Capítulo 2

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Gideon Palasto

Olho para o homem dormindo na cama. Olho para o copo batizado ao lado dele. Havia diazepam naquele copo, remédio esse que ajudou esse homem a dormir antes que pudesse retirar suas calças. Fico olhando-o por um tempo, não sei se consigo me sentir bem pelo que fiz, mesmo estando em uma boate e sabendo que meu trabalho é fazer sexo com esses homens, simplesmente não consigo, me sinto errado. Sinto raiva e asco de mim mesmo. Mas o que fazer quando foge de casa por ter pais horríveis que te agrediam e ser negado por várias empresas porque você se quer sabe ler corretamente? Essa é minha história de vida. Não terminei o ensino fundamental, trabalhei para o meu pai durante o dia e durante a noite ajudava minha mãe no que podia, mas isso só quando meu pai dormia pois ele odiava que eu ajudasse em tarefas "de mulher".

Saio do quarto.
Verifico o corredor e quando não vejo ninguém perambulando por aí, vou para fora da boate e respiro ar puro. Puro entre várias aspas, o ar do campo é mil vezes melhor.

É o meu terceiro dia aqui.
O homem que me contratou é extremamente arrogante, ouvi rumores nos corredores dos garotos que já trabalham aqui durante um tempo que, o antigo dono era simpático, até bondoso, mas veio a falecer há meses e agora o tal de Dylan ou como chamam mais, Diabo, assumiu os negócios. Mas nem tudo acaba aí. Ele vendeu o lugar para outra pessoa que ninguém sabe quem é ainda, mas com certeza deve ser outro ignorante safado.
Outra pessoa abre a porta, o que me assusta e quando penso e correr para me esconder, já sou segurado pelo braço.

- Achei um ratinho fujão!

Olho para Diabo.
Não tento nem mesmo explicar. Estava mesmo tentando dar um tempo do trabalho, coisa que ele nem pensa. Olho para a cara do sujeito e espero que ele fale alguma coisa, seu olhar em mim demora de mais e me sinto nervoso.

- Cadê o sujeito que estava com você?

- Ele... Caiu no sono. Já terminei.

- É mesmo? - Ele pergunta sorrindo. - Mostra.

- O-o quê?

- O dinheiro. Ou você faz isso de graça?

Engulo em seco. Não há nenhum dinheiro nos meus bolsos. Penso rápido.

- Eu já disse, o sujeito caiu na cama, apagou e ainda não peguei a grana. Se liga.

Diabo aperta meu maxilar com força, sinto a ponta dos seus dedos nos meus dentes praticamente e minha nossa, dói bastante.

- Você é esperto Gaydon.

- Gideon. - Repito. - Esse é meu...

- Não me interesso. Fica pra limpar com os outros depois.

Diabo cospe na grama antes de sair batendo a porta. Tento respirar com mais calma, escuto os gritos dele vindo de dentro do Hot o que só me deixa com mais vontade de ficar do lado de fora. O movimento está fraco.
As pessoas estão passeando. São dez da noite.
Daqui a pouco irá lotar. Como sei disso? Simples. Não há nada que um homem pense mais do que sexo.

***

Minhas costas doem.
Terminei de limpar o chão há duas horas e tomei banho há meio hora, tento dormir há dez minutos e nada. Sinto apenas a dor nas costas, infernal.
Hoje é sexta-feira, um dos dias mais lotados, meu suprimento de diazepam está quase no fim e suspeito que há apenas uma dose para hoje. Não furtei aquele homem, tive que ficar sentado na cama ao lado dele enquanto ouvia-o roncar como um porco. Aproveitei e, sorrateiramente, peguei seu celular que não parava de apitar, usei sua digital para o desbloqueio e respondi às mensagens desesperadas da esposa dele.
" Onde você está? Arranjou o que com seus amigos? Seu safado! Se chegar em casa com cheiro de outra eu acabo com você! Esta avisado! Seu filho da mãe!"

Minha Submissão | Série Irmãos Laurent-(Livro 4) (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora