Capítulo 4

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Rafael Laurent

Me aproximo daquele garoto e pego no seu braço, tento não ser tão bruto; é difícil controlar a raiva depois daquela conversa e agora encontro ele não trabalhando. A música, a luz, as pessoas, tudo isso me atrapalha para dar uma bronca nele então o puxou para longe, não para a sala que estive, lá ainda é sufocante pelas lembranças. Não. O puxo para fora do lugar, saímos pela porta dos fundos, então o larguei quando tudo ficou para trás; a música, a luz, as pessoas.

- Porque, diabos, você não está trabalhando?

- Mas eu estava! - Defende-se.

- Desenhando!?

Gideon corou. Não sabia dizer se era de raiva ou vergonha. Ele largou-se de repente: sua testa franziu.

- Eu... Esqueça. Não quero esse emprego. - Disse, sua voz estava insegura, tremendo.

- Você não tem onde morar. Tem?

Lanço um sorrisinho de desdém.
Ele cora. De novo.
Relaxo os ombros em um suspiro desgostoso: fecho os olhos com força e passo a observar o garoto que mais parece querer me esganar, seria atraente se não estivesse com raiva dele.

- Qual... O 'diacho' do seu problema?

Franzo a boca.
Desejo beber algo.

- Não vou demitir você. Não sou um cretino... Neste nível.

Gideon abaixa a cabeça e parece pensar. Depois de um tempo, ele fala:

- Não sei ler.

A revelação me choca. Não sei dizer se ele está mentindo ou não; não estou nem aí agora, apenas bufo e digo:

- Então desenha para dizer?

- Exatamente. Eu não sei no que estava pensando quando aceitei esse negócio.

- Então quer voltar a ser garoto de programa?

Ele para e pensa. Também paro e penso, mas tenho a absoluta certeza de que não estamos pensando na mesma coisa. Estou olhando para as calças dele e pensando que, dizem que Deus é muito justo, mas neste fodido momento, a peça de roupa dele é muito mais. O momento que ele volta a falar parece uma eternidade, eu queria poder rasgar essa roupa do corpo dele e saber se a pele ficaria vermelha com tanta facilidade como ele cora.

- Não. Não quero voltar a ser garoto de programa. Quero continuar.

- Não vou facilitar seu trabalho.

- O... O que quer dizer?

A voz dele tremeu! Excitante.

- Passe na minha sala amanhã... Lá pelas sete da manhã.

- Cedo demais. - Escuto ele murmurar.

Saio dali sem falar mais nada. Eu sei que esse ato o deixa irritado. Entro na boate e assim que dou o primeiro passo para o bar vejo um grupo de colegas, cinco, um deles mais afastados que os outros.

- Olha aí o novo dono do lugar!

Cumprimento a todos eles.

- Posso garantir um dos seus garotos sem pagar não é? - Quem diz isso é Roland, um sujeito alto e barbudo.

- Você tem dinheiro suficiente para todos os garotos. - Replico e dou atenção ao homem atrás do balcão. - Uísque.Dosee dupla.

- Cara... Qual é a daquele ali? Parece só olhar pra gente.

Ele aponta para Elias. O sujeito não tira os olhos do grupo de homens ao meu lado e quase consigo saber o que se passa pela mente dele, neste exato momento; talvez ele veja outros homens como carteiras com pernas, talvez ele realmente queira fazer uma seleção abundante. Elias abre um mínimo sorriso quando percebe que está sendo encarado não só por mim, e novamente noto a beleza provocadora dele, uma chama perigosa.

Minha Submissão | Série Irmãos Laurent-(Livro 4) (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora