Capítulo 47

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Noemi

Entreguei um copo de café para dona Carolina, e me sentei no sofá do meu consultório ao lado dela novamente.
Estou em horário de almoço, e por mais que tenha feito planos de arrumar algumas coisas da viagem, preciso conversar com ela antes de qualquer coisa.
O tempo que namorei com o Felipe, me deu essa senhora de presente, e eu aprendi a amar e a ter um carinho grande por ela, e como mãe do netinho, ou da netinha, dela, eu me sinto no dever de explicar toda a situação.

- Mas e se ele souber onde você está?

- Ele não saberá. Quando conheci o Jorge, eu já morava bem longe da Vila. Eu não sabe muota coisa da minha família. Então, por lá, eu estarei segura. Não só eu, mas o bebê também.

Ela sorri.

- Eu gostaria de acompanhar sua gravidez, mas se essa é a sua decisão, eu apoio, querida!

- Não vou afastar a senhora e muito menos afastar o Felipe do bebê, pelo contrário, eu quero que vocês façam parte da vida dele, mas eu preciso desse tempo. Para minha segurança, e para o meu psicológico.

- Eu te entendo!

Sorrimos.

- Não sabe o quanto eu me decepcionei com o Felipe... Nunca imaginei que ele faria esse tipo de aposta. Mesmo ele explicando a situação, a bebida não é a culpada de tudo.

Balanço a cabeça assentindo.

- Mas isso não quer dizer que ele não te ame, querida...

- Dona Caro...

- Não, deixa eu falar, querida - ela me interrompe, balanço a cabeça assentindo. - Eu não passo a mão na cabeça dele, Felipe sabe o quanto estou brava, chateada e decepcionada com ele. Já dei uns bons gritos com ele. Mas independente disso, eu sei, do fundo do meu coração, que ele te ama! Não quero defender meu filho, pelo contrário, ele fez uma bela de uma cagada, mas eu conheço ele e sei quando ele está sendo sincero. E o sentimento dele por você, Noemi, é sincero! É verdadeiro! É único!

Sinto algumas lágrimas se formarem em meus olhos, assim que os abandona, rapidamente, a limpo.

- Eu disse uma vez que o destino uniu vocês dois, e eu tenho a total convicção disso. Mas nada na vida é tão fácil assim, e eu acredito, que essa distância servirá de aprendizado, não só para o Lipe, mas para você também.

Balanço a cabeça assentindo.

- Você está magoada.. Está decepcionada... Mas o amor, Noemi, o amor é muito mais do que qualquer sentimento ruim. Ele é forte! Poderoso! Capaz de destruir qualquer barreira. E eu acredito, que mesmo vocês estando distante, essa criança - ela coloca a mão em minha barriga. - Vai unir vocês novamente.

- Aí dona Carolina!

Nos abraçamos, dona Carolina acaricia minhas costas e quando nos afastamos, ela abre um sorriso largo.

- Eu vou ser vovó!

- A senhora vai ser vovó!

- Já está indo, doutora?

Íris pergunta adentrando ao consultório, balanço a cabeça assentindo e coloco meu jaleco no armário.

- Sim, Íris! Agora eu só volto daqui há 10 meses...

- Vou sentir saudades! A senhora é a melhor médica com quem trabalhei e nunca vou encontrar alguém como a senhora.

Sorrio e sinto meus olhos marejar.

- Não faz isso comigo!

- Obrigada por tudo - sua voz embarga.

- Para, Íris! Eu volto em poucos meses. Vai passar rápido. Não estou indo embora, estou tirando um sabático, ok?

Ela balança a cabeça assentindo e limpa suas lágrimas fugitivas.
Sorrio e a abraço, uma companheira e tanto essa garota, me ajuda e me ajudou em tantas coisas e eu só tenho a agradecer essa enfermeira chefe espetacular!

- E quando eu voltar, teremos um mascotinho na obstetrícia - falo quando nos afastamos e colocando a mão em minha barriga.

- Que seja uma gestação tranquila! E estarei ansiosa para conhecer o bebê.

Quando faço menção de responder, fito Pedro e Valentina na porta, sorrio percebendo que já está na hora.
Abraço Íris mais uma vez e pego minha bolsa, me despeço de todos do andar da obstetrícia e saio do hospital rumo a meu novo destino.
Assim que chegamos no estacionamento, Pedro coloca minha mala no porta malas e quando ele abre a porta, sorrio agradecendo, olho para trás olhando o enorme prédio chamado Hospital Parker e sinto que um sonho se realizou por muito tempo aqui, e agora, um novo sonho iria começar, uma gestação sonhada, uma gestação desejada, uma gestação!
Venha, meu bebê!
A mamãe está preparada para viver cada segundo dessa gestação com você, me perdoe por não lhe dar seu pai nesse momento, perdoe...
Quando faço menção de entrar no carro, fito Felipe parado na porta do hospital, olhando para mim e posso ver algumas lágrimas rolarem por suas bochechas, respiro fundo e salto para dentro do carro, não demora muito e Pedro fecha a porta e salta para dentro, ele é Valentina se viram para me olhar, limpo minhas lágrimas.

- Tudo bem?

Os dois perguntam.

- Tudo bem... Vamos gente, senão eu perco o avião.

- Ok! Ok!

Pedro da partida no carro, logo saímos da frente do hospital e quando me viro, Felipe continua da mesma forma, parado, olhando...
O amo como nunca amei ninguém e viver esse momento, essa separação, acaba comigo e tenho certeza que acaba com ele.
Mas a mágoa que toda aquela situação causou em mim, é maior do que qualquer outra coisa.
A humilhação ao ler aquela carta e olhar para aquelas caixas de cerveja, é maior do que qualquer outra coisa.
A dor de saber que tudo não passou de uma aposta, é maior do que qualquer outra coisa.
Como dizia minha avó:
O melhor remédio para as dores da vida é o tempo... tempo... tempo... tempo...

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Acabamos de entrar nos últimos capítulos!

Até logo!

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