Capítulo 34

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Rafael

O homem a minha frente é um completo desconhecido. Porém, eu conseguia identificar algumas coisas nele que não observei em mais ninguém, nem mesmo em Gideon. — Aquele homem tinha ganância, uma interessante ganância que eu sabia ser sombria.

Ele é alto, mas não muito. Olhos azuis. O pai de Gideon, então. Fico na minha esperando que eles se cumprimentem com um abraço, ou fizesse pelo menos um aceno ameno, mas isso não aconteceu. Então me lembro que nem todas as famílias são bem resolvidas, certo, a minha é uma exceção bastante atraente mesmo que eu a considere cafona. Gideon fica enraizado ao meu lado e mesmo que eu esteja tenso, ele também está. Não consigo definir o próximo passo dessa situação, eu sempre penso no próximo passo e não pensar me deixa nervoso e ansioso. Mas tenho que lembrar que, esta situação não me pertence, mesmo que eu a esteja presenciando.

O silêncio reina por mais alguns segundos, dez no total, antes que o pai de Gideon olhasse para a boate com um olhar admirado. Ele parecia tentado a entrar mesmo que não admitisse.

— Queria me apresentar, desculpe não ter feito. — O homem estendeu a mão.

Apertei a mão dele com firmeza. Suas mãos são ásperas, porém, grandes e bem-feitas.

— Sou Feliciano.

— Rafael Laurent.

Os olhos dele arregalaram-se em surpresa. Ele apertou ainda mais minha mão. O brilho pode ser identificado de longe: ganância. Ele olhou para Gideon e depois para mim e pude perceber o que se passava na sua cabeça, talvez ele ache que eu e seu filho temos algum envolvimento. O que não é o caso.

— O empresário multimilionário, dono de terras e que, dizem, tem dezena de automóveis?

Ri, modesto.

— Não tenho uma dezena de carros. Pelo menos, ainda não.

Feliciano riu. Uma risada amarga, porém animada demais para não ser verdadeira. Minha mente está confusa demais, pensando demais e assim consigo ver a enorme semelhança entre os dois, mas maiores são as diferenças. Meu cérebro dá um nó.

Olhei par Gideon de modo inquisitivo, se antes minha desconfiança por ele era média, agora ultrapassa limites.

— Não me disse ter um pai.

Ele corou e deu de ombros, parecia chateado demais para falar disso.

Deixei para lá, por enquanto.

— Você quer entrar?

— Você é o dono?

— O próprio. Vamos entrar.

***

O homem, pai de Gideon, bebeu cinco copos do melhor gin tônica que eu possuía, mas não posso reclamar afinal foi eu quem ofereci. Senti a necessidade de conseguir algo com aquele homem, a confiança, talvez. Por algum motivo é importante para mim e ter Gideon presenciando tudo de soslaio é ainda mais emocionante. Ele não conseguia parar de olhar: Quando seu pai e eu conversamos sobre ele era hilário, quando falávamos sobre o quanto o achamos meio sem-jeito, ele fica sem-jeito.

Em determinado momento recebi uma ligação e tive que me afastar. É Will. Não sei como conseguiu meu número.

— Sim?

— Rafael?

— O próprio. A não ser que tenha errado na lista.

O ouvi bufar. Não pude evitar um sorrisinho.

— O que quer?

— Preciso... Preciso de um favor.

— Interessante. — Passo a língua entre os lábios e espero que Will comece a falar.

Minha Submissão | Série Irmãos Laurent-(Livro 4) (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora