Prólogo

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Noemi

Meu rosto e meu corpo inteiro estava dolorido, senti meus pulsos arder por causa da corda que há pouco, me amarrava impedindo de fazer qualquer coisa.
Jorge chegou há algumas horas, me desamarrou e saiu mais uma vez, trancando a porta de casa.
Valentina me ligou mais de duas vezes, não contei ao todo, mas sei que deve estar preocupada. Meu celular está trancado no escritório de Jorge, e ele levou a chave com ele.
Me sinto a mulher mais idiota de todo o mundo, me sinto sozinha, desprotegida, desamparada e não há nada que eu possa fazer para me livrar de toda essa maldita situação.
Casei com Jorge muito nova, e ele parecia ser um homem tão bom, depois de algum tempo, se tornou um monstro.
Não é apenas os tapas, os murros, os chutes ou a traição, são as palavras, a tortura psicológica que ele faz que me faz acreditar que eu nunca vou conseguir sair daqui, por mais que Valentina tente me mostrar que há como fugir, eu não vejo uma saída, eu olho para a opção fugir e imagino Jorge vindo atrás de mim e me obrigando a voltar.
Denunciar?
Bom, eu não tenho coragem. Isso me falta. Todas as vezes que estava prestes a fazer isso, quando olhei para o delegado me encarando como se tivesse coisas mais importantes para fazer, da minha boca não saia absolutamente nada.
Me encarei no espelho olhando cada mancha roxa no canto da minha boca e meus olhos. Amanheceu há algumas horas e Jorge não dormiu em casa, respiro fundo e então escuto duas batidas na porta do quarto, logo Liliane surge, ela sorri fraco e me entrega meu celular, sorrio.

- Obrigada, Lili!

- O patrão me pediu para te entregar.

- Ele chegou?

- Sim. Está no escritório dele.

Quando faço menção de dizer algo, Jorge surge no quarto, parece esconder algo, então ele pede para Lili nos deixar a sós, ela balança a cabeça assentindo e então sai do quarto fechando a porta.
Jorge me olha, seu olhar está diferente do olhar de ontem, seu olhar duro e cheio de ódio, se transformou em um olhar terno e carinhoso.

- Sabe que não gosto de te machucar... - ele diz colocando um tufo do meu cabelo atrás da minha orelha e acariciando as marcas roxas em meu rosto. - Mas você é teimosa que as vezes perco a paciência.

Fico em silêncio, apenas o olhando, então ele mostra o que estava escondendo, um buquê de flores. Jorge me entrega, as pego e após cheirar e sentir o suave perfume, sorrio.

- Saiba que você nunca vai encontrar alguém como eu... alguém que te ama como eu e que aceita você assim, do jeito que você é. Cheia de... Cheia de defeitos. Não vai encontrar alguém como eu está bem?

- Está bem...

- Te amo.

Jorge sorri e após se ajoelhar ficando da minha altura por estar sentada, ele sela seus lábios nos meus e sorri. Queria perguntar onde ele passou a noite, mas isso não vem ao caso, ele acabou de me dar lindas flores.

Estacionei meu carro no estacionamento da faculdade sorri assim que fitei Valentina ao lado de Pedro, ambos acenam para mim, também acena e após trancar meu carro, caminho até os dois.
Quando chego perto deles, abraço Valentina e depois abraço Pedro.

- Nem acredito que está acabando. Logo vamos estar fazendo residência.

- No mesmo hospital - digo rindo.

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