Gideon
Eu estava expirando forte, as lufadas de ar iam direto para o rosto de Taiwan. Era ele quem tinha visto tudo. Minha raiva desse momento, pelo que me deixei fazer, por meus pensamentos sobre o passado tomarem conta de mim quando eu devia ter mantido a calma, eu sempre mantenho a calma! Mas hoje tudo decidiu ser contra mim.
A bochecha direita dele está arranhada e sangrando, pequenos respingos de sangue que escorrem até o queixo. Estou agarrando a gola da sua camisa até que meus dedos fiquem brancos nas pontas, até que minhas unhas consigam furar o tecido.- O que você estava fazendo? - Perguntei. Como não recebi resposta o sacudi como um boneco de pano.
Desde o primeiro segundo em que pus meus olhos em Taiwan eu soube. Ele era como Rafael; medótico, dotado de uma esperteza impressionante mesmo com a juventude e os hormônios. Era esse o ponto em que eu queria chegar com Kien.
- Taiwan você não pode... você não vai contar nada a ninguém. Estamos entendidos?
- Quem diabos é você? Me solta. Por... Ai!
Pressionar sua bochecha machucada contra minhas unhas tinha o feito gritar de dor. Não podíamos ficar na rua, as pessoas estão começando a aparecer e mesmo que estejamos bem escondidos, alguém ainda podia observar. De novo.
- Vamos conversar. - Sibilei perto do seu rosto.
A casa de Rafael era aqui perto. Não há ninguém lá.
- Se correr - disse quando o larguei para andar - vai ser pior. Vamos.
Quando chegamos a casa eu já tinha me acalmado o suficiente para respirar fundo e pensar no que provavelmente diria a Taiwan que o faria calar a boca. Violência não ajudaria e não quero isso.
Sentamos no sofá e o silêncio reinou por tempo demais.- Quem é você? - Repetiu.
Estávamos afastados e mesmo assim eu conseguia sentir a tensão dele irradiando como algo quente demais, sufocante.
- Não importa. Você tem que ficar de boca fechada. Aquele cara... Ele também queria me machucar.
- Porque?
- Porque estou com Rafael. Só isso. Você sabe melhor do que eu que a família Laurent e influente tão quanto perigosa.
Taiwan podenrou em silêncio. Se concordava comigo, não disse nada. Um rubor subiu suas bochechas.
- Não acho certo isso. Você tem que contar. Will ele pode...
- Se você contar a seu irmão, ou a qualquer pessoa eu juro que conto que você anda se encontrando às escondidas com um outro homem. Como é o nome dele... Gerson? É isso ou estou errado?
O rubor sumiu dando lugar à palidez como de um cadáver. Taiwan tentou falar mas suas palavras ficaram tropecadas até a gagueira, sua melhor opção foi ficar calado. Ainda bem.
- Eu sei de muita coisa, Taiwan. Mas não estou aqui para machucar ninguém. Muito pelo contrário.
- Não acredito em você.
- Não me importo. Mantenha o bico fechado. Aquilo que você viu não vai acontecer de novo.
Por um momento achei que ele fosse te tentar correr de novo, seus dedos agarraram o sofá com força e seus joelhos ficaram tensos. Então ele expirou e soltou o ar com o máximo de força que conseguiu até assentir, concordando.
- Não vou contar nada. Você também não vai, não é?
- Prometo. Agora... Vá limpar sua bochecha, está sangrando.
Ele foi.
Me demorei a ir embora, parte de mim queria contar tudo a Taiwan mesmo que não pudesse. Ele merecia saber de algumas coisas, pelo menos as coisas pequenas. Mas mesmo as coisas pequenas poderiam colocá-lo em perigo mortal. Estou aqui para evitar isso.***
Às três da tarde fui encontrar Rafael. Nos encontramos no Gin's.
- O que você vai querer beber? - Perguntei.
- Qualquer coisa. Escute, estava pensando que deveríamos... conversar.
Conversar. O tom profundo que usou fez com que os pelos dos meus braços arrepiarem, fez com que meu coração trotasse. Eu estava colocando vinho em duas taças. Lhe entreguei uma e sentei ao seu lado.
- Conversar sobre o quê?
- Muitas coisas; mas principalmente sobre o futuro. O que você quer para o futuro?
- Ah. Bem... Não faço ideia. Talvez eu queria estudar, você sabe que sou péssimo. Depois, quem sabe, fazer uma faculdade. Engenharia? - Ri. Parecia bobeira pensar num futuro assim.
- Interessante. Quem sabe poderíamos trabalhar juntos em algumas questões como a escola. Gostaria de aprender espanhol?
- Sim! Você sabe...
- Italiano? Ou inglês?
- Quantas línguas você sabe falar? - Indaguei surpreso.
- Cinco. Inglês, português, italiano e francês.
Abri a boca em um perfeito O. Rafael riu e depois bebeu toda a taça de vinho em um só gole. Beberiquei meu vinho, fechando os olhos por alguns segundos para tentar imaginar um futuro onde eu estaria tomando vinho na França com Rafael, em algum cafézinho de esquina com cheiro de rosas no ar, com pássaros sobrevoando o céu a todo momento, o ar quente e ameno estaria perfeito para nós e as pessoas olharam para nós, elas nos invejariam. Eu gostaria de tentar imaginar tudo que eu puder viver ao lado desse homem mesmo que pareça distante e quase impossível.
Eu tinha uma atração inexplicável pelo impossível.
Quando abri os olhos percebi que estava sendo encarado.
- O que foi? - Corei inevitavelmente.
- Estou apenas te olhando. Não posso?
- Não desse jeito. - Me movo incomodado na cadeira do bar.
Rafael chegou mais perto, tocando no meu rosto, traçando uma linha invisível até meu peito que batia rápido e forte contra minhas costelas. eu só não conseguia saber se ele estava sendo carinhoso ou queria alguma coisa a mais. Seus carinhos me deixam mole, bambo, necessitado e me sentindo a pessoa mais sortuda.
- Desse jeito como? - Ele fez a pergunta contra meu pescoço, ia mordiscando devagar, dando beijos no mesmo lugar.
- Como se... - gemi - se continuar assim eu nunca vou responder. Você me olha como se soubesse todos os meus segredos.
Um segundo se passou, então dois, três.
Não escutei a resposta de Rafael. Neste exato segundo a prateleira à frente explodiu em cacos de vidro e bebidas no nossos rostos. Tentei olhar para trás, mas assim como Rafael fui pego de surpresa por trás. Minha cabeça bateu no balcão com força que me deixou zonzo. A bebida explodiu em dor nas minhas costas, ao meu lado ouvi Rafael gritar de dor por alguma razão. Algo bateu com força no chão antes que algo fosse colocado no meu rosto para que eu caísse na escuridão traiçoeira.Minha promessa silenciosa era de que eu ainda iria salvar Rafael.
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Minha Submissão | Série Irmãos Laurent-(Livro 4) (Romance Gay)
RomanceRafael Laurent é o mais novo, o mais sagaz e misterioso dos irmãos Laurent. Gideon veio de muito longe, deixou várias pessoas para trás e chegou para cumprir um objetivo difícil. Uma mistura de mistério, sexo, descobertas de sentimentos e loucura...