Capítulo 33

2.1K 250 17
                                    

Gideon

Meu coração estava disparado, mas ficou pior quando vi que Rafael estava ali. Me observando, ou melhor, me analisando. Ele tinha aquele olhar critico que pode ler sua alma, mesmo que eu saiba que isso só é ficção da minha cabeça. Rafael pode de fato fazer você se enrolar — literal e metaforicamente —, mas sempre havia um jeito de ter cuidado com tudo, principalmente com ele.

Continuei no balcão, o coração batendo forte no peito. Antes que ele chegasse até mim — Rafael parece colado ao chão, enraizado como aquelas árvores no final da rua, que já quebraram o chão com suas raízes —, eu recebi uma mensagem no celular. Duas, um segundo depois. Ambas de números desconhecidos.

A primeira mensagem que abri fez meu coração errar uma batida e o copo que estava na minha mão quase escorregou, senti meu rosto enrubescer e formigar de vergonha e raiva. Mostrava Elias e outros garotos juntos com Rafael na cama, e abaixo, mais uma mensagem de texto que dizia: ESTAMOS APROVEITANDO, E VOCÊ?

Aquilo em encheu de raiva e não pude evitar olhar para Rafael de novo, até que ele percebesse o quão raivoso eu estava. Não sei, só sinto que isso não deveria estar acontecendo, sempre fui apegado demais e não sei se quero parar de ser agora. Mas a maior pergunta é, será que Rafael Laurent está preparado para ter alguém apegado a ele e ele, a alguém?

Olho a outra mensagem depressa, antes que ele chegue até mim.

"Muito bem, Gideon, gostamos do seu excelente empenho, estamos bem satisfeito, se quiser outra ficha, estaremos preparados para você"

Não, eu não queria. Já basta o que eu tinha feito. Mas é trabalho e não posso negar que gostei, achei divertido no começo, mas agora a diversão se tornou outra.

— O que foi? — A voz de Rafael entra nos meus ouvidos de repente e me sinto envergonhado por estar lendo mensagens no trabalho.

— Nada. — Guardo o celular.

— O que você aprontou?

— C... Como assim? O que você andou fazendo?

Rafael é modesto até não ser mais, então dá de ombros e se nega a falar. Mesmo que esteja com um sorriso safado nos lábios e assim sei que ele está pensando em Elias e nos outros. Odeio está em uma competição por alguém, caramba, é tão complicado se decidir? Estou aqui, queria gritar, estou aqui Rafael Laurent então, porque você não enxerga que eu gosto de você e que eu quero ser totalmente seu assim como quero que você seja totalmente meu? É tão difícil formular as palavras corretar que parece que elas nem sequer existem. A confissão fica presa na minha garganta, me sufocando até quando decido engolir em seco.

Engulo o ciúme que mais parece com uma ancora na minha garganta; ele notaria, se é que já não notou e está se divertindo.

— Rafael?

— Quê?

— O que você andou fazendo? — Era o teste.

E ele falhou.

— Nada. — Respondeu, dando de ombros.

Fervi de raiva por dentro mesmo que por fora eu não demonstrasse isso. Sou bom em esconder meus sentimentos quando queria e por isso me odeio. As coisas não seriam mais fáceis se eu conseguisse falar tudo o que quero? O meu obstáculo é só a reação dele. — Ele com certeza iria rir de mim se eu demonstrasse meus sentimentos por ele, mesmo eu tendo feito tudo o que já fiz. Mas posso culpa-lo? Rafael não sabe de muita coisa como parece.

— Tem certeza de que você não andou por aí em uma cama? Com seis garotos?

Seus olhos verdes-azuis selvagens me olharam com fúria e nada mais, nenhum ressentimento ou culpa como imaginei. O que só queria comprovar ainda mais minha teoria de que Rafael Laurent não estava pronto para o que eu estava, e isso me machucava. Deixei aquele copo que limpei umas 50 vezes em menos de cinco minutos de lado e largo o pano no balcão. Arrodeio o balcão e vou em direção à saída do Gin's, pisando forte. Alcancei a parede antes que ele viesse atrás de mim.

— O que deu em você?

Era o momento, ninguém atrapalharia isso, ou algo como uma bala vinda do nada. Abri minha boca para falar que eu queria mesmo é ter algo a mais com ele além de sexo, será que ele conseguiria entender minha língua se eu falasse assim tão de repente? Não custa tentar.

— Rafael, eu quero que entenda que eu já... O que fiz não vem ao caso, o importante é que eu...

Calei-me. Atrás de Rafael está...

— Gideon? Gideon!

Rafael virou-se, surpreso por alguém me chamar tão abruptamente. Ficamos lado a lado e percebo como suas costas estão eretas, de como ele todo parece uma tabua de tão imóvel que está. Olho para o homem que é um pouco menor que Rafael, o homem tem tatuagens pelos braços e é um pouco calvo, mas nada que afete demais sua beleza. Ele tem barba e lábios bonitos, como na minha genética eu também tenho modéstia parte.

—Oi pai. — Digo, simplório.

Minha Submissão | Série Irmãos Laurent-(Livro 4) (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora