Capítulo XLIV

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        CAPÍTULO XLIV

        ALEXANDRE

        Demorou ainda três dias para que ela acordasse. Eu não me lembrava de como era sentir tão inútil, impotente e vê-la daquele jeito. Ela havia voltado há alguns dias, mas todo o tempo longe dela tinha desaparecido.

        Enquanto ela ainda dormia aproveitei para conhecer meus filhos. Meus filhos. Essas palavras soavam doce nos meus lábios e eu não parava de sorrir. Os três estavam impertinentes e ainda se recusavam a se alimentar e praticamente não dormiam. Admito que não foi o começo da vida em família que eu imaginava, mas eu não me importava. Eu daria um jeito.

       Nós íamos sair do hospital com eles, mas com Sofia ainda hospitalizada, não tínhamos como sair e deixa-la ali, eu não conseguiria me separar de nenhum deles.

        - Alexandre, se as crianças não começarem a mamar, os médicos vão querer entrar com soro, eles estão perdendo peso.

        Andei de um lado para o outro tentando pensar, mas eles choravam tão alto que as vezes ficava difícil de pensar.

       Por onde eu começo, meu Deus! Chamei todos os médicos, e pedi a Augusto que trouxesse especialistas para falarmos do quadro de Sofia e 'para tentar entender o que meus bebes tinham.

      - Então você precisa ligar para Débora

       - Quem é Débora?

       - É a medica que cuidou deles. É uma amiga de Rodrigo que virou amiga dela. - a ideia de qualquer pessoa relacionada a Rodrigo realmente me incomodou. Eu não queria que ele tivesse mais nada a ver com a vida da minha família. Tentei evitar isso ao máximo, mas os médicos que chamei queriam falar com ela.

       Depois de um tempo em que eles me explicaram o caso dela, em que a tal da Débora falou conosco por chamada de vídeo, depois de pedir que eles explicassem mais de uma vez, eu comecei a entender.

       O quadro dela não era tão grave, ela estava estável e no momento não corria risco de morte, não entanto ela era cardíaca e requereria cuidados. Tais como cuidados com a alimentação, exercícios físicos e manter o stress sobre controle. Ela iria acordar quando estivesse pronta. Ela não estava em coma, ela estava dormindo porque era o tempo que o corpo dela levaria para assimilar tudo.

       Essa tal médica dela era jovem, e não me inspirou confiança, mas notei que ela falava com carinho e parecia bem competente, me esclarecendo todas as dúvidas.

       - E sobre os bebes?

        - Como meus afilhados estão?

       - Afilhados?

        - Sim, eles tinham uma vida antes de você aparecer - ponto para ela que se controlou tanto antes da primeira alfinetada.

        - Meus filhos estão bem. Clinicamente falando, mas não querem comer e só choram.

        - Eles estão com saudade da mãe.

       Parei para pensar um pouco sobre isso, uma das enfermeiras já tinha insinuado isso.

       - Ela fazia praticamente tudo com eles. Eles ficavam juntos o tempo todo. Eles estão num ambiente novo, com pessoas que não conhecem e sem a mãe. Estão assustados. E se eles tiverem um por cento do terror de hospital que a mãe deles tem, devem estar apavorados.

        Eu ri, ela certamente conhecia Sofia, oh criatura teimosa!

       - Como você fez para mante-lá no hospital?

Eu te faço livreOnde histórias criam vida. Descubra agora