Capítulo 20

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Felipe

Quando uma criança morre, o mundo se torna mais sombrio e sem cor.
As crianças tem um jeitinho puro e especial que transmite uma alegria e uma esperança gigantesca.
Paulinha morreu e com ela, foi a felicidade de uma mãe, que vivia para cuidar da sua filha.
Quando falei para minha mãe sobre como a Paulinha era e sobre a descoberta do câncer, tudo que ela disse foi:
"Não se apegue a pacientes, filho! Sei o quanto é difícil, somos pessoas, com sentimentos, mas por favor, não se apegue..."
Talvez se eu tivesse escutado, mas foi completamente impossível, ela mereceu o meu carinho gratuitamente.

- Ela tinha uma vida inteira pela frente... Era só uma criança.

Digo e sinto os dedos de Noemi acariciar meu cabelo, estamos no consultório dela, e estou deitado em seu colo, recebendo conforto.

- Eu não a conheci direito, mas pelo que ouvi, ela era uma menina espetacular.

- Ela era! Era sim. Amava gelatina e tinha uma voz doce que embalava o coração de qualquer um - sorrio.

- Não é fácil perder alguém... É uma dor que vai fundo na alma e que parece rasgar cada centímetro do coração. Eu só espero que a mãe dela fique bem, a dor que ela está sentindo é imensurável.

Balanço a cabeça assentindo.
O telefone do consultório começa a tocar, levanto deixando que Noemi levante para atender o mesmo.
Não demora muito ela atende, e depois de alguns segundos, desliga e me encara com uma expressão de decepção, dizendo:

- Eu tenho uma emergência...

- Tudo bem! Vai lá! Eu estou bem. Também vou trabalhar.

- Tem certeza?

- Tenho!

Sorrimos.

- Eu te procuro depois, ok?

Balanço a cabeça assentindo, e levanto do sofá arrumando meu crachá no uniforme.
Então Noemi sela seus lábios em minha bochecha, sorrimos e a envolve em um abraço apertado e cheio de carinho e apoio, quando nos afastamos, beijo sua testa.

- Até mais, Lipe!

- Ate mais!

- Fiquei sabendo que a sua paciente da pediatria faleceu... Está tudo bem, cara?

William pergunta colocando sua bandeja com seu almoço na mesa em que estou almoçando.
Balanço a cabeça assentindo e ele senta, após dar dois tapas em meu ombro, dando seu apoio.

- Sinto muito! Ela era muito legal! Tinha uma vida longa pela frente.

- Sim!

- Vai ao enterro?

- Ainda não sei... Não sei se essa é a última lembrança que quero ter da Paulinha. E além do mais, eu estou de plantão hoje, então, vai ser ruim.

Will balança a cabeça assentindo.

- Posso fazer uma pergunta?

- Já está fazendo, né!

- Está gostando da doutora?

Reviro os olhos.

- Não. Porque se você estiver gostando dela, a gente esquece essa aposta! Esquecemos! Seus sentimentos são os que, os que mais importa, amigo!

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