dos outros.

- Como você fez?

Fico calado. Minha língua está dormente no céu da boca e de repente quero beber tanto ao ponto de saber a resposta para essa pergunta.

- Eu... Eu deixei de ser um peão. - Disse.

Taiwan franziu o cenho.
Eu tinha uma resposta mesmo sóbrio. Ela é boa o suficiente para ele. Tão boa que acredito que estou falando mais comigo do que com ele.

Às dez da noite liguei para William. Falei um pouco com ele sobre o irmão e garanti 21 vezes que o irmão dele estava bem. Depois William suspirou convencido e passou o telefone para Davi.

- Oi!

Ouvir a voz dele me deixa constrangido. Primeiro ponto eu odeio essa palavra, segundo ponto odeio me sentir assim, terceiro ponto eu odeio... Não estar constrangido na frente dele. Quando fico, ele não via. Agora ele vai saber sempre. A cirurgia já foi feita. O sentimento egoísta voltou.

- Oi. - Respondo o mais natural que consigo, mas quase engasguei com tanto egoísmo que contorcia na minha garganta.

- Não vou perguntar se Taiwan está bem, eu confio em você, Rafael. Então, quais são seus planos para amanhã?

- Trabalho. - Minto.

- Mentira! Nosso pai disse que você não vai ao escritório há dias! Um spoiler... Amanhã vai ter um jantar da premiação... enfim todos nós fizemos aquelas fotos para a revista... Não lembro o nome de qualquer jeito. Você vai.

- Não, eu não...

- Você vai. Mas por outro lado, eu não. Repouso, entende?

Quis socá-lo. Acho que acabei murmurando isso porque Davi começou a rir. O riso dele também me trazia algo parecido com que Gideon me trás. Não sei explicar tão bem o que sinto e isso vem se tornando um problema sério. Se não consigo formular as palavras que desejo então as pessoas nunca saberão que me importo. Mas ainda creio que ações valem mais do que palavras.

Fiquei conversando com Davi por mais meia hora. Em determinado momento um e-mail chegou para mim avisando do tal evento. Aliás, é o segundo e-mail já que eu ignorei o primeiro que chegou há um mês. Confirmei minha presença. Eu estava traçando um plano mas nada muito correto. Ainda haviam lacunas.

De meia noite resolvi ligar para Gideon. Ele não me atendeu então deixei uma mensagem. Não acho que ele ainda vá me responder por isso dormi depois que apertei em enviar.

Minha Submissão | Série Irmãos Laurent-(Livro 4) (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora