Capítulo especial - COVID-19

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Maio de 2020

Noemi

Todos os dias, médicos e enfermeiros passam por situações com seus pacientes de extrema importância. Compartilhamos com nossos pacientes, momentos de grande tristeza, de grande dor, de lágrimas de medo, desespero e ao mesmo tempo, momentos de grande alegria quando vemos o paciente melhorando e recebendo alta.
Mas dentro todos esses momentos, nunca poderíamos imaginar que uma pandemia iria atingir o mundo inteiro e viveríamos dores gigantescas.
Mãos atadas, um vírus desconhecido, que chega sorrateiro e nos tira quem mais amamos, sem pensar duas vezes.

- Estamos com saudades, mamãe!

- Também estou, meu amorzinho! Morrendo de saudades do cheirinho de vocês. A mamãe promete que quando tudo isso acabar, vamos ficar juntinhos, eu, você, o Tor e o papai.

Sorrio vendo Vitória pela tela do celular.

- Eu queria ver o papai... Posso ver ele, mamãe?

Vitória abre um sorriso largo, sinto um bolo se formar em minha garganta e lágrimas se formar em meus olhos, respiro fundo.

- O filha, - minha voz embarga. - o papai não, ela não pode atender agora... Ele está ocupado. Mas a mamãe promete que assim que ele puder, eu dou o celular pra ele falar com você.

Ela balança a cabeça assentindo, parece chateada com isso.

- Agora me diz, você está obedecendo a vovó? Estão quietinhos em casa?

- Sim, mamãe! A gente fica assistindo desenho e a vovó faz comida muito gostosa pra gente. Mas o Totor fica cholando, e a vovó fala pra ele que a senhola e o papai vão vim, mas ele não acredita...

Respiro fundo.

- Que tal a mocinha ir pegar uns desenhos pra gente assistir enquanto a vovó fala com a mamãe?

- bom, vovó! Tchau mamãe, até mais logo!

- Até mais logo, filha!

Sorrio e quando Vitória sai do vídeo, começo a chorar, um choro sentido, cheio de dor e de medo.
Quando consigo me acalmar, limpo minhas lágrimas e respiro fundo.

- Está sendo difícil, querida...

- Cadê o Totor?

- Ele está dormindo... Chorou um pouco, mas acabou dormindo.

- Eu sinto tanta saudade deles. Sinto falta de abraçar, beijar, de dizer o quanto amo eles de pertinho. Eu não aguento mais ficar longe deles.

- Eu posso imaginar o tamanho da sua dor, querida... - ela respira fundo. - Não é a saudade dos filhos, mas toda a situação no hospital e mais com o Felipe... E você tem notícias dele?

- Ele continua do mesmo jeito...

- Você consegue ver ele?

- Com as roupas especiais, eu consigo sim! Ele não fala ppor estar entubado, mas eu consigo falar com ele e peço para ele voltar para nós todos os dias.

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