Capítulo 5

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Gideon

Entro na sala do meu chefe às sete e meia. Ele já estava lá, claro. Quando o vi, sem o terno e vestindo apenas uma camisa polo escura que destacava os músculos e calças, acho que quase não senti medo dele. Quase. O olhar dele ainda era o mesmo; feroz, desdenhoso, animalesco. Mas eu não conhecia todos os sentimentos humanos, ele poderia ter alguma simpatia ainda, só não sabia dizer o quanto.

- Sente-se e tire esse olhar de cachorro abandonado do rosto. - Essas foram as primeiras palavras dele quando me viu. 

Eu já não sabia mais se existia empatia naquele homem. 

Me sentei de frente à mesa. Esperei. 

- O que estou fazendo aqui? 

- Isso. - Ele estende um punhado de folhas brancas para mim, só uma delas não tem nada escrito. A letra não é feia, pelo contrário. 

- Que letra horrível. - Digo. Ele não vai saber que gostei da sua letra.

Ele murmurou alguma coisa do meu lado, não quis entender, talvez ele tenha me xingado. Fico encarando aqueles papéis no meu colo sem saber o que fazer, minha mente conseguia desvendar algumas palavras, mas não conseguia finalizar nenhuma das frases. O suor já brotava acima dos meus lábios, não queria ficar com dor de cabeça também.

- Não vou conseguir. 

Rafael Laurent sentou-se à mesa, demorou o olhar em mim como sempre acontecia, eu me pergunto se desse jeito ele consegue saber os meus segredos, os meus medos, meus desejos. Parece que sim, parece que desse jeito seus olhos conseguem enxergar até a minha alma. Talvez eu tenha um receio de ficar em uma sala só com ele. Não posso pensar no que poderíamos fazer aqui... Ele vai me ensinar a ler? Era isso? Mordi a língua para parar meu desejo de perguntar o objetivo, sei que não iria me contar mesmo se eu implorasse. Seus objetivos são deles e de ninguém mais. Os meus também.

O encaro. Ele não está brincando, mas também, quando está?

- Tente ler a primeira linha. 

- Isso foi uma ordem? - Questiono. 

Um sorriso selvagem brotou em seus lábios.

- Minha porta não está trancada, não faço disso uma prisão. 

Sarcasmo, sarcasmo. Sempre, sempre. Dou um suspiro derrotado e tento fazer o que ele disse/mandou. 

Vo... cê... Você... está... ex... 

- Extremamente. - Completa ele por mim. Mordo o lábio no mesmo minuto que um palavrão seria dito. Não posso xingá-lo. Pelo menos não em voz alta.

- Você está extremamente... hoje... Ah! Você está extremamente delicioso hoje? Foi isso que você escreveu? - Pergunto indignado demais. Sinto o fogo da vergonha na minha face.

Eu odeio quando ele sorri assim, tão convencido de si, como se estivesse sentado em um trono e não em uma cadeira de coro simples. 

- É verdade, não é?

Levantei-me da cadeira. Eu queria jogar aqueles papéis na cara dele. Porém, Rafael é muito mais letal, poderia me dominar com um balançar de braços.

Estava preparado para sair, era meu desejo não quero que meu chefe me veja com o rosto todo vermelho e sem saber que foi um momento engraçado, eu estava sorrindo quando toquei na maçaneta da porta, quando estava pronto para abri-la, ele surgiu na minha frente como um raio. 

- Você quer mesmo ser analfabeto? Os outros sabem?

- Não, você vai contar? - Escondida na pergunta estava uma pitada de desafio. 

Minha Submissão | Série Irmãos Laurent-(Livro 4) (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora