Capítulo XLVII

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         - você chamou Mendonza - perguntei a Augusto

         - achei melhor não, por enquanto. Ainda não tenho certeza da participação dele - eu quase pulei no pescoço dele, por mim, eu o picaria em mil pedaços, mas respirei fundo. Eu queria destruir aquele homem para sempre, e não apenas matá-lo.

        - qual a sua dúvida?

        - quem mais está com ele...

        - aqueles emails que eu te dei... você consegui rastrear?

         - Não.

         - bem, eu tenho um conhecido que acho que pode fazer isso... um hacker muito bom.

        - querida, nossos colaboradores já são os melhores... - Alexandre sorriu de forma condescendente

       - não vamos perder nada em chamá-lo. Eu quero a cabeça do Mendonza numa estaca.

        - ligue para ele então - Alexandre percebeu meu tom sério.

       - vou entrar em contato com ele, mas não tenho o telefone dele.

        Augusto estranhou, mas concordou.

        - o que mais?

        - Nós temos nossos containers roubados, desde a situação no Chile, depois disso, três caporegimes foram presos. Ainda tem a pessoa que estava drogando Sofia... que forjou os exames... Algumas contas nossas foram congeladas... - Alexandre não estava a par de tudo, ele ficou apreensivo. - honeStamente, não tenho certeza se ela está realmente segura aqui.

         Quando Augusto disse aquilo, Alexandre quem quase voou em cima dele. Acho que ele tinha medo que eu optasse por ir embora. Ele se virou diretamente para mim, nem respondeu Augusto.

         - Eu não vou deixar nada acontecer a vocês.

        - espero mesmo que não. Minha paciência já chegou ao limite. - virei me para Augusto - me empreste seu celular, por favor.

       - posso providenciar um se quiser.

      - Está tudo bem. Eu fiquei bem sem nenhum todo esse tempo...

       - então foi por isso que não te achamos...

       - por ai

       - seu celular, email, conta bancária, sem nada. Mas só consegui fazer isso porque Rodrigo me ajudou. - eu falei aquilo só para irritar Alexandre, não sei nem porque.

       - e eu terei uma dívida de gratidão com ele, mas se ele tiver alguma coisa a ver com tudo isso...

        Eu não disse nada, apenas concordei. Se Rodrigo sabia das consequências, caso ele tivesse algo a ver com isso tudo, o que eu duvidava.

        Enquanto eles repassaram algumas informações técnicas, eu criei uma conta de email e mandei email para uma pessoa que eu não tinha contato ha cinco anos.

       Há cinco anos, eu ainda era policial quando conheci um jovem que me ajudou muito a trabalhar numa investigação de pedofilia.

       Ele tinha descoberto que não só seu pai traia a mãe, mas era um pedofilo, e ele só descobriu isso porque a namoradinha dele teve seus nudes vazados. E uma coisa leva a outra. Nós nos conhecemos, criamos um certo vínculo de confiança e graças a essa parceria, treze pessoas foram presas, inclusive o pai dele. Coisa que a mãe dele não sabia.

       Em quarenta minutos, o telefone de Augusto tocou, era um número restrito. Eu já tinha devolvido o aparelho para ele, Augusto olhou para tela, estranhou e não iria atender.

       - Atenda, é para mim. - os dois me olharam intrigados.

      - Ciao

      - ah... Sofia? - ele me entregou o telefone

      - Talvez a linha não seja segura.

       - sempre preocupada comigo - a voz do outro lado da linha gargalhou

       - você demorou. Acho que está perdendo o jeito.

       - Na verdade, fiquei um pouco... intrigado... quando vi de quem era a linha. Está com problemas?

       - Sim, preciso da sua ajuda.

      - você desapareceu, fiquei preocupado.

      - sinto muito te deixar preocupado, não foi a intenção. As coisas se complicaram.

       - o que posso fazer para te ajudar?

      - Para começar, quero saber quem são os donos de alguns emails, pode ver para mim?

      - Claro, me mande o que tiver.

       - Ciao

      - Não suma.

      - Não vou.

      E ele desligou. Eu tirei algumas fotos dos emails que Augusto tinha impresso e montado uma pasta. Faltou ele colocar uma etiqueta na pasta "traidores"

      Ele ficou preocupado com o fato de eu mandar fotos para quem ele não sabia quem era, e eu tentei tranquiliza-lo.

       - calma rapazes, é um amigo. Ele é um excelente hacker que me ajudou a derrubar uma pequena rede de pedófilos e deu pistas para uma rede internacional. Nós sempre mantivemos contato depois de isso, exceto quando eu vim para cá. Eu confio muito nele. Muito mesmo.

       - se você confia tudo bem - Alexandre se antecipou. Puxa saco!

       - Pedi a ele que analisasse os emails, quero ter certeza, mas acho que foi Mendonza quem encomendou meu sequestro.

       -Como assim, não foi o pai dele?

       - Carlos aproveitou a oportunidade e tirou vantagem, mas pelos emails dá pra ver que houve mais alguém.

       Um dos seguranças avisou que Mendonza tinha chegado.

      - Escutem bem, me dê a pasta e seu celular. Por enquanto, não quero que vocês façam nada com ele, precisamos ter certeza se ele é o único traidor. - Augusto disse.

       - na famiglia, quem trai, recebe a morte - Alexandre disse firme.

      - eu sei, mas precisamos saber tudo.

       - eu posso faze-lo falar.

       - eu sei que pode querido, e vai chegar o momento disso, mas ele pode não falar tudo.

       - você pode mais usar mais daquele soro nele - eu ri

       - o soro não funciona bem assim

      - do que vocês estão falando?

       - Depois eu te conto. Eu vou sair daqui. Guarde bem essa pasta. E presuma que há grampos nas linhas telefônicas. Eu vou subir. Não sei se me controlo.

       - Talvez você deve ir também Alexandre.

       - o que? mas eu sou... - então ele se lembrou que não é um Don.

       - se você for apenas um pai de família agora, inofensivo, não tem porque ele te temer.

       - mas...

        - nós precisamos ganhar tempo amore

         Então Alexandre entendeu. Augusto era o Don, e certamente já havia um alvo sobre ele, enquanto Alexandre e eu estávamos brincando de casinha, estávamos longe do alvo. É claro que não deixaríamos Augusto desprotegido, mas não sabíamos em quem podíamos confiar. Quanto menos suspeitas levantássemos, seria melhor. 

Eu te faço livreOnde histórias criam vida. Descubra agora