Capítulo 26

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Rafael

À noite eu entrei no Gin's. 

Passei direto para o balcão e encontrei Ed lá.

- Como vai Laurent?

- Perfeitamente bem e você? - Fora uma pergunta retórica, mas Ed a respondeu mesmo assim.

- Bem. Na verdade, um pouco confuso. 

- Eu deveria perguntar o porquê?

- Ouvi boatos sobre você há pouco. 

Claro que ouviu. Boatos rolavam soltos a qualquer hora do dia, sobre qualquer pessoa. Não me surpreende que Ed ouviu alguns sobre mim, mas era sempre curioso saber o que as pessoas estavam falando a seu respeito. 

- Sobre o quê? - Pergunto. 

Gideon está à direita, já tinha me visto, mas preferiu se fazer de desentendido e ignorou, mas isso não importava agora, ele estava nos meus planos para depois. Ed limpou a garganta antes de começar a falar.

- Ouvi dizer que finalmente se rendeu a alguém. - Ele aponta para Gideon - E que o levou... para casa. Ouvi muitas coisas, na verdade.

- Você escuta muito então. Nada disso é verdade. 

Ed me olha de modo questionador, mas eu o ignoro. Vejo Gideon concentrado no que quer que esteja fazendo, quando olho para Ed de novo, percebo que ele também observa Gideon com fascino. Me pergunto o que ele está pensando e de que modo está pensando. Sinto meu estômago dar voltas estranhas, me incomoda e penso que vou começar a vomitar. Não vomito, disso tenho certeza, mas falei algo que Ed se assustou. Não notei meus lábios se moverem.

- Você parece caidinho por ele, Rafael meu amigo.

- Cale a boca. 

- Não é verdade? 

Crispo meus punhos e tenho vontade de socá-lo com uma força indescritível. Porém, não posso fazer isso aqui, não agora. A fala dele me pôs para pensar enquanto o tempo passava: eu pedi, pela primeira vez, para transar com alguém. Com ele. Eu me vi interessado na vida de alguém. Na dele. Eu precisei controlar meu corpo, minha mente e minha curiosidade que me levavam somente a uma pessoa. Gideon. Isso quer dizer muita coisa, não posso ser imaturo e dizer que não. É a tremenda de uma merda. Minha mãe estaria dando pulinhos se pudesse ler meus pensamentos agora, meu pai... Na verdade, não posso dizer qual seria a expressão dele. Surpresa, talvez. 

Começo a explorar esse sentimento. 


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Gideon

Eu não queria explorar este sentimento. 

Continuo limpando os copos, mas parece que estou em outro mundo. O da minha cabeça, o que é pior ainda. Que droga! Porque não consigo tirar esse peso do meu peito? Sei qual o meu dever, tenho obrigações aqui e além disso, Rafael Laurent pode ter quem quiser porque escolheria logo a mim? Elias seria uma pessoa perfeita para ele, afinal, os dois tem aquela áurea vaidosa e orgulhosa. Se merecem. 

Mesmo que eu diga isso e possa afirmar com todas as letras, eu ainda sinto... algo. Ciúmes é um exagero, mas é quase isso. Minha nossa, eu odeio ser indeciso, conflituoso. Mas não posso parar de pensar o quanto é errado... E uma aventura. Quando resolvo olhá-lo, percebo que ele já me olhava. Isso dura cerca de (cinco) segundos antes de Ed nos interromper. Gosto de Ed, mas hoje queria que ele tivesse companhia. 

- Sim?

- Achei que fosse me ligar.

Enrubesço.

- Desculpe eu... Esqueci. 

Rafael me lança um olhar intimidador. Será que ele ainda não percebeu que isso não funciona tão bem comigo? Com outros pode até ser, mas comigo não. Encaro Ed e resolvo entrar em um jogo particular apenas para animar minha noite. 

- Posso te... recompensar? 

O rosto de Ed corou como um tomate. Aposto que nem ele estava esperando uma dessas! Ótimo! Me arrisco a olhar de canto de olho para Rafael Laurent e vejo que ele está tentando não voar no meu pescoço. Segura o copo de vidro com força, estou pronto para ouvir os cacos se espalhando pelo chão. Mas isso não acontece, ele parece relaxar de uma hora para outra e fico nervoso com isso. Eu não vou perder no meu próprio jogo! 

Acabo me entretendo com uma conversa com Ed, às vezes de costas para ele, às vezes de frente e o encarando. Quando alguns minutos se passaram vi que Rafael estava oferecendo um cartão roxo para Ed. 

Aquilo me pegou totalmente desprevenido, tanto que fiquei sem ação. 

- Vá para o quarto com Gideon de uma vez. - Rafael diz, sorrindo. Um sorriso que era puro desafio. 

Fico ainda mais nervoso. E com raiva. Posso eu, agora mesmo, pular no pescoço dele. Cretino! 

Ed pega o cartão com vergonha e aponta para mim. É um convite no meio de um desafio e se eu não aceitasse ambos, iria para o purgatório. Penso depressa.

- Porque não vamos nós três? - Pergunto. O desafio dobrou. 

Mas isso não pareceu afetar quem eu queria. Ed ficou tão envergonhado que se engasgou com a bebida, depois de uma crise de tosse ele devolveu o cartão para Rafael e disse que tinha um compromisso urgente. O cartão ficou como um demônio entre mim e meu chefe. É só isso que ele é. Meu chefe.

Volto ao meu serviço. 

Sou puxado pelo antebraço e de repente estou o encarando, perdendo todo o ar. A boca dele estava tão perto. 

- Ainda temos isso. 

O cartão, ele queria dizer. 

Começo a negar com a cabeça, mas sou impedido quando o aperto dele some e sua fala soa tão séria quanto excitada quando fala:

- Minha maior fantasia nesse momento é desenhar rotas no seu corpo com meus dentes. 

Por um segundo, só bastou isso. Um segundo. Foi preciso isso para eu dizer um não e logo em seguida um sim. Eu já estava entregue a ele, só faltava eu aceitar. 



***



Rafael me levou para a casa dele. É a minha segunda vez aqui, só que dessa vez estamos nos beijando, estamos sedentos e suados e estou indo em direção ao quarto dele. 


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[O PRÓXIMO CAPÍTULO TERÁ UM AVISO]


Minha Submissão | Série Irmãos Laurent-(Livro 4) (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora