Capítulo 13

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Noemi

- Final de semana que vem as crianças  chegam. Vem jantar com a gente. Assim você conhece seus primos, querida.

- Na semana que vem estou te plantão, mas posso vir tomar almoçar - sorrio.

- Então faremos um almoço!

Sorrimos juntas.

- E sua vida, querida? Como foi?

- Minha vida? Bom, depois que a mamãe morreu, quando eu tinha 5 anos, a vovó e eu nos mudamos para um apartamento pequeno, e enquanto era apenas a vovó e eu, era tudo ótimo. Riamos muito, assistimos novelas juntas, ela me ensinou a tricotar, e fazíamos cachecóis para os moradores de rua. Depois eu entrei pra faculdade de Medicina, e por consequência, era um pouco mais difícil eu estar em casa e quando estava, estudava muito. Aí eu conheci um homem, me casei com ele, a minha avó morreu e então minha vida virou um inferno.

- O que inferno quer dizer, Noemi?

- Que eu era agredida fisicamente e psicologicamente. Todos os dias. Eu não tinha um dia de sossego. Ele controlava meus passos, minhas falas, meu vestir... Eu apanhava por motivos idiotas e que não tinham nada a ver.

- Ah, Noemi... - ela pega minha mão.

- Por um tempo eu achei que fosse morrer. Que quando eu menos imaginasse, eu iria morrer. Mas graças a Deus não foi assim, eu abri meus olhos antes que uma coisa pior viesse acontecer.

Sorrio.

- Encontrei pessoas boas. Amigos maravilhosa que me defenderão e eu só sou o que sou hoje porque eles me ajudaram, me ajudaram muito.

- O que aconteceu com esse homem?

- Nos divorciamos e ele foi embora. Mas eu precisei me recuperar do trauma que ele me causou. Foram meses buscando ajuda e eu consegui - sorrimos. - Consegui me tornar quem eu sempre sonhei, quem ele sempre dizia que não iria dar certo. Eu peguei toda a dor, todo o meu que ele me causou e transformei em força para me tornar a médica que sou hoje.

- E sabendo disso, eu estou muito, muito orgulhosa de você. E estou feliz em ser sua tia!

Ela me abraça, sorrio sentindo o abraço apertado da minha tia, e sinto suas mãos acariciar meu cabelo, imeditamante lembro da vovó, ela fazia exatamente isso quando me abraçava. Sinto algumas lágrimas se formarem em meus olhos, então nos afastamos, ela limpa as lágrimas que abandonaram meus olhos e sorrimos.

- Você merece todo o reconhecimento, todo esse sucesso. Porque além de vencer um obstáculo tão grande, você se dedicou a sua carreira e hoje, pelo que eu li, você é a melhor médica obstetra dessa cidade. E eu quero conhecer essas pessoas que te ajudaram, que lhe deram forças, que foram a sua família, aliás, que são a sua família.

- Eles são, são a minha família. Bom, agora a minha família cresceu... Eu, eu posso te chamar de tia?

- Mas é claro que sim, querida! Me chama de tia, de titia, de tia Manu... Eu sou a sua tia! E eu quero recuperar todo o tempo perdido.

- Bom, eu tenho muitos plantões, mas sempre que eu puder, venho ver a senhora e quando a senhora quiser, pode ir me visitar.

- Saiba que as portas dessa fazenda vão estar sempre, sempre aberta para você, querida. Aqui também é sua casa, está bem?

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